O primeiro dia de testes de pré-temporada da F1 no Barein
Pierre Gasly faz o tempo mais rápido com pneus macios e Sergio Perez é quem completa mais voltas. Pietro Fittipaldi vai à pista pela Haas
A temporada de 2022 da Fórmula 1 está cada vez mais perto. Nessa quinta-feira (10), tivemos o antepenúltimo dia de testes coletivos antes do primeiro Grande Prêmio do ano. Como não poderia deixar de ser, as equipes trouxeram novidades em relação aos testes de Barcelona, realizados duas semanas antes. O grande destaque do dia foi a Mercedes, que apareceu como uma lateral inovadora e bastante ousada, da qual falamos aqui.
Na pista, o que se viu foi o esperado de uma sessão de testes como essa: equipes buscando mais quilometragem do que performance pura. O porpoising, aquele efeito que faz o carro “quicar” em altas velocidades e gerou reclamações dos pilotos em Barcelona (leia aqui), continuou incomodando a maioria das equipes, que seguem testando soluções.
Quanto ao desempenho, apenas na hora final das oito de atividades que algum piloto tentou de fato andar mais rápido. E o único a calçar pneus C5, os mais macios da gama, e virar volta boa foi Pierre Gasly, da AlphaTauri. Com uma volta de 1min33s902 feita já ao cair da noite, o francês superou o tempo de Charles Leclerc, da Ferrari, que permanecia no topo da tabela desde a manhã, e se garantiu como o mais rápido do dia.
Carlos Sainz, que assumiu o volante da Ferrari no período da tarde, foi outro a superar Leclerc nos minutos finais e completou o top3 do dia. Os carros vermelhos fizeram seus melhores tempos com os pneus C3, os médios. Somados, os pilotos da Ferrari completaram 116 voltas, em mais um dia sólido do time, que já rodou de forma consistente em Barcelona.
Sérgio Perez, da Red Bull, ficou com o quarto tempo. Foi ele quem mais andou tanto na sessão matutina quanto na vespertina. Com 70 voltas de manhã e mais 68 à tarde, ele rodou, sozinho, mais que qualquer outra equipe. Talvez o cansaço justifique o erro bobo do mexicano já nos minutos finais do dia, quando rodou sozinho em baixa velocidade e acabou atolado na caixa de brita, o que provocou bandeira vermelha e o fim antecipado do teste.
Se a Red Bull usou bem o dia e acumulou bastante dados, a rival Mercedes não ficou muito atrás. Com Lewis Hamilton completando 62 voltas pela manhã e George Russell outras 60 na parte da tarde, a equipe prateada foi a segunda em quilometragem. O time aproveitou o tempo para testar diferentes soluções para o resfriamento da sua nova lateral sem sidepods. Desempenho ainda não foi o foco, com Russell em 9º e Hamilton em 11º, sempre com compostos C3.
A Alfa Romeo, que sofreu diversos problemas em Barcelona e teve pouco tempo de pista, finalmente conseguiu dar mais rodagem ao seu carro. Guanyu Zhou deu 54 voltas de manhã, e Valtteri Bottas completou mais 66 de tarde, fazendo do time o terceiro a mais andar.
A Williams teve um dia similar à AlphaTauri. Ambas optaram por trabalhar com apenas um piloto para os dois períodos, e os dois tiveram rodagem muito similar: Alex Albon deu 104 giros contra 103 de Gasly. Mas, enquanto Gasly calçou pneus C5 e foi o mais rápido, Albon usou o C4 e ficou com o 5º tempo do dia.
A Aston Martin não chegou às 100 voltas. Com as 39 de Sebastian Vettel pela manhã e as 50 de Lance Stroll de tarde, o time verde fechou o dia com 89 voltas. Stroll foi o responsável pela primeira bandeira vermelha do dia, quando um pedaço da grade de sensores de seu carro se soltou e deixou detritos pela pista.
O canadense protagonizou um lance curioso, quando “disputou posição” de forma ferrenha com Fernando Alonso no primeiro trecho da pista. A disputa faria um desavisado pensar que se tratava de uma corrida, e não um mero teste.
E, falando em Alonso, a Alpine rodou pouco no primeiro dia de atividades em Sakhir. Ocon deu 42 voltas pela manhã, enquanto Alonso não passou das 24 no período da tarde. Se serve de consolo, pelo menos o time anglo-francês conseguiu utilizar o DRS, algo que não havia feito em Barcelona.
Ainda menos que a Alpine, fez a McLaren. Daniel Ricciardo estava escalado para o dia, mas não se sentiu bem e cedeu o lugar para Lando Norris. E, para piorar, carro apresentou insistentes problemas nos freios - segundo o time, de difícil solução - o que limitou o tempo de pista. Norris rodou apenas 21 voltas de manhã e 29 de tarde, totalizando 50 voltas.
No fim da fila, tanto em quilometragem quanto em tempo de volta, ficou a Haas. O time americano, que foi o foco das atenções nos últimos dias, sofreu com um problema logístico e só conseguiu participar da sessão da tarde. Pietro Fittipaldi foi o responsável por conduzir o VF-22, e deu 47 giros. Número razoável para metade do dia, diga-se. Ele foi o único a fazer sua melhor volta com os pneus protótipos da Pirelli, que são produzidos em outra fábrica e servem como “backup”. Em condições normais, não devem ser usados na temporada.
A Haas solicitou uma sessão de teste adicional na manhã de domingo para compensar a perda da sessão matinal de hoje. A proposta, no entanto, foi vetada por outras equipes e o time terá que se virar com meio dia a menos. Na sexta (11), o novo-velho piloto da Haas, Kevin Magnussen, assume o volante. Pietro, para tristeza da torcida brasileira, volta à função de reserva da equipe.
Os testes do Barein seguem por mais dois dias. A Fórmula 1 continua no país do Oriente Médio para a primeira corrida do ano, que acontece já no próximo final de semana, com corrida em 20 de março.