Red Martin ou Green Bull? Mais uma história de cópia na F1
Copiar também é uma forma de desenvolver na F1. E a Aston Martin se "inspirou livremente" na Red Bull para trazer novidades para Barcelona
Ao longo da história da F1, vimos muita gente aplicar os lemas “nada se cria, tudo se copia” e “copia, mas não faz igual”. Podemos listar diversos exemplos aqui. E para o GP da Espanha, tivemos mais uma página sendo escrita neste campo.
Desde a pré-temporada, se falava que a Aston Martins já havia localizado que o AMR22 tinha problemas sérios na geração de pressão aerodinâmica e de arrasto excessivo. Com o regulamento novo, mesmo com o alto grau de definição dado pelas regras, vimos muitas interpretações diferentes pelas equipes (até falamos nisso aqui).
Só que copiar também é uma forma de desenvolvimento. Tanto que não são poucos que falavam (aqui também) que a tendencia futura é a convergência para conceitos que deram certo. E quem sabe indo até além do que foi concebida inicialmente. Mais uma vez a história se repetindo...
Voltando à Aston Martin. A equipe capitaneada por Andrew Green e Luca Furbatto procurou aperfeiçoar o AMR22 dentro das possibilidades do conceito original e das limitações de uso de túnel de vento e computadores. Não é tão fácil simplesmente copiar. Uma vez um conceito é estabelecido, a equipe se vê atrelada a ele. E uma parte dos analistas defendem que a Aston havia feito um carro mais básico para justamente partir para ajustes maiores posteriormente.
A equipe optou por mexer na posição dos radiadores, de modo a poder mudar o desenho das laterais. Desde o início do ano, o AMR22 era quem tinha a montagem mais convencional de refrigeração dos carros com motores Mercedes. A equipe tirou os radiadores de uma posição quase horizontal para uma mais inclinada. Isso permitiu a adoção de um desenho mais esculpido e semelhante ao da Red Bull RB18, como a foto inicial aqui mostra.
Este conceito deixa a lateral mais estreita (menos arrasto) e permite aumentar o direcionamento de ar por baixo da entrada de ar lateral, bem como para a parte traseira do carro, onde o braço da suspensão acaba por funcionar também como um gerador de pressão aerodinâmica.
Esta configuração também melhor o ar que passa pelo lado do carro, promovendo uma maior “selagem” do piso, aumentando a geração do efeito solo pelo assoalho. Já que as saias não são permitidas por regulamento, o povo da aerodinâmica usa os fluxos para fazer as vezes de limitadores para poder canalizar o ar por debaixo do carro.
A observar também como vai se comportar a refrigeração. A Aston usava grandes aberturas no alto da lateral, muito semelhantes as da Ferrari. Agora, passou a usar um esquema mais parecido com o da Mercedes, próximo ao apoio lateral do piloto.
O fato é que o AMR 22 ficou extremamente parecido com a Red Bull RB18 e já foi apelidada de Red Martin ou Green Bull. Pouco importa para eles: o que querem é um ganho de desempenho. E copiar é o modo mais fácil de fazer. Se vai dar certo, aí já é outro esquema.