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Sauber/Andretti: o sonho que não se realiza na F1

De “negócio quase fechado” a “não concretização”. Mais uma negociação que não se realiza na F1.

29 out 2021 - 14h50
(atualizado às 14h55)
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Michael Andretti tentou a compra da Sauber F1
Michael Andretti tentou a compra da Sauber F1
Foto: Andretti Autosport / Reprodução

A notícia que apareceu alguns meses atrás na imprensa americana acabou por causar um terremoto no meio do esporte a motor: Michael Andretti estaria negociando para comprar um time na F1.  

O fato todo tinha vários significados: mais um grupo americano entrando na categoria; o nome Andretti de volta após quase 30 anos e, para completar, seria a redenção do estadunidense, que saiu praticamente enxotado da F1 após 13 provas. Voltar como dono de time seria um desfecho digno de Hollywood. 

A compra da Sauber pela Andretti seria um movimento lógico por parte do time. Atualmente, a equipe tem um amplo ramo de atividades no esporte a motor: Formula Indy, Formula E, Formula Indy Lights, IMSA, Rallycross, Supercars (Austrália) e ExtremeE (em conjunto com a United Autosports de Zak Brown). Acrescentar a F1 a seu portfólio seria algo que levaria a Andretti a um patamar de gigante do automobilismo mundial. 

Tal movimento iria em linha com uma grande capitalização feita pela controladora do time no mercado financeiro no início do ano. Além disso, o que se diz é que haveria o apoio do Grupo 1001, uma forte empresa do ramo financeiro e que atualmente patrocina o time, mais especificamente o carro de Colton Herta na Fórmula Indy, através da marca Gainsbridge. 

De acordo com o que circulava, o foco ficou em três times: Haas, Williams e Sauber. As duas primeiras acabavam sendo escolhas um pouco óbvias. Ambas são controladas por americanos (A Dorilton Capital, atual dona da Williams, tem sede nos EUA) e já estavam na categoria. Partir do zero pareceu ser algo fora de cogitação por conta do grande investimento a ser feito (mesmo com a implantação do teto orçamentário), incluindo a recém-criada taxa de entrada de US$ 200 milhões para novatos. As conversas não foram à frente. Restou a Sauber. 

O time sediado na Suíça é controlado desde 2016 por um grupo comandado pelo bilionário sueco Finn Rausing, que veio com Marcus Ericsson. Desde quando entrou, o foco foi garantir as atividades e fazer crescer. A Sauber não é somente a F1, mas tem uma parte forte de prestação de serviços de engenharia. Para se ter ideia, hoje um dos principais túneis de vento do mundo está em Hinwill. O trabalho de desenvolvimento do novo regulamento da F1 foi realizado ali.  

O acordo com a Alfa Romeo também veio para ajudar a quitar dívidas com a Ferrari, além de tentar relançar a marca no segmento premium. Mas oficialmente, quem opera o time é a Sauber (tanto que a nomenclatura do carro ainda segue o padrão inicial, com o C de Christine, esposa de Peter Sauber). E os donos se lançaram nos últimos anos em um programa de desenvolvimento: novos equipamentos foram comprados, o número de funcionários foi aumentado. Mesmo assim, os resultados na pista não refletiram o trabalho feito. 

Colton Herta esteve envolvido nas especulações sobre a suposta compra da Sauber pela Andretti
Colton Herta esteve envolvido nas especulações sobre a suposta compra da Sauber pela Andretti
Foto: Colton Herta / Twitter

A Sauber, ao menos oficialmente, não estava à venda. Mas não podemos esquecer que a F1 é um grande negócio. E a vinda da Andretti faria um grande sentido para a Liberty e o nome pesa muito. Sem esquecer que Andretti e Alfa Romeo já estiveram juntos: Mario Andretti fez algumas corridas com a marca italiana no Mundial de Esporte Protótipos em 1974 e 1975 e correu a temporada de 81 pelo time, obtendo a 17ª posição. 

Com a possibilidade da vinda da Andretti, se discutiu imensamente a vinda de Colton Herta para o segundo posto da equipe. O jovem californiano seria o quadro melhor acabado para vender a F1 nos EUA. Embora seja um talento muito reconhecido na Indy e seu carro ser patrocinador pela empresa que seria o principal apoio para a aquisição do time, o que pegava era a questão da pontuação de Superlicença. Os últimos anos, incluindo já esta temporada, lhe davam 32 pontos. Um segundo lugar na Indy Lights em 2018 poderia lhe dar 12 pontos. Mas como a categoria teve um número reduzido de pilotos, poderiam ser considerados pelo menos 9 pontos numa hipótese bem otimista, de acordo com o regulamento da época.  

Mesmo com as regras atuais, para que pudesse requerer a Superlicença, teria que ter a aprovação da FIA. Aí, o lado político teria que entrar muito em ação. Até por isso mesmo, se cogitou a possibilidade de que Herta corresse o TL1 em Austin. Mas por conta da incerteza neste aspecto, o projeto não foi à frente. A edição italiana da Motorsport dá conta de que o americano chegou a ir fazer testes no simulador da Sauber na Suíça. 

Pois bem, tudo parecia ser lindo e maravilhoso. Mas os detalhes começaram a aparecer e complicar o horizonte. Muitos veículos deram o negócio como “fechado” e “iminente para ser anunciado”. Entretanto, uma série de dúvidas começaram a surgir: a Andretti compraria somente a operação de F1 ou toda a empresa? O acordo com a Alfa Romeo seria mantido ou não? 

De acordo com as mais diversas visões, o ponto que parece comum a todas é que não houve acordo dentro do grupo de investidores da Sauber quanto a vender ou não a equipe. E o preço que teria sido pedido era de 350 milhões de dólares por toda a operação, mais uma espécie de “garantia” de 250 milhões para manter tudo por 5 anos. Este seria o grande empecilho para o negócio. 

Sem contar que há uma questão meramente empresarial. Mesmo com toda a atuação, a aquisição da Sauber pela Andretti demandaria uma enorme energia para fazer funcionar. Os americanos conseguiriam se aproveitar da parte de engenharia para suas operações, mas a F1 talvez exigisse uma atenção enorme e faria talvez reduzir o escopo de atuação para que pudesse ter uma operação bem azeitada, que ficaria espalhada entre EUA e Suíça. 

Cabe agora ver quais são os próximos passos. A Andretti continuaria negociando com a Sauber? Os donos atuais da equipe aceitariam novas propostas? A Andretti consideraria novamente começar do zero? (O CEO da Alpine fez uma visita marota à sede da Andretti antes do GP dos EUA e os franceses estão loucos por um time B). A F1 é interessante de acompanhar até mesmo fora da pista. 

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