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Senna foi bicampeão da F1 num GP que durou exatos 364 dias

Há 30 anos, Ayrton Senna acelerou para tirar Alain Prost da pista, bateu por trás, vingou-se da punição de 1989 e faturou o bi na Fórmula 1

21 out 2020 - 12h15
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Senna fez a pole, mas Prost pulou na frente, como no GP de 364 dias atrás.
Senna fez a pole, mas Prost pulou na frente, como no GP de 364 dias atrás.
Foto: Divulgação

O Grande Prêmio do Japão de 1990 durou 364 dias. Ele começou exatamente após a 53ª volta do GP do Japão de 1989, no dia 22 de outubro, quando Ayrton Senna recebeu a bandeirada em 1º lugar com o McLaren Honda número 1, mas foi desclassificado por ter feito um corte de pista, após o acidente com Alain Prost, também da McLaren. Os dois haviam travado uma das mais espetaculares batalhas durante 46 voltas, até se chocarem numa tentativa de ultrapassagem de Senna. Exatamente 346 dias depois, no dia 21 de outubro de 1990, a corrida que tinha começado um ano antes terminou com a consagração de Ayrton Senna como bicampeão do mundo.

Assim como em 1989, Ayrton havia feito a pole position. Só que dessa vez seu rival estava com o carro número 1, da Ferrari, e ele tinha o 27 da McLaren Honda. Um ano antes, Prost aproveitou que largava do lado limpo da pista, o lado externo à primeira curva de Suzuka, e pulou na frente. Prost aparentemente escolheu uma relação de marchas mais curta e acelerava mais forte do que Senna nas saídas de curva. Quando o brasileiro chegava para ultrapassar, a reta já tinha acabado.

Ayrton acelerou o McLaren Honda e bateu de propósito na traseira da Ferrari de Alain.
Ayrton acelerou o McLaren Honda e bateu de propósito na traseira da Ferrari de Alain.
Foto: Divulgação

Em 1990, Ayrton tentou de todas as formas mudar o lado da pole position (mais tarde sua sugestão foi adotada). Mesmo assim, largou novamente na pole e no lado sujo da pista. Porém, ele não quis a repetição da perseguição a Prost. Assim que a Ferrari número 1 pulou na frente, Ayrton acelerou por dentro e bateu seu McLaren  de propósito na traseira de Alain. Os dois foram parar na brita. O campeonato mundial estava decidido. A corrida continuou, com erros de Gerhard Berger (McLaren) e Nigel Mansell (Ferrari), e acabou sendo ganha pela dupla de brasileiros da Benetton, Nelson Piquet e Roberto Moreno. 

Mas, para Ayrton Senna, o fim prematuro do GP de 1990 jamais foi considerado prematuro. O brasileiro ficou com a decisão de 1989 engasgada na garganta. Já no primeiro GP do ano, em Phoenix, nos EUA, quando o mundo se surpreendeu com a grande performance do novato Jean Alesi, da Tyrrell, Ayrton venceu a corrida, mas tinha cara de poucos amigos. Isso porque pouco antes de a temporada começar, ele foi obrigado a escrever uma carta cordial ao presidente da FISA, Jean Marie Balestre, para conseguir a superlicença e disputar a temporada.

Ayrton ganhou seis corridas no mundial de 1990 (EUA, Mônaco, Canadá, Alemanha, Bélgica e Itália). Mas só sentiu prazer verdadeiro naquela que não ganhou, que foi o Grande Prêmio do Japão, uma corrida que, para ele, durou exatos 364 dias. A telemetria da McLaren confirmou que Ayrton bateu acelerando, mas ele nunca admitiu isso publicamente. Nem precisava.

Fim de uma corrida que durou 364 dias: Senna estava vingado de Prost.
Fim de uma corrida que durou 364 dias: Senna estava vingado de Prost.
Foto: Divulgação
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