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Tem limite o teto orçamentário da Red Bull em 2022?

A Red Bull está na berlinda pelo seu desenvolvimento este ano, a despeito do teto orçamentário. Um caminho pode estar em sua estrutura

11 jun 2022 - 19h51
(atualizado em 13/6/2022 às 08h02)
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Red Bull trabalhando no carro de Verstappen em Baku
Red Bull trabalhando no carro de Verstappen em Baku
Foto: Red Bull Content Pool

Um assunto que está em discussão cada vez mais na F1 é a questão orçamentária. Com a redução do teto este ano em US$ 5 milhões em relação ao ano passado, todos se viram mais apertados neste campo. Com os aumentos de custos, muita gente reclama e até abordamos a pressão que alguns times têm feito neste aspecto no sentido de aumentar o teto(aqui).

Entretanto, este tema não é um consenso entre todos, já que temos times que funcionam normalmente perto do teto orçamentário. Mas os times maiores sim. Christian Horner, chefe da Red Bull, chegou a dizer que poderemos ter times que não conseguirão completar a temporada para não descumprir o teto.

Um ponto observado por alguns jornalistas que acompanham a F1 de perto é que os times ganharam um alívio no desembolso por conta da desvalorização do euro e da libra esterlina em relação ao dólar. A F1 paga a premiação em dólar e as moedas europeias tiveram uma desvalorização de cerca de 8% em relação a moeda americana desde o início do ano e isso daria um alívio nas finanças.

Mas cabe observar que é a própria Red Bull que anda na berlinda justamente por conta da sua acelerada ação no desenvolvimento do RB18B. Mattia Binotto, chefe da Ferrari, lançou algumas semanas atrás que os taurinos poderiam estar próximos do limite orçamentário e não poderiam mais mexer no carro. O montante para desenvolvimento não é divulgado, mas segundo Gunther Steiner, chefe da Haas, com base em valores levantados pelas equipes para estabelecimento dos limites, estaria em US$ 10 milhões.

O fato é que a Red Bull este ano talvez tenha, do ponto de vista das receitas, a situação mais tranquila de sua história. Se formos considerar os limites orçamentários e os valores obtidos com patrocínios e premiações, os taurinos estariam correndo praticamente sem ter desembolso da empresa de energéticos (falamos disso aqui).

Não se confirma, mas o que já circulou na imprensa europeia é que a FIA tem 5 funcionários para tomar conta dos dados informados pelas equipes. O coordenador é um ex-funcionário da Alpha Tauri. Por mais que se tenha conhecimento e o apoio de empresas de auditoria, as soluções vão aparecendo. E sabemos que, quando querem, os times vão buscando os limites.

Em uma análise superficial, a Red Bull tem uma forma interessante de poder descarregar parte das despesas da F1 de outras formas. Uma visita ao site da Companies House, um órgão do governo britânico que reúne as informações legais das empresas do Reino Unido, dá algumas pistas (ver aqui). Lembrando que, das atuais 10 equipes, somente Ferrari e Sauber não tem dados neste site (a Alpha Tauri tem formalmente sua sede na Itália, mas apresenta seus balanços no Reino Unido por ter uma filial na Inglaterra. A Haas apresenta seus dados parcialmente, já que tem uma filial na Itália e a administração nos EUA).

Ao buscar os dados, percebemos que os últimos dados disponíveis da Red Bull são de 2020. E lá lemos que a Red Bull Racing é uma subsidiária da Red Bull Technology. Esta empresa tem como principal atividade “projetar, desenvolver e construir carros de F1.” E a sua principal subsidiária tem por objetivo “a administração de uma equipe de F1”.

A Red Bull Technology é 100% controlada pela Red Bull GmbH (austríaca), que também é dona da Alpha Tauri. Mas além de ter a Red Bull como subsidiária, ela tem outras ações como o desenvolvimento e fabricação do aeroscreen da Fórmula Indy, fabricação dos cones absorvedores de segurança das laterais da F1 e peças para a Alpha Tauri. E nesta época do balanço, também havia feito o desenvolvimento do Valkirie, hypercar da Aston Martin.

Embora o regulamento preveja que todos os gastos relevantes para operação e desenvolvimento sejam informados pelos times, mesmo que sejam feitos através de fornecedores e subsidiárias. A classificação deste tipo de gasto é complicada. Pegando o mesmo exemplo da Red Bull. Ela diz que gastou 220 milhões de libras em 2020. A Red Bull Technology informou um gasto consolidado de 255 milhões de libras em 2020, incorporando os custos da equipe de F1.

Extrato do balanço da Red Bull Racing de 2020
Extrato do balanço da Red Bull Racing de 2020
Foto: Red Bull / The Companies House
Extrato do balanço da Red Bull Technology de 2020
Extrato do balanço da Red Bull Technology de 2020
Foto: Red Bull / The Companies House

Desta forma, nesta confusão, a Red Bull Technology serviria para descarregar custos tanto da Red Bull como da Alpha Tauri (que declarou ter desembolsado em 2021 pouco mais de 25 milhões de euros com ela). Vários custos dos dois times em pessoal, fabricação e desenvolvimento podem ser alocados aqui e mesmo com a obrigatoriedade do regulamento podem ser retidos. E mesmo com todas as desconfianças, ficam no limite do estabelecido.

Extrato do relatório financeiro da Alpha Tauri 2021. Eis aqui os desembolsos da matriz da Red Bull e o desembolso para a parte de tecnologia
Extrato do relatório financeiro da Alpha Tauri 2021. Eis aqui os desembolsos da matriz da Red Bull e o desembolso para a parte de tecnologia
Foto: Alpha Tauri / The Companies House

A Mercedes tem sua unidade de engenharia especial; A Ferrari abriu uma “divisão de prestação de serviços” (onde a Haas é a principal cliente) e começou o processo do Hypercar para Le Mans; A Alpine também deve descarregar parte no projeto do WEC; a Haas se divide entre Reino Unido, Itália e EUA; A McLaren, embora a parte de corridas tenha formalmente se dividido do grupo, se aproveita de parte da estrutura. Cada uma busca suas maneiras de “descarregar” os custos.

Traremos aqui em breve outras curiosidades sobre como as equipes estão tratando seus gastos. Fiquem ligados.

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