Tudo que você precisar saber sobre a história da F1 em Ímola
Vitórias, rivalidades, acidentes, tragédias. A rica história da F1 em Ímola tem de tudo um pouco. Confira momentos mais marcantes
A Fórmula 1 se prepara para a terceira edição do Grande Prêmio da Emília-Romanha, que acontece no próximo domingo (24). Apesar do nome ainda não tão conhecido do GP, o circuito é um velho conhecido do mundo da F1: Autódromo Enzo & Dino Ferrari, em Ímola, na Itália.
Já são quatro décadas de F1 na pista italiana. A vasta história acumulada faz de Ímola um dos templos da Fórmula 1. E nós juntamos o que de mais importante aconteceu nesse período para te contar.
Mesma pista, vários GPs
Ímola estreou oficialmente na F1 recebendo o GP da Itália de 1980, em substituição à pista de Monza, que estava fechada para reformas. O circuito fez sucesso e os promotores deram um jeito de mantê-lo no calendário mesmo com a volta de Monza. A solução foi rebatizar a prova como GP de San Marino. O nome vinha “emprestado” do minúsculo país encrustado na Itália, a 100 km de Ímola. O evento aconteceu com esse nome de 1981 a 2006.
O retorno aconteceu só em 2020, e meio por acaso. Isso porque o calendário daquele ano foi refeito às pressas, quase integralmente na Europa, graças à pandemia do coronavírus. San Marino não quis se envolver na empreitada, e o apoio de autoridades locais fez com que a corrida recebesse o nome da província da Emília-Romanha. O evento tampão acabou agradando e o contrato foi estendido até 2025.
Em 1979, a pista ainda foi palco do GP Dino Ferrari, evento extraoficial que não contava pontos para o campeonato. Essa prova, vencida por Niki Lauda, credenciou o circuito para receber corridas oficiais a partir do ano seguinte.
Vitórias brasileiras
Os pilotos brasileiros são parte da história da Fórmula 1 em Ímola. Por motivos felizes e tristes. Comecemos pela parte boa.
As duas primeiras corridas oficiais realizadas na pista, em 1980 e 1981, foram vencidas por Nelson Piquet, então correndo pela Brabham. Ayrton Senna faturou uma a mais: 1988, 1989 e 1991. Senna, com três vitórias, é o segundo maior vencedor em Ímola, empatado com seu rival Alain Prost.
Berço de rivalidades 1 – Senna x Prost
Falando nisso, foi justamente em Ímola que a histórica rivalidade entre Senna e Prost começou, em 1989. O estopim foi uma ultrapassagem do brasileiro sobre o francês na segunda largada da prova. Prost diz que Senna descumpriu um acordo entre os dois ao ultrapassá-lo nessa largada. Já Senna alegava que o tal acordo valia só para a primeira largada.
Um não engoliu a versão do outro, e a relação entre os dois azedou, descambando para uma rivalidade acirrada. Sem clima na McLaren, Prost saiu da equipe rumo à Ferrari ao fim daquela temporada.
Berço de rivalidades 2 – Villeneuve x Pironi
História parecida aconteceu em 1982, quanto a então dupla da Ferrari, formada por Gilles Villeneuve e Didier Pironi, se desentendeu em Ímola. Villeneuve liderava com Pironi em 2º, ambos bem distantes do 3º. A Ferrari instruiu que seus pilotos diminuíssem o ritmo, ao que Villeneuve obedeceu. Mas Pironi passou o colega na volta final e venceu.
Foi de propósito ou Pironi não entendeu a mensagem? Não se sabe ao certo. Fato é que a rivalidade que se formou naquele exato momento tinha potencial para ser histórica, mas o destino não quis que durasse: Villeneuve veio a falecer já na corrida seguinte, na Bélgica. Pironi, por sua vez, sofreu acidente grave e encerrou a carreira ainda no mesmo ano.
A tragédia de 1994
Foi em Ímola que a Fórmula 1 perdeu um de seus grandes nomes. O acidente fatal de Ayrton Senna aconteceu lá, em 1994. O brasileiro perdeu controle do carro e bateu na curva Tamburello, quando liderava a 7ª volta da corrida.
No mesmo final de semana, outros acidentes aconteceram. No sábado, o austríaco Roland Ratzenberger também foi vítima fatal de uma batida, mas na curva Villeneuve. Já o também brasileiro Rubens Barrichello se feriu em batida violenta na Variante Bassa, na sexta-feira.
Histórico de acidentes
A curva Tamburello, que vitimou Senna, já havia sido palco de acidentes muito feios que, felizmente, não fizeram vítimas. Nelson Piquet (1987), Gehrard Berger (1989), Michelle Alboreto (1991) e Riccardo Patrese (1992) mostraram que a curva era bastante perigosa. Mas nada foi feito para mudá-la a tempo de evitar o pior.
Só depois da tragédia que medidas (tardias) foram tomadas. Tanto a curva Tamburello quanto a curva Villeneuve foram remodeladas já para 1995. Ambas deixaram de ser de trechos alta velocidade e passaram a ser de média. A Variante Bassa também foi remodelada para os anos seguintes, e hoje já não existe mais graças ao aumento da reta de largada.
Memorial e homenagens
Existe um memorial em homenagem a Ayrton Senna próximo à curva onde tudo aconteceu. O local se tornou um ponto de peregrinação para milhares de fãs do mundo inteiro, que vão ao até lá anualmente para lembrar do piloto brasileiro.
Há ainda outras homenagens a Senna pelo circuito: um grande mural pintado pelo artista brasileiro Kobra exibe o rosto do piloto na torre de controle da pista. O museu do autódromo também conta com itens que remetem a Senna. Esse ano, um carro com um pintura especial dedicada ao piloto brasileiro será exposto durante o fim de semana do Grande Prêmio.
O rei de Ímola
O fim de semana trágico de 1994 terminou com uma melancólica vitória de Michael Schumacher. Mas o que se via era o começo de uma era de glória para o piloto alemão. Ele viria a vencer outras seis vezes em Ímola, conquistando o recorde absoluto da pista com impressionantes sete vitórias.
Exceto a primeira, as outras seis vitórias de Schumacher foram conquistadas pilotando pela Ferrari, levando os tifosi à loucura. Maranello, sede da equipe vermelha, fica a apenas 80 km de Ímola.
Vitória sob luto
A mais emblemática vitória do alemão em Ímola, certamente, foi a de 2003. Horas antes da corrida, Elisabeth, mãe de Michael e Ralf Schumacher, faleceu. Os dois voaram até a Alemanha às pressas para as últimas homenagens à mãe e voltaram à Itália a tempo de participar da corrida. Os dois largaram da primeira fila.
Apesar de enlutados, os irmãos mantiveram a concentração e correram com vigor. Os dois chegaram perto de bater roda na acirrada largada, com Ralf passando Michael para assumir a ponta. Ao fim da prova, foi Michael quem venceu, com seu irmão sendo 5º. Assim que acabou a cerimônia de premiação, ambos voaram novamente à Alemanha para ficar com a família.
Schumacher x Alonso
O último triunfo no palco italiano, em 2006, foi decidido no finalzinho. O interminável Fernando Alonso tentou até os metros finais, mas não conseguiu passar Schumi. Foi o troco do ano anterior: em 2005, o que se viu foi um final de prova com Alonso trancando a porta e Schumacher desesperado tentando a ultrapassagem.
Hamilton 1 x 1 Verstappen
Desde o retorno de Ímola à F1, em 2020, quem venceu na pista se sagrou campeão.
Em 2020, a vitória ficou com Lewis Hamilton. Ele era 3º, atrás de Valtteri Bottas e Max Verstappen, quando fez uma parada sob safety car virtual e pulou para 1º. Verstappen bem que tentou caçá-lo, mas sofreu um estouro de pneus e abandonou.
Já em 2021, foi a vez de Verstappen. Com pista úmida, holandês pulou de 3º para 1º logo na largada e de lá não mais saiu. Hamilton errou pouco antes da metade da prova e caiu de 2º para 9º, mas conseguiu se recuperar e voltar ao 2º lugar.