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Verstappen, aproveite 2021 e faça um intensivão de Hamilton

Max Verstappen, que sempre foi rápido, torna-se cada vez mais maduro e tem a chance de evoluir ainda mais no confronto com o inglês

13 mai 2021 - 13h34
(atualizado em 14/5/2021 às 10h41)
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Red Bull de Verstappen à frente da Mercedes de Hamilton: no duelo entre os dois, um intensivão para o holandês.
Red Bull de Verstappen à frente da Mercedes de Hamilton: no duelo entre os dois, um intensivão para o holandês.
Foto: Fórmula 1

Quando Max Verstappen saiu da barriga de sua mãe, em 30 de setembro de 1997, Lewis Hamilton já competia de kart havia quatro anos. Com apenas doze anos de idade, o inglês estava às portas da McLaren, que o contrataria já em 1998, com planos de levá-lo até a Fórmula 1. Vários predicados aproximam os principais candidatos ao Mundial de Pilotos de 2021: talento nato, arrojo, precocidade. Mas parece estar na diferença de idade – doze anos – o principal aspecto que pesa a favor de Lewis na atual disputa, e que deveria ser usado por Max para sedimentar seu sucesso na Fórmula 1.

Antes que o leitor comece a franzir a testa e ensaiar um protesto, vai aqui uma ponderação: Hamilton não está liderando o campeonato porque é mais velho, mas porque está no melhor carro, naturalmente. Depois de um início em que a Red Bull parecia superior, a Mercedes já parece ditar o ritmo na categoria novamente. A questão é que Hamilton está no melhor carro porque se mostrou o melhor piloto de sua geração, como Verstappen tem a chance de fazer nos próximos anos.

O século 21 proporcionou duas grandes eras na categoria, até agora: Schumacher/Ferrari e Hamilton/Mercedes. Entre uma e outra, a Fórmula 1 assistiu à ascensão de outros cinco campeões do mundo: Fernando Alonso, Kimi Raikkonen, Jenson Button, Sebastian Vettel e Nico Rosberg. Por razões variadas, nenhum deles consolidou-se como sinônimo de uma nova era. Ao deixar o ninho, saindo da McLaren para a Mercedes, em 2013, Hamilton selou seu passaporte para o Olimpo da Fórmula 1.

A lista acima, com grande espaço para discussões e ponderações, congrega pilotos inegavelmente talentosos. Jamais saberemos se qualquer um deles teria alcançado o mesmo sucesso de Hamilton se estivesse na condição de piloto da Mercedes. Corrigindo: até sabemos a resposta em relação a um deles – Rosberg – que conquistou seu título de forma hercúlea em 2016, extraindo cada gota de seu talento, aproveitando todos os revezes de Hamilton, exaurindo-se psicologicamente e chegando ao seu limite.

Max Verstappen e Lewis Hamilton: o pupilo e o mestre.
Max Verstappen e Lewis Hamilton: o pupilo e o mestre.
Foto: Fórmula 1

O presente da Fórmula 1 parece desenhar-se para o fim de uma era. Ainda que Hamilton e a Mercedes não escondam o desejo mútuo de estender sua parceria, é fato que o inglês tem 36 anos e já está mais próximo do fim do que do início de sua jornada. Assim como o período entre a era Schumacher e a era Hamilton produziu vários pilotos de valor, o momento atual também assiste à chegada e ao amadurecimento de uma geração valorosa.

Verstappen, atualmente com 23 anos, foi o que chegou antes, estreando em 2015, com apenas 17 anos, tornando-se inclusive o piloto mais jovem a competir na Fórmula 1. Em 2016, levou esse recorde para o quesito vitória, estabelecendo-se como o vencedor mais novo na história na categoria. Nesse mesmo ano, estreou outro jovem de alto potencial, o francês Esteban Ocon, 24 anos hoje. Em 2017, Pierre Gasly, que tem 25 anos. Em 2018, Charles Leclerc, 23 anos atualmente. Em 2019, George Russell, que também está com 23 anos, e Lando Norris, atualmente com 21 anos. É bastante provável que os futuros campeões da Fórmula 1 estejam entre esses nomes.

Além da vantagem por ter chegado antes e, portanto, contar hoje com mais experiência do que todos os demais, Verstappen pode se beneficiar de uma condição que apenas ele ostenta até agora: ser rival direto de Lewis Hamilton na disputa por vitórias e, quem sabe, pelo título.

Pelo que o GP da Espanha demonstrou, a conquista de Hamilton se consolidou muito mais pela superioridade da Mercedes do que por uma eventual estratégia errada da Red Bull. De fato, não parecia que o time de Verstappen pudesse fazer muito para evitar o triunfo de Hamilton. De qualquer forma, a distância abissal que havia entre a Mercedes e todo o resto em anos anteriores, parece não ser mais a realidade. A Red Bull está mais perto, e quem está mais perto de Hamilton é Verstappen.

Nas quatro primeiras corridas do ano, os dois parecem ter se desafiado a ponto de induzirem erros entre si. O pior de Hamilton foi a saída de pista em Ímola. Verstappen errou em duas classificações (Portimão e Ímola). Em pistas nas quais os desempenhos dos carros sejam semelhantes, a vitória de um pode vir no erro do outro.

Verstappen, 12 anos mais novo que Hamilton, nove temporadas a menos que o inglês, está no papel de ser o que erra mais, neste momento. Mas também pode ser o aluno mais próximo do mestre, atento às suas manobras e leituras de corrida. Em sua estreia na categoria, Hamilton teoricamente seria o pupilo de Alonso, e deu no que deu. Pupilos muitas vezes superam seus mestres.

Se Max não estiver em condição de fazer isso agora, pela diferença entre Mercedes e Red Bull, pelo menos poderia aproveitar o ano para fazer um “intensivão” com o professor Hamilton e se tornar o piloto que domine os próximos anos. Se ele vai estar na equipe ideal para fazer isso é uma incógnita. Porém, rivalizar com Hamilton e eventualmente vender caro o oitavo título para o inglês pode ser um passo para qualquer chefe de equipe ter certeza de que Max já é “o cara” da próxima era.

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