Script = https://s1.trrsf.com/update-1734630909/fe/zaz-ui-t360/_js/transition.min.js
PUBLICIDADE

Plano Geral

Atos em defesa da Cinemateca Brasileira ocorrem neste sábado

São Paulo, Rio, Curitiba, Porto Alegre e Brasília terão manifestações em prol da instituição, fechada desde agosto de 2021

6 ago 2021 - 17h49
(atualizado às 18h06)
Compartilhar
Exibir comentários

No próximo sábado, dia 7 de agosto, às 14horas, na frente da sede Cinemateca Brasileira (Largo Senador Raul Cardoso), na Vila Mariana, será realizado ato em defesa da instituição. O protesto é realizado pela Frente Ampla em Defesa da Cinemateca Brasileira (ABPA, ABRACI, Coletivo Cinemateca Acesa, AVM e trabalhadores da Cinemateca Brasileira e pela Apaci (Associação Paulista de Cineastas.

Protesto em frente à Cinemateca Brasileira, em São Paulo
Protesto em frente à Cinemateca Brasileira, em São Paulo
Foto: Divulgação

Outras cidades também terão atos realizados, sempre no mesmo horário. No Rio, o protesto ocorre na frente do MAM (Museu de Arte Moderna, na Avenida Infante Dom Henrique, 85). Em Curitiba, o encontro será em frente à Cinemateca de Curitiba (Rua Presidente Carlos Cavalcanti1174); em Porto Alegre, o ato ocorre em frente à Cinemateca Capitólio (na Praça Daltro Filho); em Brasília, os manifestantes se reunirão em frente ao Palácio do Planalto.

Os atos ocorrem uma semana depois que um incêndio atingiu a unidade complementar da Cinemateca, na Vila Leopoldina, zona oeste de São Paulo. Entre outros materiais, quatro toneladas de documentos de todo o histórico de fomento ao cinema no Brasil foram queimadas, além de rolos de filmes originais e cópias, objetos museológicos, equipamentos de uso corrente, parte do acervo da biblioteca de Glauber Rocha.

O incêndio é o ápice de uma crise administrativa que atinge a Cinemateca nos últimos anos. Com a entrega das chaves da Cinemateca ao governo federal em agosto de 2020, por parte da Associação Educativa Roquette Pinto (Acerp) que administrava até o final de 2019 a instituição, o local foi fechado e todo seu corpo de funcionários demitido.

Na pauta das reivindicações, está a implementação imediata de um Plano de Trabalho Emergencial, que permitirá que funcionários sejam contratados e que a Cinemateca, fechada desde 7 de agosto de 2020, seja reaberta.  A contratação emergencial de parte dos funcionários permitirá que o acervo, também sem monitoramento há mais de um ano, seja novamente cuidado e monitorado.

POR UM NOVO EDITAL DE CHAMAMENTO

Além disso, as entidades e coletivos também pedem a revisão do Edital de Chamamento Público (que havia sido anunciado há um ano), publicado no Diário Oficial no dia seguinte ao incêndio.  O chamamento, para a seleção da OS (Organização Social) que irá administrar a Cinemateca pelos próximos cinco anos, é considerada inadequado pela Apaci, pela ABPA e pelos funcionários da Cinemateca.

Entre outros pontos problemáticos, um dos principais é o orçamento ( R$ 10 milhões anuais, quantia insuficiente para o custeio da Cinemateca, que gira em torno de R$22 milhões) e a forma de gestão (a OS escolhida terá de captar cerca de 40%, ou R$ 4milhões, do valor que o governo colocar, o que não é a função principal de uma OS, que é, na verdade, administrar.

Na busca por auto-financiamento, o edital também propõe que os produtores paguem para ter seus filmes depositados na Cinemateca, o que também foge ao escopo da instituição, que é o de ser uma instituição pública governamental responsável pela conservação do patrimônio cultural brasileiro no seu campo de atuação.

A questão da pontuação da OS no chamamento é outro alvo de críticas. “O relatório de publicização é razoável em alguns trechos, mas no chamamento, é dito que o maior peso da pontuação vai para quem apresentar a melhor possibilidade de rentabilização dos espaços. Esta não é a finalidade de uma instituição de memória. É um contrassenso”, afirma Débora Butruce (ABPA). Em carta oficial, de julho, a ABPA fez estas observações. “Qual OS tem experiência em preservação e tem este fôlego financeiro para completar ou levantar o montante para completar o orçamento? Nós da área não conseguimos vislumbrar quem poderia ser e como isso pode ser”, completou ela.

Diante disso, a historiadora e pesquisadora Eloá Chouzal, que integra o Cinemateca Acesa e que organiza as ações do grupo no ato do próximo sábado, preocupa-se com a escolha da próxima administradora da Cinemateca.

“Se o que conta menos pontos no edital é a expertise em preservação, a gente fica com medo do que vai acontecer. Quem é que vai assumir a Cinemateca no contrato de cinco anos? O mais importante é cobrar do governo as atitudes corretas de responsabilidade. Se a Cinemateca, que é um bem público, é administrado pela União, esta tem obrigação constitucional de cuidar bem deste bem público porque ele é do Brasil. Esta questão de um incêndio da Cinemateca queimar é criminoso. Isso tem de ser cobrado. Esta tragédia a gente está anunciando desde que a Acerp saiu e os trabalhadores deixaram de trabalhar. O lema é “sem trabalhadores não se preserva um acervo”. A cinemateca corre risco real e iminente de se perder. Isso é responsabilidade do governo”, observa a historiadora.

O tempo também preocupa a todos. Afinal, o processo de contratação de uma nova OS levaria pelo menos até o fim do ano para ser concluído. Isso sem considerar as modificações que devem ser feitas levando agora em consideração os gastos com a reforma do galpão incendiado.

"O futuro da Cinemateca corre perigo. O edital recém-publicado pelo governo promete mais cinco anos de precariedade para essa instituição. Há uma falta de compreensão sobre o que significa preservar o nosso acervo audiovisual. Memória é identidade", afirma o cineasta Roberto Gervitz, coordenador do grupo SOS Cinemateca-APACI.

A APACI também realiza nesta sexta o debate Perspectivas para a Cinemateca Brasileira, que ocorre ao vivo às 20h,  no Youtube do Canal Curta! (youtube.com/canalcurta), sendo permitido aos espectadores fazer perguntas na parte final.

Realizado pela Associação Paulista de Cineastas (APACI) com apoio do canal Curta!, o evento reunirá os diretores Ana Maria Magalhães, Cacá Diegues, Fernando Meirelles, Joel Zito Araújo, Sandra Kogut, Tizuka Yamasaki e Giba Assis Brasil, com mediação de Roberto Gervitz 

A conversa, que deve durar cerca de duas horas, terá introdução de de Carlos Augusto Calil, presidente da Sociedade de Amigos da Cinemateca. Em seguida, cada convidado terá sete minutos iniciais para tecer considerações sobre a situação da instituição, que está sem gestor desde dezembro de 2019. Por conta disso, o Ministério Público Federal chegou a ajuizar uma ação contra a Secretaria Especial de Cultura, alegando abandono do espaço.

Somente no último 30 de julho, um dia após o incêndio que destruiu um galpão da Cinemateca, na Zona Oeste de São Paulo, o governo federal publicou um edital de chamamento público para a escolha de uma "entidade privada sem fins lucrativos" para gerir o órgão por cinco anos. Esse edital será um dos assuntos do encontro.

A pauta também terá questões como a importância da Cinemateca, as medidas que precisam ser tomadas para que ela funcione normalmente e o descaso do governo federal com essa instituição e outras do meio cultural. 

Plano Geral
Compartilhar
Publicidade
Seu Terra












Publicidade