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Crítica: Série com Liniker é belo projeto da diversidade na Amazon

"Manhãs de Setembro" traz a cantora trans como mulher que descobre ter um filho de dez anos

25 jun 2021 - 16h47
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Se há hoje uma guerra dos streamings para lançarem séries brasileiras pioneiras, existe também um esforço de associar as novas plataformas aos conceitos atuais de diversidade e pluralidade. A Netflix já incluiu personagens plurais em séries como "Sintonia", "3%", "Boca a Boca". Mas ninguém foi tão longe até agora quando a Amazon Prime Video com "Manhãs de Setembro", série em cinco episódios curtos com a atriz e cantora trans Liniker que estreou nesta sexta.

É uma série que respira humanidade em todos os seus personagens de classe baixa em São Paulo, espremidos por muitas dificuldades financeiras, se virando para ter uma vida digna. Liniker é Cassandra, mulher trans que um dia já foi Clóvis - e que acaba de descobrir que tem um filho de dez anos com uma namorada do passado, a ambulante Leide (Karine Telles). Cassandra tem um namorado garçom (Tomás Aquino, de "Bacurau"), acaba de realizar seu sonho de morar sozinha em sua quitinete (não por muito tempo) e ama cantar na boate músicas de sua diva Vanusa - ainda que a dona da boate reclame que ela deveria cantar mais divas contemporâneas como Anitta e Pabllo Vittar.

Liniker e Gustavo Coelho em cena da série "Manhãs de Setembro", da Amazon Prime Video
Liniker e Gustavo Coelho em cena da série "Manhãs de Setembro", da Amazon Prime Video
Foto: Divulgação

"Manhãs de Setembro" já ajuda muito a quebrar preconceitos ao mostrar essa protagonista trans em toda a sua completude - não a vemos apenas cantando na boate, mas fazendo entregas, lidando com as dificuldades da vida, rejeitando esse novo filho a princípio. (Sim, ninguém é perfeito, e Cassandra rejeita com todas as forças essa criança na sua vida).

Outro grande mérito da série, que tem direção de Dainara Toffoli e Luis Pinheiro, foi dar peso aos outros personagens da série - o elenco ainda inclui Paulo Miklos, Gero Camilo e uma participação de Linn da Quebrada. A equipe de dramaturgia inclui a roteirista trans Alice Marcone. E que bela sacada homenagear a cantora Vanusa, uma intérprete de obra riquíssima nos anos 70, nunca devidamente valorizada na MPB, e que acabou mais conhecida pelo vídeo que viralizou cantando o Hino Nacional sob efeito de remédios numa cerimônia na Assembleia Legislativa de São Paulo. A cantora é muito maior que o meme, e agora Liniker ajuda a reabilitá-la com novas versões de seus hits, incluindo a música-tema que dá nome à série.

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