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Festival de Veneza começa hoje com estrelas e Almodóvar

Edição marca a volta dos nomes fortes de Hollywood, “Madres Paralelas” e Brasil nas outras mostras

1 set 2021 - 15h26
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O 78º Festival de Veneza começa hoje com o desafio de  ser tão bem sucedido quanto sua edição 2020 (pioneira em retomar o circuito de grandes festivais após o cancelamento de Cannes) e continuar sendo seguro. Afinal, a pandemia não acabou.  Pra isso, as mesmas medidas de segurança da edição anterior: distanciamento social, máscaras, salas com 50% de lotação, exigência da apresentação do exame de PCR negativo ou do Green Pass atestando a vacinação para entrar em todas as sessões.

O diretor Pedro Almodóvar e o elenco de seu novo "Mães Paralelas", que abre o Festival de Veneza
O diretor Pedro Almodóvar e o elenco de seu novo "Mães Paralelas", que abre o Festival de Veneza
Foto: Divulgação

Esta edição marca também a volta dos grandes  nomes do cinema norte-americano,  detalhe muito importante em Veneza, que é tradicionalmente conhecido como o ponto de largada  da temporada do Oscar. Haja vista que, dos últimos quatro leões de ouro, todos fizeram carreira de sucesso no Oscar:  “Nomadland” (2020),  “Coringa” (2019), “Roma” (2018) e “A Forma da Água” (2017).

“Teremos novamente os grandes estúdios de Hollywood. A Warner Bros, Universal, Disney... com grandes títulos que trazem consigo, naturalmente, atores, atrizes, divas e divos muito amados pelo público”, comentou Alberto Barbera, diretor artístico da Mostra (como os italianos chamam o festival de Veneza).

Para Barbera, a pandemia não atrapalhou, mas, na verdade, “é como se tivesse, na verdade, contribuído para alimentar a criatividade dos diretores.” O diretor observa que “muitos deram o melhor de si e há também muitas surpresas, descobertas, naturalmente, além do retorno de autores conhecidos, consagrados e aguardadíssimos.”

Neste quesito, o filme de abertura já é um dos mais aguardados do ano: Madres Paralelas, de Pedro Almodóvar, que marca a volta da parceria do diretor com Penelope Cruz.  A atriz vive uma mãe que dá à luz a um bebê no mesmo hospital e no mesmo dia em que uma jovem. E assim elas acabam eternamente ligadas. A julgar pelo trailer e pelo nome tão revelador, a troca de bebês e a questão da maternidade estão no centro desta trama. 

Voltando aos americanos, que fazem a alegria do tapete vermelho do Lido, a lista das premières badaladas é grande. Antes, vale lembrar que  os americanos ocupam várias das 21 vagas da mostra competitiva.

Personagens do filme épico "Duna", de Denis Villeneuve, que estreia em Veneza
Personagens do filme épico "Duna", de Denis Villeneuve, que estreia em Veneza
Foto: Divulgação

Mas vamos aos filmes que vão render nas colunas sociais deste ano. Começando por  “Dune”, de Denis Villeneuve, com Timothee Chalamet, Zendaya, Oscar Isaac, Charlotte Rampling and Javier Bardem. Depois de fracassos para adaptar  a ficção científica de Frank Herbert para o cinema, a esperança é que esta versão finalmente tenha sido bem sucedida. Vale lembrar que Alejandro Jodorowsky já tentou, mas não conseguiu,  fazer uma boa adaptação de Dune nos anos 1970. E até David Lynch diz odiar sua versão dos anos 1980.  

Outro super aguardado é “The Last Duel”, novo longa de Ridley Scott, que marca a volta de Ben Affleck e Matt Damon. Desde o Oscar por “Gênio Indomável” em 1997 ele não assinavam um roteiro juntos e nem atuavam juntos.  A lista dos badalados tem ainda Halloween Kills: O Terror Continua, de David Gordon Green, que é mais um capítulo da saga de Michael Myers  e da genial Jamie Lee Curtis.  A atriz é a homenageada desta edição e recebe o Leão de Ouro pela carreira. O outro homenageado neste ano é Roberto Benigni, que, entre tantos outros prêmios, levou o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro de 1999 por A Vida É Bela.

Não esqueçamos de “Last Night In Soho”, de  Edgar Wright, com Anya Taylor Joy num thriller psicológico que promete agradar aos fãs da jovem estrela de “O Gambito da Rainha”.

Neste ano, o júri presidido por Bong Joon-ho vai ter uma tarefa difícil pela frente. Mas o diretor coreano vai contar com a ajuda de um time forte que tem também as atrizes Virginie Efira ( de Benedetta), Cynthia Erivo, Sarah Gadon, o documentarista Alexander Nanau (indicado ao Oscar por Collective), o cineasta italiano Savero Costanzo e a genial Chloé Zhao, que também levou o leão de ouro na última edição por Nomadland.

COMPETIÇÃO EQUILIBRADA

Mas vamos à disputa pelo Leão de Ouro, que traz uma mescla equilibrada de nomes consagrados  e talentos a serem descobertos pelo grande público. O chileno Pablo Larraín, que leva o super aguardado “Spencer” a Veneza, depois de concorrer com Ema em 2019. O longa traz Kristen Stewart no papel da princesa Diana e opta por contar o que ocorre em um dia na vida da princesa.

Outro nome forte é Paul Schrader, que chega com “The Card Counter”, com Oscar Isaac no papel de um jogador de poker nada convencional.

Da Itália, destaque para  “Hand of God”, ou a “Mão de Deus”, novo filme de Paolo Sorrentino. A história se passa em Nápoles e é um dos filmes mais intimistas do diretor de “A Grande Beleza”.  

MULHERES NA COMPETIÇÃO

A diretora que mais se destaca na competição oficial é, claro, a neozeolandesa Jane Campion, que leva a Veneza  “The Power Of the Dog”, um western sobre dois irmãos estrelado por Benedict Cumberbatch, Kirsten Dunst e Jesse Plemons.

Além dela, outras quatro realizadores concorrem ao Leão de Ouro este ano. Para Barbera, o fato de a presença das mulheres ter diminuído na competição oficial é reflexo da pandemia.  “São cinco neste ano. Ano passado eram oito. Parece um passo para trás, mas só parcialmente. Em 2020, as mulheres diretoras eram 28% do total de filmes da seleção oficial. Este ano são 26%. Eram 25% em 2019. Enfim, há um pequeno retrocesso em relação aos outros anos, mas é a confirmação de que o longo período de desaceleração produtiva por conta da pandemia pesou, talvez, mais sobre as mulheres”, declarou ele na coletiva de anúncio dos selecionados.

Segundo o diretor artístico, a queda é temporária e o  “processo de conquista da paridade de gênero que todos defendemos e esperamos” vai continuar firme e forte. De toda forma, ainda que as diretoras sejam minoria nesta edição, a qualidade de seus filmes deve continuar forte e esperasse que elas surpreenda Veneza tanto quanto  Chole Zhao conquistou o festival em 2020 com o já citado “Nomadland”.

Ao lado de Jane Campion, também está Maggie Gyllenhaal, que faz sua estreia na direção de longas com “The Lost Daughter”. Adaptação do livro “A Filha Perdida”, de Elena Ferrante, o longa tem elenco de peso capitaneado por Olivia Colman, Jessie Buckley, Dakota Johnson e Ed Harris.

Da Rússia, chega Natasha Merkulova, que assina o thriller Captain Volkonogov Escaped em parceria com Aleksey Chupov. Da França, surge Audrey Diwan, que  traz o longa L’Événement.  Os cinéfilos mais atentos aguardam ansiosamente o novo trabalho da sempre ousada Ana Lily Amirpour, iraniana radicada nos Estados Unidos. Depois de  Garota Sombria Caminha pela Noite,  ela assina seu segundo  longa que também transita pelo gênero do terror: “Mona Lisa and the Blood Moon”.

O Brasil está fora da competição oficial este ano, mas o cinema latino está bem representado com  o venezuelano Lorenzo Vigas (  Leão de Ouro em 2014 por “De Longe te Observo”), que traz seu segundo longa  “La Caja” para o Lido.  O mexicano Michael Franco, que em 2020 levou o Grande Prêmio do Juri pelo duríssimo Nova Ordem, chega novamente com Sundown, uma trama sobre uma rica família britânica de férias em Acapulco.

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