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Amazônia bate recorde de queimadas em 2024; Pará registra maior focos de incêndio

Estado que será sede da COP30 teve mais de 6,97 milhões de hectares queimados entre os meses de janeiro e novembro deste ano

19 dez 2024 - 22h19
(atualizado às 22h19)
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Pará registra maior número de focos de incêndio em 2024
Pará registra maior número de focos de incêndio em 2024
Foto: Marizilda Cruppe

A menos de um ano para sediar a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, a COP30, o Pará registrou o maior número de focos de incêndio no Brasil, entre os meses de janeiro e dezembro de 2024. 

Em relatório divulgado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o Estado teve 57.551 focos de incêndio até o momento, o que representa uma fatia de 20,1% do total, levando em consideração todos os Estados brasileiros e o Distrito Federal. 

No total, a região que será a próxima sede da COP30 queimou cerca de 6,97 milhões de hectares nos 11 primeiros meses deste ano. Segundo dados do Monitor do Fogo, do MapBiomas, esse total equivale a 41% do que foi queimado na Amazônia no mesmo período.

Em segundo lugar, está o Mato Grosso com 6,8 milhões de hectares queimados, e o Tocantins, com 2,7 milhões de hectares. Juntos, os três Estados totalizam 56% da área queimada no país.

Em novembro deste ano, por exemplo, o Pará registrou 869.767 hectares afetados pelo fogo. A título de comparação, o Maranhão, que ficou em segundo lugar, registrou 476.942 hectares, enquanto o Mato Grosso teve 180.442 hectares queimados.

“Os números de 2024 são alarmantes, especialmente considerando que 2023 já havia registrado uma tendência de alta, comprometendo não apenas os biomas mais afetados, como Amazônia e Cerrado, mas também o equilíbrio climático”, explica Vera Arruda,  pesquisadora no Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) e coordenadora técnica do Monitor do Fogo do MapBiomas.  

Amazônia é o bioma com maior registro de queimadas em 2024
Amazônia é o bioma com maior registro de queimadas em 2024
Foto: Victor Moriyama/Greenpeace

No dia 25 de novembro, o município de Santarém chegou a decretar situação de emergência ambiental em razão da piora da qualidade do ar. Na mesma época, ribeirinhos da comunidade Igarapé do Costa viram milhares de peixes morrerem sem motivo aparente - o que prejudicou a atividade de subsistência dos pescadores locais.

Em nota, a Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas) do Pará informa que o governo tem “intensificado os esforços para combater o aumento de incêndios florestais e queimadas, fenômenos agravados pelas mudanças climáticas globais”. 

“Em setembro deste ano, o estado solicitou apoio ao governo federal para reforçar os recursos destinados ao combate às queimadas. Além disso, o Pará integra o Centro Integrado Multiagências de Coordenação Operacional Nacional, coordenado pelo governo federal, que reúne órgãos como Ministério do Meio Ambiente, IBAMA, ICMBio, FUNAI, CENSIPAM e INCRA, além de representantes estaduais, para alinhar estratégias e ações conjuntas para o combate às queimadas”, diz.

De acordo com a Semas, a operação de combate aos focos de incêndio no Estado ganhou reforço de 40 novos bombeiros, somando 120 profissionais divididos em cinco frentes de trabalho. 

“Neste período, a floresta está mais inflamável, o que explica o aumento de focos de calor, mesmo com a redução histórica do desmatamento no Pará, que em 2024 reduziu em 28,4% a taxa de desmatamento, superando os 21% de queda registrados nos dois anos anteriores (2023 e 2022), conforme dados divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe)”, afirma a secretaria. 

Fumaça oriunda das queimadas prejudica qualidade do ar
Fumaça oriunda das queimadas prejudica qualidade do ar
Foto: Agência Santarém

Amazônia vive recorde histórico de queimadas

A Amazônia teve o maior número de focos de calor dos últimos 17 anos. Em relatório divulgado pelo Monitor do Fogo é possível constatar que, entre os meses de janeiro e novembro de 2024, a área queimada no Brasil quase dobrou em relação ao mesmo período do ano passado.

Ao todo, o período registrou 29,7 milhões de hectares queimados, um aumento de 90% em comparação com o ano passado. 

Felipe Martenexen, pesquisador do IPAM e do Monitor do Fogo, explica que o aumento de áreas queimadas no bioma reflete a atuação da intensificação da interferência humana na natureza, além de condições climáticas adversas.

Este aumento considerável evidencia a crescente vulnerabilidade das florestas diante da seca prolongada e da pressão do desmatamento”, diz.

Na comparação entre os biomas brasileiros, a Amazônia teve 50,6% de todos os focos do país no período citado acima. Em seguida, aparece o Cerrado, com 80.408 focos (29,6%), Mata Atlântica com 21.051 focos (7,7%), Caatinga com 17.736 (6,5%), Pantanal com 14.489 (5,3%) e Pampa com 419 focos (5,3%). 

Fonte: Redação Terra
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