Apenas 13 Estados brasileiros têm estações automáticas de qualidade do ar, segundo estudo
Atualmente, mais de 80% estão na Região Sudeste; conforme pesquisadores, País precisa de, no mínimo, mais 46 estações de monitoramento
Um estudo do Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA) mostra que apenas 13 dos 26 Estados brasileiros têm estações automáticas de qualidade do ar, equipamentos que coletam e enviam dados em tempo real sobre como está a poluição atmosférica.
Segundo a publicação, que foi lançada na terça-feira, 27, atualmente, o Brasil conta com 245 estações de monitoramento automáticas, sendo que mais de 80% se concentram na Região Sudeste.
Desde 1990, a legislação brasileira, via Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), prevê que o País deve ter uma Rede Nacional de Monitoramento da Qualidade do Ar. No entanto, embora haja um número relevante de estações, elas são concentradas em poucos Estados.
Em primeiro lugar da lista, aparece o estado do Rio de Janeiro, com 65 estações automáticas. Na sequência, estão São Paulo, com 62, e Minas Gerais, com 54. Veja a quantidade de estações nos 13 Estados que contam com esses equipamentos:
- Bahia: 10;
- Ceará: 2;
- Espírito Santo: 17;
- Maranhão: 7;
- Mato Grosso do Sul: 3;
- Minas Gerais: 54;
- Pernambuco: 4;
- Pará: 3;
- Paraná: 9;
- Rio de Janeiro: 65;
- Rio Grande do Sul: 6;
- Santa Catarina: 3;
- São Paulo: 62.
Ainda conforme o estudo, o monitoramento da qualidade do ar no Brasil é insuficiente. Ao levar em conta critérios populacionais -- de aglomeração de pessoas da Europa e dos Estados Unidos, que usam metodologias diferentes, para dimensionar a quantidade mínima de estações que o País deveria ter -- o estudo chega ao resultado de que o Brasil necessita de pelo menos mais 138 (de acordo com a Europa) ou 46 (conforme os EUA) de estações de monitoramento da qualidade do ar automáticas.
Locais com maior defasagem
Considerando os critérios dos EUA, os Estados com maior déficit de estações automáticas de monitoramento do ar são Santa Catarina, com um déficit de seis, Goiás e Paraíba, com três a menos do que cada um deveria ter.
Já aplicando os critérios europeus, Santa Catarina passa a ter um déficit de 15 estações. O estudo aponta que até mesmo os Estados com redes maiores, como São Paulo e Minas Gerais, apresentam o problema. São Paulo tem um déficit de 22 estações, enquanto Minas Gerais de 10 estações.
"O estudo mostra que a quase totalidade dos Estados tem monitoramento insuficiente. Apenas o Espírito Santo cumpriu com as quantidades mínimas requeridas, aplicando-se os critérios dos Estados Unidos e da Europa", explica Helen Sousa, pesquisadora do IEMA e autora do estudo.
Estados | Cenário EUA | Cenário UE |
Acre | 1 | 2 |
Alagoas | 2 | 3 |
Amazonas | 2 | 4 |
Amapá | 1 | 2 |
Bahia | 2 | 4 |
Ceará | 2 | 5 |
Distrito Federal | 2 | 6 |
Espírito Santo | 0 | 0 |
Goiás | 3 | 6 |
Maranhão | 0 | 2 |
Minas Gerais | 3 | 10 |
Mato Grosso do Sul | 1 | 2 |
Mato Grosso | 1 | 2 |
Pará | 2 | 8 |
Paraíba | 3 | 5 |
Pernambuco | 2 | 6 |
Piauí | 2 | 3 |
Paraná | 1 | 7 |
Rio de Janeiro | 1 | 4 |
Rio Grande do Norte | 2 | 5 |
Rondônia | 1 | 2 |
Roraima | 1 | 2 |
Rio Grande do Sul | 2 | 6 |
Santa Catarina | 6 | 15 |
Sergipe | 2 | 3 |
São Paulo | 1 | 22 |
Tocantins | 0 | 2 |
Brasil | 46 | 138 |
Fonte: IEMA
Cálculos para uma rede mínima
Segundo o IEMA, em 2020, o Ministério do Meio Ambiente (MMA) publicou o resultado de um pregão eletrônico indicando que o custo para a aquisição de 34 estações automáticas de monitoramento seria de cerca de R$ 12 milhões, incluindo a operação delas por um ano e considerando apenas a medição de material particulado. Cada estação custaria em torno de R$ 350 mil.
Portanto, para se ter o mínimo de estações de monitoramento no País, seria necessário um investimento entre R$ 16 milhões (para critérios dos EUA) e R$ 49 milhões (para critérios da Europa).
"Esse valor é chocantemente baixo se comparado a outros investimentos públicos no Brasil. Os montantes anuais gastos na área da saúde justamente devido a problemas respiratórios estão na casa do bilhão. Investir na gestão da qualidade do ar gerará economia ao evitar esses problemas", pontua David Tsai, gerente de projetos do IEMA e um dos autores do estudo.
"O número adicional de estações para avaliar a poluição do ar em um cenário mínimo não é elevado, é um desafio levar estações para diversas partes do País, mas os números apontam que não é preciso muito para iniciar uma rede básica", acrescenta Helen.