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Árvores são capazes de resfriar mais do que ar-condicionado? Especialista explica 

Redução térmica acontece por meio da transpiração das árvores e bloqueio da radiação solar

28 set 2023 - 05h00
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Transpiração das árvores auxilia no processo de resfriamento
Transpiração das árvores auxilia no processo de resfriamento
Foto: Imagem ilustrativa/Unsplash

Encontrar sombra debaixo de uma árvore para aproveitar a brisa pode ser um alívio em dias muito quentes, especialmente durante ondas de calor como a que surgiu no início da primavera de 2023 no Brasil. De acordo com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), uma árvore é capaz de resfriar, em um ano, o equivalente a dez aparelhos de ar-condicionado ligados direto. Mas como funciona esse processo?

A afirmação do ICMBio foi feita nas redes sociais do Instituto, mas provém de um estudo realizado pela Universidade Estadual da Carolina do Norte, nos Estados Unidos. O estudo revelou que a evaporação de uma única árvore pode gerar o efeito refrigerador de 10 aparelhos de ar condicionado.

Lucas Sanglade, doutorando em Ecologia e Recursos Naturais pela UFSCar, explica que as árvores são capazes de proporcionar a redução térmica através das sombras e da transpiração, bloqueando parte da radiação solar através de suas folhas e transpirando água, reduzindo a temperatura incidente abaixo de suas copas.

Com a transpiração, a superfície das folhas nas copas das árvores é, em geral, de 2ºC a 3°C superior à temperatura atmosférica, muito inferior quando comparada às superfícies de edificações e ruas asfaltadas à pleno sol, por exemplo, segundo o especialista.

“Dessa forma, áreas arborizadas podem apresentar temperaturas de -4°C até -12°C quando comparadas com áreas não arborizadas em espaços urbanizados, segundo estudo publicado na revista Nature Communications em 2021. A redução térmica decorrente do sombreamento pelas árvores é benéfica à saúde humana, oferecendo proteção contra queimaduras solares e insolação, reduzindo nosso batimento cardíaco e fornecendo conforto térmico e sensação de bem-estar, por exemplo”, explica ao Terra.

Folhas das copas das árvores são de 2ºC a 3°C superiores à temperatura atmosférica, temperatura inferior às superfícies de edificações
Folhas das copas das árvores são de 2ºC a 3°C superiores à temperatura atmosférica, temperatura inferior às superfícies de edificações
Foto: Imagem ilustrativa/Unsplash

Árvores resfriam mais do que ar-condicionado?

Para Sanglade, a afirmação é complexa e essa comparação pode ser imprecisa. É possível comparar por meio de simulações, relacionando a redução térmica à quantidade de água transpirada pelas árvores. Assim, pode-se chegar a valores de comparação.

“Em um estudo publicado em 2019 na revista Science of the Total Environment, foram obtidos valores de até 0,075 kW m−2 para a Tilia cordata Mill, uma espécie de árvore comum nas cidades da Europa Central. Isso quer dizer que uma árvore dessa espécie, com copa de 2,59 m de diâmetro, gera uma redução térmica de até 2,198 kW h-1, o equivalente a um pequeno aparelho de ar-condicionado de 7.500 BTUs, por exemplo. Porém, todos esses valores dependem de uma série de fatores, como a disponibilidade de água no solo, condições meteorológicas, características do espaço urbano, estado fitossanitário da planta dentre outros, tornando difíceis essas comparações”, diz.

Tá calor? 

Segundo o especialista, a arborização de espaços urbanos pode ser fundamental para mitigar fenômenos de calor extremo. “A redução térmica decorrente do sombreamento pelas árvores auxilia no resfriamento de nossas cidades e melhoria da qualidade do ar, contribuindo para a redução no uso de sistemas de refrigeração de ar e, consequentemente, gerando economia de energia e maior conforto térmico à população”.

Por fim, o especialista ainda destaca a importância de conscientizar a população para promover metas de arborização. “É necessário o compromisso de toda a sociedade para a promoção de metas ambiciosas para a arborização de nossas cidades e, consequentemente, redução dos prejuízos gerados pelas mudanças climáticas”, pontua.

Fonte: Redação Terra
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