“A maioria não faz o básico”, diz catadora vegana conhecida como Barbie Lixeira
Trabalhando como catadora há 14 anos, Litz Gouvea produz conteúdo para conscientizar as pessoas sobre sustentabilidade
Trabalhando como catadora de resíduos recicláveis desde seus 15 anos de idade, Litz Gouvea, 29, é conhecida nas redes sociais como Barbie Lixeira.
Em entrevista por vídeo (assista acima), a profissional de gestão de resíduos conta que entrou para essa atividade por necessidade financeira. Ela começou acompanhando o pai, que também é catador, nas ruas e, cerca de um ano depois, passou a separar os recicláveis de um conjunto de condomínios, na região Sul de São Paulo (SP), por onde ficou por mais de 10 anos.
“Houve uma queda nos preços dos materiais e o valor ficou muito baixo. O que a gente pegava no condomínio não conseguia mais pagar as minhas contas e as do meu pai”, explica a catadora, que decidiu atuar em outras regiões e em outros projetos.
Atualmente, Litz pega os materiais na rua, separa no ferro-velho e também trabalha junto a duas empresas, a Regera e a Kombosa Seletiva. “No audiovisual tem rolado ‘sets sustentáveis’. Então, sou contratada para fazer a gestão de resíduos das filmagens”, explica. “Trabalhar com as empresas é uma ótima oportunidade para mostrar para as pessoas que todo local precisa desse serviço”.
Redes sociais
“Eu gosto muito de ler e sempre estudei muito por conta própria, mas queria entender melhor como as coisas funcionavam. Então, fiz um curso técnico de meio ambiente para complementar a parte prática, que eu já tinha bastante experiência”, diz Litz.
A partir dos estudos, a catadora sentiu necessidade de compartilhar o seu conhecimento e de divulgar o seu trabalho nas redes sociais: “Eu entrava no Instagram e via tanta bobagem, fofoca, tanta coisa desnecessária”.
Hoje ela acumula mais de 15 mil seguidores, que acompanham o seu dia a dia como agente ambiental e o seu conteúdo sobre sustentabilidade e veganismo. Litz explica que produz os seus posts com o propósito de ensinar, de inspirar e de tentar melhorar a vida das pessoas. “Fazer o básico, que é separar os resíduos, a maioria das pessoas não faz. É preciso que o coletivo entenda que pequenas atitudes fazem a diferença”, diz a catadora que também dá palestras sobre sustentabilidade.
Veganismo
“Quando eu tinha seis anos de idade, tive um grande trauma. Meu pai tinha uma criação de codornas em casa e uma vez o vi degolando uma delas. Eu fiquei chocada”, lembra ela que, antes desse episódio era uma criança “serelepe”, mas, depois, perdeu a alegria.
Foi na escola que Litz aprendeu de onde vinha a carne, o leite e os ovos e, mais uma vez, conta que ficou “horrorizada” e perdeu a vontade de comer produtos de origem animal. Aos 12 anos, decidiu ser vegana e, desde então, se alimenta somente com verduras, frutas, grãos e leguminosas.
“Se na minha situação eu consigo fazer alguma coisa, quem está em situações melhores também consegue fazer”, finaliza.
Assista ao vídeo da entrevista acima.