Artesã cria itens inusitados com casca de coco, faz sucesso e muda de profissão
Com a restrição alimentar do filho, artesã passou a fazer leite de coco em casa e decidiu transformar as cascas em objetos inusitados
Você sabe quanto tempo demora para uma casca de coco se decompor na natureza? De acordo com a Embrapa, são necessários 10 anos. Para minimizar o impacto dos resíduos da fruta no meio ambiente, uma auxiliar de desenvolvimento infantil de Salvador (BA) decidiu transformar o coco em arte. Assista ao vídeo acima.
Isabella Araújo, 29, tem um filho autista e deficiente auditivo. Em uma consulta médica, descobriu que o menino não poderia consumir leite de vaca. A alternativa? Leite vegetal. O mais barato deles? O de coco. No início, ela mal sabia que a nova rotina de fazer leite para o filho a levaria a transformar também a sua vida profissional.
“Eu me vi lotada de cascas, porque ele tomava muito mingau, vitamina, tudo com leite vegetal. Então, eu comecei a fazer cumbucas”, conta Isabella que, então, criou a Ben Artesã, sua marca de artesanatos.
A criatividade de Isabella atraiu a atenção das pessoas e o que era para ser algo pequeno, se tornou cada vez maior. Ela conta que, a partir de então, também começou a estudar melhor sobre sustentabilidade e reaproveitamento: “Foi uma virada de chave para mim. Eu não sabia que o plástico, por exemplo, vive mais do que a gente! São assuntos tão importantes e naquela época, eu não sabia. Fui me apaixonar pelo meio ambiente, de fato, ao pesquisar sobre tempo de decomposição da casca do coco seco”, explica.
Atualmente, são mais de 30 peças no portfólio, entre cumbucas, xícaras, taças, pratos, bolsas, sinos do vento, colheres, saboneteiras e até suportes para celular. Tudo é compartilhado com os seus 12 mil seguidores no Instagram.
Não só suas obras que são exibidas no perfil, mas também o passo a passo da produção das peças. A artesã conta que tem intenção de criar um curso e divulgar suas técnicas para ajudar outras pessoas a ressignificar o descarte das cascas do coco e ainda fazer aquela renda extra.
“Eu acredito que as pessoas precisam ser inspiradas. Essas informações precisam chegar nelas. Não quero só vender minhas artes, também quero mostrar que é possível, sim, trabalhar com isso”, conta Isabella. “Essas cascas, quando descartadas, vão para o aterro sanitário e são queimadas para liberar espaço. Muitas entopem bueiros em tempo de chuva, atraem muitos insetos e ajudam na proliferação de bactérias, levando todo esse perigo para a população. Então, falar sobre sustentabilidade é também falar sobre meio ambiente associado com a responsabilidade social”, completa.
Dê o play no vídeo acima para assistir à entrevista.
