Ator de ‘Vai Que Cola’ fala sobre se tornar vegano: 'Uma forma de me redimir’
Emiliano d’Ávila, ex-Globo, virou vegano após assistir a documentário que relacionava a pecuária a problemas ambientais
Talvez você tenha acompanhado o ator Emiliano d’Avila, 37, na Globo, quando ele interpretou o personagem Maicol no sitcom brasileiro “Vai Que Cola” ou o Lúcio, na novela “Avenida Brasil”. Mas um lado que quem o acompanha apenas pela televisão pode não conhecer é a sua faceta ativista pelos animais.
“Eu sempre tive uma relação afetiva muito forte com os animais, mas eu me alimentava deles. Porque, na verdade, eu nem questionava isso. Achava que era assim mesmo”, conta Emiliano d'Avila em entrevista exclusiva a Planeta.
Foi em 2017 que tudo mudou. A sua companheira, Natália Rosa, o apresentou ao documentário “Cowspiracy: O Segredo da Sustentabilidade”, que examina os problemas causados pela pecuária e pela pesca no meio ambiente. “Me veio aquele primeiro impacto. Você fica de queixo caído, parecendo que viveu em uma matrix ao longo de 30 anos, acreditando em uma mentira e vivendo naquela caverna praticamente”, relembra.
Da noite para o dia, Emiliano, então, cortou todos os tipos de carne, ovos, leites e derivados da alimentação: “foi muito forte, impactou muito a minha consciência. Como eu tenho uma força de vontade muito grande, mudar meus hábitos foi simples. Muito mais do que eu imaginava que pudesse ser”.
Ativismo
Só no Instagram, o ator tem mais de 350 mil seguidores e aproveita o espaço online para publicar informações sobre a indústria da carne e de outros alimentos de origem animal, lançar campanhas educativas e compartilhar o seu estilo de vida vegano.
”Não só eu me tornei vegano, como eu resolvi também me tornar um ativista, como forma de me redimir um pouco por tudo aquilo que eu fiz”, conta.
Nós não somos carnívoros, somos onívoros. Ou seja, temos a opção de escolha. E, se a gente tem essa opção de escolha, por que optar pela cruel?
Para Emiliano, a maioria não é, de fato, a favor da crueldade animal, mas estar inserida em um sistema que normaliza isso, torna mais difícil que exista qualquer tipo de transição alimentar. Então, ele apresenta informações para abrir a mente do máximo de pessoas possível.
Saúde e aparência física
O ator, que exibe um porte atlético, garante que não perde tempo fazendo contagem de proteínas: “Tem muita gente que diz ‘ah, é porque eu malho, preciso ganhar massa’, mas não é preciso proteína animal para você ganhar massa muscular e ficar forte”.
Conforme comentou acima, a transição não foi difícil para ele, que sempre se alimentou bem. “No prato típico do brasileiro tem arroz, feijão, bife, batata e salada. Então, 80% disso já é vegetal. Não é necessário substituir a carne, basta eliminar. Eu ampliei o leque para outros vegetais”, relata.
”Melhorei a minha saúde, nunca tive problema de falta de vitamina. Não perdi massa magra. Muito pelo contrário, hoje em dia, eu tenho um corpo mais trabalhado do que antes de virar vegano”, explica ao contar que não suplementa nada e ao deixar claro que não faz uso de esteróides. A sua única preocupação é comer de forma diversificada.
Na Globo
Quando Emiliano decidiu se tornar vegano, ele ainda integrava o elenco de ‘Vai Que Cola’, um sitcom transmitido pelo Multishow e pela TV Globo. Com uma grande mudança dessas, seria natural se sentir apreensivo sobre a recepção da novidade pelo grupo do ambiente de trabalho, mas o ator conta que a sua decisão foi bem aceita tanto pela equipe de produção quanto pelos colegas de elenco.
“Sempre me respeitaram muito. Inclusive, tinha opção vegana no catering [serviço de alimentação dos bastidores] e eu sei que tive muita influência nisso”, conta ao recordar que isso incentivou outras pessoas da Globo a reduzir o consumo de carne.
“Eu lembro até de um diretor que brincou comigo e falou que o meu personagem não era vegano. Respondi que se ele quisesse contar uma história em que Maicol estivesse comendo um pedaço de carne, que tudo bem, mas não seria carne animal. Na verdade, ele só quis me provocar, testar meus limites”, lembra.
Sobre o envolvimento dos colegas de profissão com o ativismo, Emiliano afirma que muitos defendem causas importantes, mas a animal ou a ambiental atrelada à pecuária e à pesca, para ele, ainda está muito longe de ter a mesma atenção que outros temas recebem.
“Eu até vejo artistas voltados para questão ambiental, embora, muitas vezes, eu não veja essa causa atrelada com a crítica à pecuária. Falam de outras coisas, como o problema do lixo, por exemplo, mas não falam das principais causas de destruição das matas e do aquecimento global, que é a pecuária”, diz.