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Brasil pode se tornar referência em hidrogênio verde, mas ausência de legislação impede investimentos

Uma das soluções está no Marco Legal do Hidrogênio, em discussão no Senado Federal e que deve ser votado ainda nesta semana

20 mai 2024 - 08h59
(atualizado às 08h59)
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Planta de hidrogênio verde na China
Planta de hidrogênio verde na China
Foto: VCG/VCG

O uso do Hidrogênio Verde (H2V) está cada vez mais perto de se tornar comum no Brasil, segundo especialistas. O químico é gerado por energia renovável ou por energia de baixo carbono, o que contribui para a preservação do meio ambiente.

No entanto, o 'trampolim necessário' para o real desenvolvimento do combustível no País está na criação de uma legislação própria, que regulamente o tema e garanta segurança financeira a investidores da área. A solução é discutida no Senado Federal, por meio do Marco Legal do Hidrogênio Verde, que deve ser votado nesta terça semana, conforme apurou o Terra

Em entrevista à reportagem, o senador Otto Alencar (PSD-BA), que é relator da proposta discutida na Comissão Especial do Hidrogênio Verde, afirmou que 'já é tarde demais' para o Brasil não ter a legislação necessária para o tema. O parlamentar demonstra otimismo quanto às perspectivas do uso do elemento químico enquanto fonte de energia sustentável.  

"No momento em que você começa a produzir energia limpa, você vai diminuir a emissão de gás poluente, o efeito estufa vai diminuir e, consequentemente, a experiência de alteração climática. Hoje, é uma situação que causa muitas catástrofes no mundo. Como, por exemplo, no Rio Grande do Sul. Essa é uma pauta do momento", afirma o parlamentar sobre a urgência da discussão e a preservação dos biomas, a manutenção do clima e a produção de energia limpa.'

O professor Helton José Alves, do Departamento de Engenharia Química da Universidade Federal do Paraná (UFPR), afirma que o fato de o Brasil ter grande matriz de fontes renováveis de energia favorece a produção do H2V. O especialista desenvolve um trabalho científico na universidade no qual tenta entender como o hidrogênio pode ser retirado de outras matérias-primas, como o biogás e o biometano, e da eletrólise da água, um dos caminhos mais usados para a produção da energia renovável.

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De acordo com Alves, além de ser competitivo por causa da matriz energética diversificada, a biomassa torna o cenário ainda mais otimista para o Brasil. 

"Essas tecnologias que hoje estão focando no uso da biomassa para produzir biogás e hidrogênio também tendem a se tornar consolidadas com o tempo", afirma. 

O potencial do mercado brasileiro já é notado no mercado internacional. A Alemanha, por exemplo, financia projetos já de olho no mercado a médio e longo prazo, segundo uma reportagem do Estadão.

De uma forma prática: onde o Hidrogênio Verde pode ser usado?

A descarbonização da economia é o ponto principal do problema ambiental, que cada vez mais se transforma em catástrofes como as que são vistas no Rio Grande do Sul. Portanto, é possível sonhar com o uso do hidrogênio verde em:

  • Veículos leves e/ou de passeio, como os automóveis e motos;
  • Veículos mais pesados, como os caminhões, ônibus, trens e aviões;
  • Indústrias de cimento, aço, alimentos, fertilizantes e petroquímica, etc.

"Basicamente, o hidrogênio verde é bem estudado para três grandes frentes de trabalho: a mobilidade urbana, para processos de combustão e para processos industriais. Então, quando a gente vê essas três frentes, olhamos o horizonte de 2050 e a gente entende que, sim, é factível ir até 2050 em termos técnicos científicos, mas em termos de aplicações já urbanizadas dentro da nossa sociedade, principalmente nas grandes companhias e também no que tange a questão de mobilidade urbana", avalia o engenheiro de controle e automação Leopoldo Marcelino Silva.

O horizonte citado por Silva é uma projeção dos cientistas do período em que será possível encontrar o H2V como combustível popular mais acessível entre os variados setores econômicos. Porém, há um consenso entre a comunidade científica que o processo de barateamento da produção do H2V será natural.

"É muito complexo, tem muita especulação. Quando a gente fala, por exemplo, da área ambiental e desse contexto do hidrogênio, nós estamos mirando muito lá em 2050. Mas nós temos visto, por exemplo, nas Olimpíadas de Tóquio, no Japão, mais de 500 veículos a hidrogênio circulando durante a Olimpíada. Ou seja, é uma demonstração de que a tecnologia está aí, está disponível", acrescenta o professor Helton José Alves.

Os dois especialistas concordam que esse é um processo em rápido desenvolvimento e, cada vez mais, contará com o apoio dos mais variados grupos sociais.

"Mas, para isso, há alguns requisitos que têm que ser vendidos, como a questão do custeamento das tecnologias, por exemplo. Há também um ponto muito importante: a gente já teve conhecimento da questão do marco regulatório. O hidrogênio verde não tem um marco regulatório dentro do Brasil. Então, isso dificulta um pouco essa questão de viabilidade e segurança para que as empresas, de fato, sintam de forma mais pesada nesse segmento", reforça Leopoldo Silva.

*Repórter do programa de trainee 'Focas', do Estadão

Fonte: Redação Terra
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