Instituto trabalha há 10 anos pela restauração florestal da Baía de Guanabara
O Projeto Guapiaçu leva dezenas de crianças para conhecer o milenar jequitibá-rosa do Parque Estadual dos Três Picos
O Instituto Ação Socioambiental (ASA) é uma organização formada por profissionais de diferentes áreas com um ideal comum: a integração sustentável do ser humano com o meio ambiente. Um de seus principais projetos, o Guapiaçu, foi criado em 2013 e já está na 4ª edição.
A organização atua na região hidrográfica da Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro, contemplando Cachoeiras de Macacu, Magé, Itaboraí, Guapimirim e Maricá. Além do Instituto, há uma rede de parcerias responsável pelo cuidado da fauna e da flora em regiões vizinhas, composta pelo Projeto Meros do Brasil e Projeto Coral Vivo.
O Projeto Guapiaçu tem como objetivo básico a restauração de áreas degradadas da Mata Atlântica e seus ecossistemas associados. Suas principais linhas de atuação são a restauração, a educação ambiental e o monitoramento da biodiversidade.
Ao longo dos 10 anos, o projeto já restaurou 290 hectares. “A partir de imagens de satélites, a gente observa áreas de baixa produtividade e baixa aptidão para agricultura ou pecuária, e que, pelo Código Florestal, deveriam estar protegidas. A grosso modo, são áreas de preservação permanente de beira de rio e de topo de morro, com grande declividade”, explica Gabriela Viana, presidente e fundadora do Instituto ASA (assista à entrevista no vídeo acima).
Depois do mapeamento, o projeto faz uma busca ativa pelos proprietários para acordar um reflorestamento nessas áreas. “Nosso trabalho é de converter, levar a palavra da restauração florestal para pessoas que ainda têm algum preconceito ou alguma dúvida sobre o assunto”, diz Gabriela. A partir do termo de cooperação entre o proprietário e o Instituto, a organização fica responsável por captar recursos para a restauração; por outro lado, o dono da terra se compromete a não fazer nenhuma intervenção que prejudique o processo.
O Projeto Guapiaçu tem também um programa integrado de educação ambiental. No ensino infantil, a equipe visita escolas e busca sensibilizar as crianças para o cuidado e a proteção da fauna e da flora por meio de atividades lúdicas. No fundamental e médio, as crianças são levadas às unidades de conservação da região, como a Apa da Bacia do Macacu e o Parque Estadual dos Três Picos: “Nós as levamos para ter o contato com a natureza partindo de uma metodologia chamada sharing in nature. Criamos uma experiência única e emocionante para que a criança passe a ter uma outra relação com a natureza”.
No Parque Estadual dos Três Picos está o milenar jequitibá-rosa, com mais de 40 metros de altura. Conhecido pelos estudantes e moradores da região, a árvore ganhou notoriedade nacional com o remake da novela 'Renascer' (Globo, 2024).
Na trama, o personagem José Inocêncio finca um facão diante da árvore e firma um pacto: enquanto o objeto estiver ali, nem ele e nem o jequitibá podem morrer. Não se trata da mesma árvore usada nas gravações da primeira versão, em 1993, pois ela sucumbiu há 10 anos após ser atingida por um raio. Ela havia sido plantada durante o reflorestamento da Floresta da Tijuca a partir do decreto de D. Pedro I, em 1861. Ainda mais nova que a atual, que, em 1500, na chegada dos colonizadores portugueses, já tinha cerca de 500 anos de idade.
Outra etapa do Projeto é o apoio à refaunação e o monitoramento da biodiversidade. “Quando se trabalha com reflorestamento, tem-se que tomar o cuidado para que a floresta recupere todas as suas as relações funcionais e ecológicas. E esse processo demora, conforme a floresta vai se consolidando”, explica Gabriela.
O projeto conta com armadilhas fotográficas, drones e expedições a campo para monitorar a interação entre fauna e flora e principalmente garantir um ambiente saudável para as espécies reintroduzidas - como a anta, a paca, o macaco muriqui e a onça parda. “Neste monitoramento, conseguimos rastrear a presença e a chegada de animais que antes não estavam ali, considerando que se trata de uma floresta plantada”.
Além do Guapiaçu, ASA tem outros projetos como o Ação Macacu, ANTologia, Dandaras e participou em 2022 do Programa de Aceleração para Organizações do Terceiro Setor - BTG Soma III. “Nosso lema é não desistir. Agradecemos imensamente a Petrobras, pelo apoio, e também aos proprietários que nos cedem espaço para a restauração”, conclui Gabriela.
Não esqueça de dar o play no vídeo acima.