Script = https://s1.trrsf.com/update-1725913666/fe/zaz-ui-t360/_js/transition.min.js
PUBLICIDADE
 Foto: Alexandre de Pádua

‘Me chamam de ecochato’: Sergio Marone só se relaciona com quem separa o próprio lixo

O ator abriu mão de ter o próprio carro e conta suas decisões são guiadas colocando a sustentabilidade em primeiro lugar

Imagem: Alexandre de Pádua
Compartilhar
7 ago 2024 - 04h00

Faz sete anos que o ator Sérgio Marone abriu mão de ter seu carro. A decisão, pautada pela ecologia, faz com que ele se locomova com uma bicicleta elétrica. Quando as distâncias são longas, ou o peso, grande, ele opta por carros de aplicativo ou aluga um veículo elétrico.

Esta é só uma parte de uma vida guiada pela sustentabilidade, que permeia desde escolhas simples, como evitar plásticos, até outras mais profundas como com quem se relacionar. 

“Para me conquistar, a pessoa precisa ter consciência de que é importante mudar os hábitos. Há coisas mínimas que, para mim, são inconcebíveis que alguém não faça, como não separar o próprio lixo. Você tem que lavar o que é descartável para o catador de lixo não sentir o cheiro da sua comida. É básico. Na minha visão, quem não tem esse tipo de consciência não é uma pessoa interessante”, diz, em entrevista exclusiva a Planeta.

Projeto abriu os olhos para o mundo

O choque de realidade que fez Marone abraçar a causa ambiental aconteceu em 2011, ano em que ele se envolveu pela primeira vez com um movimento pró-planeta. Ele liderou a campanha “Gota d’Água”, desenvolvida junto com colegas do meio artístico. 

O projeto se deu por meio de um vídeo em que 16 pessoas questionavam a construção da usina hidrelétrica de Xingu, na Amazônia. O vídeo viralizou, e a internet foi o primeiro palco de Marone em sua nova área de atuação: a sustentabilidade.

“De repente, tinha membros das organizações responsáveis acampadas na minha casa. Tinha gente do Greenpeace, WWF e Instituto Sócio Ambiental para nos ajudar, devido à movimentação que a campanha gerou. A gente conseguiu pautar a massa brasileira sobre o planejamento da energia elétrica no nosso país – e falar sobre isso é uma caixa preta. É difícil, porque na maior parte das vezes as pessoas estão preocupadas em chegar ao fim do mês com o saldo positivo na conta. Essa é a realidade do Brasil, não podemos julgar”, diz.

No entanto, a campanha encabeçada por Marone ultrapassou as conversas superficiais sobre energia e gerou comoção plena. “A gente arrecadou um milhão de assinaturas em um período recorde de uma semana. Depois de um mês, eu estava subindo a rampa do Palácio do Planalto para entregar um milhão e meio de assinaturas a três ministros do governo da época”, relembra.

A repercussão positiva, entretanto, foi insuficiente para que brecassem a construção da usina. “Ouvimos dos três ministros, e mais assiduamente do ministro da Casa Civil, que ‘o projeto iria sair do papel porque era muito dinheiro envolvido’. Saiu, tá aí. A usina é ineficiente, a lagoa de um lado secou. Tudo o que a gente havia dito naquele vídeo aconteceu; comprometemos um dos maiores berços de biodiversidade do nosso planeta”.

Virada de chave

Apesar de o movimento não ter sido suficiente para barrar o projeto, ele representou uma virada de chave na vida de Sérgio Marone. A partir dali, o ator passou a mudar seus hábitos e viver de forma mais ecológica. 

As mudanças começaram tímidas e foram ganhando corpo. Hoje, o ator empreende na área de beleza limpa, com uma marca que traz produtos naturais e sustentáveis. Um dos maiores desafios da marca é eliminar de vez o plástico, o que Sérgio considera “um dos maiores vilões da saúde humana”. Além da “Tucano”, sua empresa, ele segue encabeçando campanhas ecológicas. 

“Depois do movimento ‘Gota d’Água', encabecei o ‘Pare de Chupar’, no Rio de Janeiro, que em um mês fez com que fosse aprovada a primeira lei de uma cidade proibindo o uso de canudos plásticos em estabelecimentos. O canudo é uma coisa que você usa uma vez por cinco minutos, joga fora e aquilo vira microplástico, consumido por seres marinhos e fluviais que, no fim, a gente acaba comendo. É uma questão, também, de saúde humana.”

Ele tem, também, um projeto audiovisual que deve sair do papel em breve: uma série documental em que viaja o mundo em busca de pessoas que fazem a transformação, gerando impacto positivo no futuro. “Sigo, ainda, colaborando com o Greenpeace e a WWF, que vira e mexe me chamam para divulgar alguma campanha”.

Marone considera importante trazer os malefícios à humanidade à pauta ecológica, sendo essa uma forma de atingir mais pessoas e trazê-las para o movimento. 

Foto: Alexandre de Pádua

Ecosexual ou ecochato?

Para o ator, não é mais possível separar a vida pessoal dos novos hábitos, inclusive quando se relaciona com alguém. Ele viralizou se autointitulando “ecossexual”, termo que descreve alguém que sente tesão em coisas relacionadas à ecologia. 

“Me deparei com esse termo na internet e me identifiquei. Ecossexuais são pessoas que sentem prazer, tesão, em rolar na grama, fazer amor na praia, tomar banho de mar pelado. Isso é ser ecossexual. Me identifiquei com isso.”

Mas não é só de tesão que vivem as redes sociais de Marone. Apesar de o hate ser mínimo, e geralmente vindo de negacionistas climáticos, a insistência em temas de sustentabilidade incomoda algumas pessoas, que já o apelidaram de "ecochato".

Já perdi dinheiro, já perdi trabalho, já perdi seguidor, já perdi tanta coisa porque nem todo mundo tá preparado para ouvir, nem todo mundo quer ouvir. Mas eu vou dormir todo dia com a cabeça tranquila de me sentir fazendo o que eu devo fazer

- Sergio Marone, ator

Foto: Alexandre de Pádua

E, para os haters que usam o termo ecochato para se referir a Marone, ele dá um recado:

“Um dia você vai me agradecer”, ri. “É ciência, não tenho que discutir com a ciência.”

Fonte: Redação Planeta
PUBLICIDADE