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O que é mais sustentável no consumo de água mineral: garrafas PET ou latas de alumínio?

Especialistas analisam o impacto ambiental de cada material e apontam as diferenças em sustentabilidade

19 ago 2024 - 05h00
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Especialistas analisam impactos de garrafas PET e de latas de alumínio para a natureza
Especialistas analisam impactos de garrafas PET e de latas de alumínio para a natureza
Foto: Reprodução/Pixabay

No Brasil, a garrafa PET ainda é a embalagem mais utilizada para consumo da água mineral, mas uma nova alternativa também vem crescendo entre os consumidores: a lata de alumínio. Embora o mercado de água em latas ainda esteja em expansão e enfrente uma dura competição com o plástico, essa opção já se estabelece como um forte concorrente para o título de "embalagem do futuro".

Mas qual seria a opção mais sustentável? Um estudo da ONG norte-americana Center for Climate Integrity mostra que apenas 9% do plástico produzido globalmente é reciclado. No Brasil, a porcentagem é ainda menor: apenas 1,3% do plástico passa pelo processo.

Por outro lado, o alumínio, embora reciclável de maneira eficiente, exige uma grande quantidade de energia para ser produzido inicialmente devido à extração da bauxita, segundo explica ao Terra Anne Caroline, catadora, comunicadora e especialista em sustentabilidade. 

Então, como decidir qual embalagem é menos prejudicial ao meio ambiente? Para esclarecer as diferenças em sustentabilidade entre as garrafas PET e as latas de alumínio, conversamos com dois especialistas que analisam o impacto ambiental de cada material.

Principais impactos ambientais

Os impactos ambientais das garrafas PET e das latas de alumínio são variados. Anne explica que a produção de PET depende do petróleo, o que leva a uma alta emissão de carbono.

"Quando descartado incorretamente, o PET pode poluir rios e oceanos por séculos. Já o alumínio, embora reciclável de forma eficiente, tem impacto inicial grande na extração da bauxita e no consumo de energia para produção", compara. 

Darci Barnech Campani, engenheiro agrônomo e professor de gestão ambiental, acrescenta que, na produção de garrafas PET, o petróleo é transformado em polímero após ser extraído e, só depois, moldado em garrafas.

"A produção do PET é um processo longo e complexo. Envolve extração de petróleo, transporte, refinamento, e a transformação em garrafas. Além disso, o PET precisa ser lavado durante a reciclagem, o que gera água contaminada com resíduos orgânicos", destaca.

Ele complementa que a reciclagem do alumínio é muito eficaz em termos de energia, consumindo apenas 5% do que é usado na produção inicial. No entanto, o especialista reforça que o processo de extração e produção inicial do alumínio tem impacto ambiental significativo devido ao alto consumo de energia. 

Consumo de recursos naturais

No que tange ao consumo de recursos naturais, Anne Caroline aponta que as garrafas PET consomem recursos fósseis, enquanto as latas de alumínio demandam uma quantidade massiva de energia elétrica na produção inicial.

"No entanto, o alumínio reciclado exige muito menos recursos, o que o torna mais sustentável a longo prazo, desde que a reciclagem seja bem-feita", observa ela.

Barnech acrescenta que, embora o alumínio tenha um consumo de energia inicial elevado, o Brasil é um dos líderes mundiais na reciclagem de latas de alumínio, principalmente devido ao valor econômico desse material para catadores e recicladores.

Reciclagem e eficiência energética

A eficiência energética na reciclagem é um ponto importante, segundo destacam os especialistas. Anne afirma que o alumínio é campeão na reciclagem, já que pode passar pelo processo reiteradas vezes, sem perder a qualidade.

"Já o PET, embora reciclável, é menos eficiente nesse processo e perde qualidade ao longo do tempo", afirma.

Barnech reforça essa visão, explicando que a reciclagem do PET envolve uma série de processos que podem ser menos eficientes e mais problemáticos em termos de resíduos gerados durante a lavagem e preparação do material reciclado.

Durabilidade e reutilização

Em termos de durabilidade e possibilidade de reutilização, o alumínio leva vantagem.

"O PET tem a possibilidade de reutilização algumas vezes, mas acaba se degradando e, por isso, não é tão vantajoso", destaca Anne.

Barnech destaca que, atualmente, a sustentabilidade pode ser vista sob diversas perspectivas. Do ponto de vista econômico, o alumínio parece ser mais vantajoso, pois sua reciclagem é mais garantida e o mercado de alumínio é estável. Em contraste, o PET enfrenta variações de preço que impactam sua reciclabilidade.

"Enquanto o PET é mais volátil no mercado, o alumínio tem um valor constante, beneficiando aqueles que trabalham com a coleta de recicláveis", completa.

Riscos ao meio ambiente e à saúde 

Anne ressalta que a produção de alumínio emite mais carbono inicialmente, mas, se reciclado, essas emissões caem. O PET, por outro lado, tem uma pegada de carbono significativa ao longo de todo o ciclo de vida, especialmente na produção e reciclagem.

Os riscos para a vida selvagem também são uma preocupação. Ela explica que o PET, quando descartado de forma inadequada, contribui para a poluição por microplásticos nos oceanos.

"O alumínio, se não for reciclado, é menos prejudicial nesse aspecto, mas, ainda assim, não deve ser jogado na natureza", diz.

Além dos riscos ambientais, Barnech cita o impacto à saúde desses materiais no longo prazo. O PET, por exemplo, é identificado como um disruptor endócrino.

"O PET pode liberar moléculas que interferem no sistema hormonal, o que é preocupante tanto para a fauna quanto para a saúde humana", alerta ele, que menciona estudos que associam o PET a mudanças hormonais em jacarés e problemas de saúde em humanos.

Já o alumínio está associado ao Alzheimer.

"Estudos indicam que a exposição ao alumínio pode contribuir para o desenvolvimento de Alzheimer, mas também é importante notar que o revestimento das latas de alumínio pode adicionar uma camada de polímero, trazendo complexidade adicional", explica.

Mas, afinal, qual seria a melhor escolha?

Anne aponta que, se a reciclagem de alumínio é viável onde o consumidor está, ele é a escolha mais sustentável.

"No entanto, a conscientização sobre o descarte e a reutilização são fundamentais para minimizar os impactos de qualquer embalagem", diz.

Apesar das vantagens do alumínio com relação ao plástico, o agrônomo Darci Barnech argumenta que outro material seria, na verdade, a melhor escolha em termos de sustentabilidade: o vidro.

"O vidro é semelhante ao alumínio em termos de reciclagem, mas não perde qualidade no processo e não apresenta os mesmos riscos ambientais que o PET", explica.

Ele destaca que a logística de retorno e lavagem das garrafas de vidro é um desafio, mas que do ponto de vista ambiental, o vidro é a opção mais sustentável.

Fonte: Redação Terra
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