Projeto transforma embalagens em peças de design: "O lixo não é um fim, é o começo"
Maravilixo quer subverter o imaginário que a sociedade tem sobre o lixo com oficinas lúdicas
A Maravilixo é um coletivo de educação ambiental e redesign que busca a ressignificação de resíduos plásticos como ferramenta de reflexão em relação aos hábitos de consumo e descarte. “Pretendemos mostrar a potência desse material, que muitas vezes é descartado sem pensar”, comenta Silvia Kohek, especialista em gestão ambiental. Assista ao vídeo acima.
O coletivo teve início com Carolina Cherubini, designer de moda, e Andreia Ribeiro, arquiteta e especialista em resíduos sólidos. Com a chegada de Bruno Zanotti, técnico em mecatrônica, foi possível criar máquinas recicladoras de plástico, integrando a rede global Precious Plastic, que disponibiliza manuais do maquinário em código aberto.
Atualmente, o coletivo desenvolve um olhar regenerativo em suas ações de arte e educação ambiental, contando com Luca Degrandis, consultor em economia circular e técnico em gerenciamento de resíduos, e Silvia Kohek.
O primeiro laboratório da Maravilixo foi acolhido pelo Ateliê Vivo na Casa do Povo e depois em sede própria no bairro do Bixiga, ambos em São Paulo (SP). Atualmente, a organização divide um laboratório de reciclagem criativa com outro projeto da rede Precious Plastic, o Projeto Siri, no espaço da iniciativa WeSampa, na Barra Funda.
Os produtos da Maravilixo são criados em oficinas: “Sentimos a necessidade de materializar esse conhecimento em objetos que as pessoas possam levar para casa e, com isso, perpetuar o conhecimento adquirido nas oficinas - compartilhando com outros ou, dependendo da técnica utilizada, replicando em casa".
Na produção, são utilizados três tipos de plástico: o tipo 2, o Polietileno de alta densidade HDPE ou PEAD, usado na composição de recipientes como garrafas de detergente doméstico, xampu e sacos de salgadinho; o tipo 4, PEBD, usado em peças de brinquedo, computador, garrafas, sacos de lixo e de mercado; e o tipo 5, Polipropileno PP, usado em canudos, tampas de garrafas e embalagens de iogurte.
Os materiais são obtidos por doação nas oficinas, parcerias do projeto, compras em cooperativas e catadores, além de sobras de produção ou produtos com defeitos de indústrias plásticas locais.
"Para nós, o lixo não é um fim, é o começo. Cada item descartado é uma oportunidade para repensar nossos hábitos de consumo e os impactos ambientais. Ressignificando os resíduos, criamos um caminho para a conscientização ambiental e a transição para uma sociedade pós-capitalista", explica Silvia.
“A vocação do projeto é transformar o descarte em uma jornada educativa. Repensando a sociedade de produção linear, a gente consegue entender nosso papel e responsabilidade como cidadão para construir um futuro circular e regenerativo, que honre a vida e a natureza”, complementa.
O maior desafio prático da Maravilixo é a limpeza dos materiais. "Ao direcionar material para reciclagem, retire o excesso de produto e alimento para evitar a proliferação de doenças e proteger a saúde dos trabalhadores".
O projeto visa ampliar a conscientização sobre os 5 R’s da sustentabilidade: reduzir, reutilizar, reciclar, repensar e recusar. Além de atuar em escolas públicas, oferecem oficinas em unidades do Sesc, festivais de música e empresas.
Não se esqueça de dar o play no vídeo acima.