Projeto transforma guarda-chuvas quebrados em roupas e acessórios
Trama Afetiva atua com práticas sustentáveis e na inclusão social por meio da moda, ressignificando resíduos descartados
“A Trama Afetiva é uma plataforma de design social e regenerativo”, explica Jackson Araújo, diretor criativo do projeto, que surgiu em 2016 como uma experiência de upcycling —termo que se refere à reutilização de peças descartadas na criação de novos produtos— e, ao longo dos anos, foi se transformando. Assista ao vídeo sobre o projeto acima.
Foi buscando soluções simples para o complexo problema dos resíduos da indústria da moda, que a Trama Afetiva começou a atuar. O projeto reunia pessoas interessadas no assunto, promovendo oficinas, encontros, rodas de conversa, painéis, exposições de arte e até show de música. Com a pandemia da covid-19, tudo se paralisou. Foi aí que desenvolveram uma nova dinâmica e começaram a estudar sobre a reutilização de guarda-chuvas descartados.
Com o fim da pandemia, o projeto voltou a promover oficinas e encontros presenciais. Junto com um grupo de mulheres egressas do sistema prisional e de pessoas trans em situação de vulnerabilidade social, realizaram a ressignificação de 800 guarda-chuvas, criando um grande painel de 20 metros quadrados feito em crochê com fitas de nylon extraídas de 800 guarda-chuvas. O trabalho foi exposto em diversos eventos junto com roupas criadas a partir do mesmo material. Com o interesse do público em comprar as peças, o projeto virou marca.
Em maio de 2023, começaram, então, a desenvolver as roupas para comercialização junto a catadoras mulheres e costureiras de periferia. “Hoje trabalhamos com duas cooperativas de reciclagem nessa ressignificação do nylon dos guarda-chuvas. Chega pra gente, cortamos tudo e mandamos para as costureiras produzirem as peças”, diz Jackson.
“A gente interdita a saída do guarda-chuva para o aterro sanitário”, explica o diretor criativo, que já contabilizou mais de 5 mil guarda-chuvas ressignificados desde o início do projeto.
Mais recentemente, passaram a colaborar com uma cooperativa que recebe todos os guarda-chuvas interditados na entrada dos shows que acontecem no estádio Allianz Parque, em São Paulo (SP). Ou seja, os próximos trabalhos serão feitos com guarda-chuvas de shows do Paul McCartney, da Taylor Swift e dos Rebeldes.
“A gente quer transformar a sustentabilidade em algo pop”, finaliza Jackson, sobre a necessidade de amplificar o tema e levá-lo para novas esferas. Assista ao vídeo da entrevista no início desta matéria.