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Ripaton de paricá: conheça instrumento musical de madeira sustentável criado por músico de SP

Criador de estilo musical e de instrumento, Tony Daniel usa a música para mudar vidas em periferia de São Paulo

30 set 2024 - 05h02
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Instituto Ripaxote de Cultura leva ensino cultural, de música e outros conhecimentos a crianças de comunidade paulistana
Instituto Ripaxote de Cultura leva ensino cultural, de música e outros conhecimentos a crianças de comunidade paulistana
Foto: Reprodução/Instagram/@Ripaxote

Tem tamborim, mas não é samba. Tem guitarra, mas não é rock. "'Não sei o que é isso, não'. Depois que a décima pessoa me falou isso, eu cheguei à conclusão de que estava criando algo novo". Foi assim que Tony Daniel Taboas, músico de 47 anos, criou um novo estilo musical: o Ripaxote, que hoje é o que move sua busca pela transformação social por meio da educação e da sustentabilidade na periferia de São Paulo.

A criação veio acompanhada do ripaton, um instrumento de percussão. Mais uma criação do músco, trata-se de uma espécie de caixa em formato octogonal, feita de madeira paricá, que produz uma batida abafada grave e estalos mais agudos quando tocada.

O som é único, mas se encaixa também em músicas populares, como mostram os vídeos que Tony publica no Instagram. Em um deles, ele toca uma música de Bruno Mars no ripaton.

"O ripaton está para o ripaxote, assim como o pandeiro está para o samba, por exemplo, a zabumba está para o forró. Porém, com o passar do tempo, o ripaton se tornou um instrumento multicultural. Então, a gente não toca somente o ripaxote, a gente toca outros estilos. Hoje, eu uso desse instrumento para transformar a vida de crianças e jovens, que para mim é a parte mais nobre disso tudo", conta Tony.

Sustentabilidade

A inovação de Tony leva em consideração a origem sustentável dos materiais usados para a confecção do ripaton. A madeira utilizada é do paricá, uma espécie que, originalmente, vem da Amazônia, mas que hoje também é cultivada na Mata Atlântica.

Essa árvore que tem como característica o crescimento rápido, e permite extração sustentável, sem provocar danos às florestas. A decisão de usar essa madeira surgiu da necessidade de conectar a criação musical com práticas ecológicas responsáveis.

"Eu queria que o instrumento refletisse não apenas um som, mas também uma consciência", conta Tony.

As criações são a base do Instituto Ripaxote de Cultura, sediado na Vila Albertina, Zona Norte de São Paulo. Cerca de 70 crianças tiveram suas vidas transformadas pelo ritmo. No local, são oferecidas aulas extracurriculares para que as crianças frequentem após irem à escola de ensino regular. 

A sustentabilidade é uma das bases da organiziação, que busca mostrar aos alunos a importância de cuidar do meio ambiente para garantir um futuro melhor. O uso do ripaton, feito de madeira ecologicamente correta, é um exemplo desse compromisso. Outra iniciativa do projeto são as campanhas de reciclagem e educação ambiental na comunidade.

Dedicado à causa, Tony Daniel tem mostrado que a música, aliada à educação e à sustentabilidade, pode ser uma poderosa ferramenta de transformação social.

"A parte mais nobre não está na criação do instrumento, mas sim no que eu tenho feito com ele, o que ele tem se tornado na vida de crianças e jovens em vulnerabilidade aqui na minha quebrada", afirma.

Instituto Ripaxote de Cultura

O currículo do Instituto Ripaxote abrange quatro pilares: arte, através da música e do ripaton; empreendedorismo; sustentabilidade e desenvolvimento socioemocional. Tony acredita firmemente no poder da educação para mudar a realidade de sua comunidade.

"Educação, para mim, vai além da escola. É sobre como você ensina, como provoca o desejo de aprender", afirma.

As aulas no Instituto são voltadas para crianças da própria comunidade, muitas delas moradoras de favelas da região. Elas aprendem sobre música, mas também são incentivadas a desenvolver suas habilidades empreendedoras desde cedo.

"Temos crianças de 12 anos já com suas próprias empresas", orgulha-se Tony, que incentiva também o desenvolvimento emocional das crianças, muitas vezes afetadas por situações de violência e vulnerabilidade social.

Além de continuar com as aulas de música e de cultura em geral, os planos incluem a abertura da Ripa Factory, uma fábrica de instrumentos musicais que visa não apenas gerar receita para sustentar o instituto, mas também ensinar jovens da comunidade a profissão de luthier. A fábrica reverterá parte dos lucros para manter as atividades do projeto e, ao mesmo tempo, dar oportunidades profissionais.

Fonte: Redação Terra
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