‘Ser sustentável não é só plantar uma árvore’, diz Juliana Schalch, atriz do SBT
A atriz da novela “A infância de Romeu e Julieta”, fala da importância de pequenas mudanças diárias para cuidar do planeta
No ar na novela “A infância de Romeu e Julieta”, do SBT, a atriz Juliana Schalch voltou a priorizar a pauta da sustentabilidade entre os temas que defende no seu dia a dia. Ela, que desde os 20 anos de idade se conectou com a natureza após uma jornada meditativa, passou a estudar causas ambientais e defendê-las assiduamente.
Juliana é mãe de Martin, de dois anos, e apesar de a conciliação entre maternidade e trabalho ter tornado escasso o tempo como ativista, ela adicionou à rotina novas atitudes sustentáveis: o filho usou fralda ecológica, ela aboliu de vez os descartáveis e segue apoiando financeiramente o Greenpeace.
“Eu sou a pessoa que abraça árvore, que gosta de passar um tempo pisando na terra. Em determinado momento, percebi que isso era algo importante para mim e que fazia muito sentido. Decidi, então, estudar sobre questões de preservação ambiental e ter esse tema como foco de luta”, conta em entrevista exclusiva a Planeta.
A atriz afirma que as iniciativas sustentáveis individuais são passos importantes, mas não são suficientes. Segundo ela, a indústria e o governo precisam ser aliados nesse processo, e o consumidor tem de se posicionar para que isso aconteça cada vez mais.
"Tem um movimento importante acontecendo, de energia renovável, de consumidores se posicionando e pedindo mais às marcas e às indústrias. A resposta para isso começou a aparecer agora, com os carros elétricos, com a energia solar. É perceptível um movimento comercial, que vai além dos cidadãos, e isso é importantíssimo", diz.
Juliana participou de alguns projetos em aldeias indígenas, mas seu ativismo é mesmo digital. É pelas redes sociais que ela divulga iniciativas sustentáveis, marcas parceiras do meio ambiente e tece críticas ao consumo desenfreado. “Voltou à moda esse discurso de que não adianta só uma pessoa fazer porque o mundo abandona a causa. Mas sinto que algumas coisas vieram para ficar: a mudança de hábitos alimentares, por exemplo, é uma tendência. Mas esse discurso volta com frequência, e não podemos nos entregar a ele”, reforça.
Chega uma hora que é difícil continuar sozinho, lutar sozinho, por isso é preciso ter uma resposta industrial, de grandes marcas, que sustente esse posicionamento sustentável. Se não tivermos isso, o produto acaba ficando muito caro e inacessível. E aí fica inviável
De passinho em passinho
Juliana não concorda com ativistas que não consideram o plástico biodegradável uma alternativa ecológica, por exemplo, e afirma que as mudanças, quando a pauta é sustentabilidade, acontecem de passinho em passinho. Ela acredita que todos esses movimentos devem ser celebrados, assim como as mudanças de hábitos: “Não precisa começar do 80, pode começar do oito, mudando uma coisa ou outra em casa, na rotina, e ir se adequando”.
“Não dá para a gente sair de milhares de toneladas de garrafas PET produzidas e ir para zero de uma hora para a outra. Tem que ter uma transição, e estamos nesse processo, que está sendo aprimorado à medida que a tecnologia vai sendo desenvolvida. Novos estudos têm mostrado que precisamos parar de usar petróleo para qualquer coisa. O petróleo é o sangue da terra. Se você o retira, o que é que sobra?”.
Nos sets de gravação, Juliana anda para lá e para cá com seu copo reutilizável, evitando assim o consumo de descartáveis. Sempre que possível, tenta compartilhar a ideia com amigos e colegas. Com a irmã, entretanto, a ideia da fralda ecológica não funcionou. As duas tiveram gestações bem próximas, mas ela conta que a irmã não se adaptou à rotina.
“É uma escolha, tem que ter disponibilidade e vontade. Mas é possível. No começo, era um pouco difícil, mas quando peguei o jeito ficou mais fácil. E as escolhas não são só com itens específicos, como fralda, mas em toda a forma como me visto. As pessoas acham que quem é ‘natural’ só usa bege, e não tem nada a ver. Adoro cor, me visto com várias, mas opto por marcas certificação B, que garante uma produção mais sustentável.”
O consumo está desenfreado, as peças, com baixíssima qualidade; aplicativos de fast fashion são infinitos – e muito mais baratos em relação a produtos ecológicos. Por isso insisto nessa bandeira.”
Caos climático já é realidade
Juliana insiste na importância de trazer para o hoje as consequências das mudanças climáticas. Segundo ela, isso não é mais um problema do futuro. A atriz cita a tragédia no Rio Grande do Sul como um exemplo concreto do que está acontecendo.
“Não sei mais o que precisa, além disso, para as pessoas entenderem que precisam cuidar do meio-ambiente. Essa tragédia teve um impacto muito forte. De repente, estamos todos debaixo d’água".