Sua roupa é reciclada: varejista recicla fios de sobras de tecidos e peças já existentes
Há cerca de seis anos, a Renner passou a adotar práticas sustentáveis na produção de peças, das quais 8 a cada 10 são mais sustentáveis
Ter um negócio sustentável tem se tornado cada vez mais necessário no nosso cotidiano, haja vista uma série de mudanças climáticas que o planeta vem passando e o aumento das temperaturas no globo. E o consumo dentro da moda tem uma papel fundamental neste contexto, já que a indústria é uma das que mais gera resíduos que vão parar em lixões, aterros sanitários e até no mar.
Receba as principais notícias direto no WhatsApp! Inscreva-se no canal do Terra
No contraponto disso, a Renner celebrou nesta semana o "#DiaDaModaResponsávelRenner", com alusão às boas práticas de ESG e as iniciativas da rede varejista para diminuir o impacto sobre o meio ambiente.
“A gente realmente acredita que é nosso papel trazer, fazer essa mudança, transformar a indústria da moda. No primeiro momento, a gente fala de Brasil sim, mas é que, globalmente, quando a gente se coloca como primeira indústria de varejo no índice da Dow Jones, a gente chama a atenção do Brasil. A gente se coloca no primeiro papel, que é o investimento de grupos financeiros, de grupos de humanos e grupos de desenvolvimento de tecnologia, mas que é parte dos nossos visuais", ressalta Renata Altenfelder, diretora de marketing e ecossistema das Lojas Renner.
A executiva se refere a um reconhecimento de 2023, em que a varejista foi apontada como a rede de moda melhor posicionada no Dow Jones Sustainability Index (DJSI), referência global entre os índices de sustentabilidade corporativa. A brasileira é a única desse segmento a estar pelo terceiro ano consecutivo no ranking.
Investimento no hoje para colher amanhã
Foi em 2018 que a Renner passou a adotar práticas mais sustentáveis em suas produções, como peças com menos danos ao meio ambiente e o programa de destinação correta e reciclagem de embalagem e roupas. Segundo dados de 2023 da organização Global Fashion Agenda, nos últimos anos 92 milhões de toneladas de resíduos têxteis foram descartados, e a tendência é de que esse número aumente em 60% em um período de oito anos. No Brasil, são 170 mil toneladas de lixo têxtil descartadas anualmente, segundo o Sebrae.
Player de uma das indústrias mais poluentes do planeta, a Renner diz que, hoje, 8 em cada 10 peças de roupas que produz são mais sustentáveis, feitas com matérias-primas e processos de menor impacto socioambiental.
Para tanto, a varejista conta com times, fornecedores e parceiros para construir soluções inovadoras. O algodão, por exemplo, é certificado. Ou seja, seu cultivo gera menor impacto para o solo e a água, promove biodiversidade e oferece condições de trabalho seguras.
A empresa também trabalha com algodão agroecológico, usado em algumas coleções da marca, como parte de um projeto do Instituto Lojas Renner. A organização apoia mais de 300 famílias em comunidades rurais de Minas Gerais, Paraíba e Ceará, com o objetivo de fomentar o empoderamento feminino.
Há também a viscose certificada, oriunda de florestas que estão livres da ameaça de desmatamento. Produzida a partir da celulose, esta matéria-prima dá origem a um tecido leve e confortável.
Outro trabalho feito pela corporação é a produção de peças com fio reciclado, obtidos por meio da desfibragem, a partir de sobras de corte de tecido ou de roupas já existentes, no pós-consumo, gerando um novo tecido. Com essa prática, é possível diminuir o uso de matéria-prima virgem e aumentar a vida útil dos materiais.
"Esse resíduo do corte ia para o aterro sanitário. Hoje, os fornecedores estratégicos, 40% já mandam, a gente faz esse controle, para dois tipos diferentes de aterro. Ou vira uma nova calça, ou vai para o processamento, para estruturar estofamento de automóvel de outra rede, de outra empresa. Imagina que colocar em aterro custa aproximadamente R$ 200 o quilo. Se o fornecedor está utilizando uma nova matéria-prima, ele passou a ter receita, ao invés de despesa. Então, esse é um efeito colateral a partir do nosso investimento em programas de educação", aponta Eduardo Felauto, gerente geral de sustentabilidade da Renner.
Mais da metade das peças de jeans e sarja produzidas pela marca demandam baixo volume de água. Quanto ao tingimento, Felauto garante que não são usados nenhum químico restrito.
Peças mais duráveis e para todas as estações
Quando falamos de moda, também pensamos no consumo exacerbado, já que a cada dia surgem novas tendências, e com elas uma nova vontade de comprar. A varejista contribui para isso, mas a Renner quer se posicionar no contraponto dessa cadeia. A varejista incorpora uma moda mais consciente, com peças mais duráveis e que atendem a mais de uma tendência ou estação.
"Claro que vamos atualizar. Mesmo o produto básico tem sempre uma atualização de moda importante que ele vai ficar mais renovado. Só que são itens que vão além de uma estação, que se conectam dentro do guarda-roupa e dentro do lifestyle do nosso cliente", explica Juliana Frasca, diretora de estilo.
"Entendemos a sustentabilidade como uma base. O nosso cliente espera isso em todos os produtos, então, não é o 'ou', é o 'e'. Trabalhamos com essa base de matérias-primas, rede de fornecimento, nosso design, repensando as novas coleções para conseguir entregar esses produtos e que sejam perenes e que o cliente consiga usar sempre e se inspirar bastante", acrescenta Juliana.
O Guia de Moda Circular, uma cartilha lançada pela varejista nesta semana, também incentiva a circularidade no setor têxtil. O material é o primeiro deste tipo no Brasil e direcionado aos fornecedores da varejista, mas pode ser consultado pelos clientes no site da empresa.
"A aplicação da economia circular ao universo da moda vem avançando rapidamente e será fundamental para o futuro. Entendemos que a Renner pode e deve desempenhar o papel de facilitadora nessa jornada, estimulando a mudança não só no nosso negócio, mas no nosso setor e na própria sociedade", finaliza Ferlauto.