Avaliada em R$ 5,2 bi, esmeralda "amaldiçoada" retorna ao Brasil após enfrentar furacão, sequestro e disputa judicial
Foram mais de duas décadas de polêmicas envolvendo a famosa esmeralda Bahia
Com 380 quilos e um valor estimado em até R$ 5,2 bilhões, a famosa esmeralda Bahia deve, finalmente, voltar ao Brasil após mais de duas décadas de polêmicas. A pedra, considerada uma das maiores do mundo, passou por uma trajetória digna de filme, envolvendo contrabando, um ataque de onça, o furacão Katrina e uma série de litígios judiciais.
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A esmeralda foi encontrada em 2001 na Serra da Carnaíba, na Bahia, uma região rica em minerais e conhecida como um dos maiores polos de mineração de esmeraldas no Brasil. Com cerca de 180 mil quilates, a Bahia rapidamente ganhou fama não apenas por seu tamanho impressionante, mas também por sua história, que lhe rendeu a reputação de ser "amaldiçoada".
Seu valor é avaliado entre R$ 2,3 bilhões e R$ 5,2 bilhões, dependendo da análise do mercado, conforme divulgado pelo jornal El País.
Ataque de onça, contrabando e furacão
O transporte inicial da esmeralda foi marcado por desafios. O jornal The Independent relata que a pedra foi retirada da floresta em uma carroça puxada por mulas, e um desses animais foi atacado por uma onça durante o trajeto, quase comprometendo a entrega.
Em 2005, a Bahia foi contrabandeada para os Estados Unidos, camuflada como "betume natural", um material asfáltico usado para impermeabilizações. A declaração falsa, registrada no Aeroporto de Guarulhos, na Grande São Paulo, permitiu que a pedra, avaliada em bilhões, fosse exportada com um valor irrisório de apenas US$ 100 (aproximadamente R$ 605 na cotação atual).
No mesmo ano, a esmeralda sobreviveu ao furacão Katrina enquanto estava armazenada em um depósito nos EUA. Embora o local tenha sido inundado, a pedra permaneceu intacta, reforçando sua reputação ser “amaldiçoada”.
No mesmo ano, contrabandistas tentaram leiloar a esmeralda no site de vendas eBay, com um lance inicial de US$ 19 milhões (R$ 114 milhões). No entanto, a venda nunca foi concluída, levantando suspeitas sobre a legalidade da operação.
Durante sua estadia nos Estados Unidos, a Bahia se tornou alvo de uma negociação fraudulenta de diamantes e até de um falso sequestro, adicionando mais capítulos à sua já tumultuada história.
Disputa internacional pela posse
Em 2008, a esmeralda foi localizada e apreendida pela polícia em Las Vegas após uma denúncia. A operação contou com helicópteros e forças especiais. Desde então, a pedra permaneceu sob custódia das autoridades americanas, inicialmente como evidência em investigações.
A disputa pela posse envolveu diversas partes, incluindo empresas americanas, o governo brasileiro e empresas. Em 2015, o Brasil conseguiu bloquear a pedra nos EUA, com o apoio do Ministério Público Federal e da Advocacia-Geral da União (AGU).
Após anos de batalha legal, em 2022, a Justiça brasileira reforçou sua posição, garantindo que a esmeralda é patrimônio nacional e deve retornar ao país. A AGU validou essa decisão junto aos tribunais americanos, consolidando o direito brasileiro sobre a pedra.
A expectativa é que a esmeralda seja exposta permanentemente em um museu brasileiro. Enquanto a AGU sugeriu o Museu Nacional como destino, especialistas apontam o Museu Geológico da Bahia como um local mais adequado, devido à origem da pedra, de acordo com o El País.