'Banho de floresta': conheça a terapia japonesa que pode ser implementada no SUS
Técnica está em estudo pela Fiocruz em parceria com o IAB desde 2021
Se alguém te oferecesse um 'banho de floresta', você aceitaria? Não estamos falando sobre se refrescar em cachoeiras ou riachos no meio do mato e, sim, em ficar admirando uma área verde, sentir as texturas das árvores, cheirar as flores, caminhar com tranquilidade e conseguir aproveitar esse momento para uma respiração tranquila por pelo menos uma hora. Essa é a definição da terapia florestal desenvolvida pelo governo japonês há 41 anos.
Embora pareça simples e possa, inicialmente, gerar desconfiança em relação aos seus resultados, os benefícios do shinrin-yoku, como a técnica é conhecida em japonês, são extremamente importantes para controlar diversos problemas de saúde. É comprovado cientificamente que o silêncio e o contato com o 'espaço verde' promovem serenidade, ajudam a expandir a percepção sensorial e a redução do estresse.
No Brasil, um programa da FioCruz em parceria com o Instituto de Arqueologia Brasileira (IAB), está discutindo os benefícios do 'banho de floresta' para a população brasileira. Em entrevista ao Terra, Guilherme Franco Netto, coordenador do Programa de Saúde, Ambiente e Sustentabilidade da Fiocruz (FioPROSAS), explicou que o objetivo do projeto é permitir que as pessoas se beneficiem dessa prática, ao mesmo tempo em que a natureza também tem uma interação mais apropriada dos seres humanos em seus territórios.
A proposta visa ampliar a difusão do 'banho de floresta' no País por meio de estudos e pela capacitação de ecotuners [especialistas que orientam os novatos nessa técnica]. O intuito é incluir futuramente a prática como parte das práticas integrativas e complementares oferecidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
“A literatura científica internacional fornece evidências de benefícios significativos para a saúde humana, tanto física quanto mental, ao praticar o banho de floresta. Estes incluem a redução dos níveis do hormônio do estresse, diminuição da insulina e da glicose sanguínea, bem como a redução da pressão arterial. Além disso, promove a sociabilidade e o restabelecimento dos sentimentos de bem-estar no cotidiano das pessoas”, avaliou Netto.
Embora exija orientação de um profissional treinado, a prática é acessível e amplamente realizada em todo o mundo, adaptando-se às diversas formas de implementação. A terapia exige grande dedicação do participante, pois consiste em uma experiência meditativa de silêncio, observação e interação com a natureza, semelhante a exercícios praticados no mindfulness.