Biden viu 'destruição e seca história' em voo sobre a Amazônia, diz ambientalista
O cientista Carlos Nobre foi o único brasileiro a acompanhar o presidente norte-americano durante sobrevoo na região amazônica
A visita do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, à Floresta Amazônica ficou marcada por um cenário de 'destruição', explicou o pesquisador e ambientalista Carlos Nobre, único brasileiro a acompanhar o mandatário durante o voo sobre a região florestal próxima a Manaus (AM), no domingo, 17.
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De acordo com Nobre, foram 25 minutos de sobrevoo na região amazônica em um helicóptero, o qual deixou Manaus e avançou sobre áreas degradadas de floresta, bem como seguiu o curso dos Rios Negro, Solimões e Amazonas, severamente afetados por uma seca histórica desde 2023.
"Ele viu a destruição que tem ali do lado de Manaus. Toda aquela área desmatada, degradada, vimos regiões com incêndios que aconteceram recentemente e do ano passado, com milhares de árvores mortas. Outra coisa que surpreendeu muito foi quando passamos sobre dois incêndios que estavam acontecendo na floresta a nordeste de Manaus", disse o pesquisador ao UolNews nesta segunda-feira, 18.
Nobre afirmou, ainda, que deu detalhes a Biden sobre a seca nos rios amazônicos, que atingiram recordes de baixo volume entre 2023 e 2024: "A gente via todos os rios que chegavam ali, todos sequíssimos, áreas muito degradadas. Foi para mostrar ao presidente Biden o risco que temos na Amazônia, isso é aquecimento global e também toda a destruição que temos feito na Amazônia nas últimas décadas", completou.
A visita de Biden à Amazônia aconteceu às vésperas da cúpula do G20, que acontece entre esta segunda-feira e a próxima terça, 19, no Rio de Janeiro. A passagem por Manaus marcou, também, a primeira visita de um presidente dos EUA em exercício à Floresta Amazônica.
Aporte no Fundo da Amazônia
Durante a visita, Biden fez um pronunciamento à imprensa e confirmou o envio de mais US$ 50 milhões (R$ 289 milhões) para o Fundo da Amazônia, o que elevará as contribuições totais dos EUA para o Fundo Amazônia para US$ 100 milhões (R$ 579 milhões).
O presidente também anunciou o lançamento da Coalizão Brasil de Financiamento da Restauração e da Bioeconomia para apoiar projetos de restauração até 2030. A coalização irá contar com investimentos privados e públicos na casa dos US$ 10 bilhões (R$ 570 bilhões).
Em seu pronunciamento, feito diretamente do Museu da Amazônia (MUSA), Biden destacou os esforços de seu governo para combater as mudanças climáticas e destacou a importância da preservação para as próximas gerações. "A luta para proteger o nosso planeta é uma luta pela humanidade, para as futuras gerações", iniciou.
"É geralmente dito que a Amazônia é o pulmão do mundo, mas eu quero lembrá-los de que as nossas florestas e tesouros naturais são o coração e a alma do mundo. Eles nos unem, nos inspiram e nos fazem orgulhosos de nossas heranças culturais, são uma conexão com o passado e o nosso futuro, um direito de nascença que passamos de geração em geração", afirmou o democrata.
"A Amazônia foi criada ao longo de 50 milhões de anos. A história está de olho em nós agora, vamos preservar esse lugar sagrado", finalizou.
Mais cedo, Biden sobrevoou o Encontro das Águas dos rios Negro e Solimões e a Reserva Florestal Adolpho Ducke. Ele estava acompanhado de Carlos Nobre, cientista brasileiro, ganhador do Prêmio Nobel e especialista em como as mudanças climáticas, e deu seu conselheiro climático John Podesta. Durante o voo, Biden pode testemunhar como os efeitos da seca no Rio Negro e outras áreas degradadas em decorrência das queimadas.