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Biodiesel pode evitar emissão de 320 bilhões de toneladas de CO2, diz CEO da Binatural

O incremento do biodiesel na mistura do diesel e o advento do hidrogênio verde estão entre os exemplos de avanços destacados em painel do 'Estadão Summit ESG 2024'

27 set 2024 - 01h56
(atualizado às 07h44)
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Em 2022, o setor de biodiesel consumiu cerca de 150 milhões de litros de óleo de fritura, evitando a contaminação de 3,8 trilhões de litros de água, cita André Lavor, CEO da Binatural
Em 2022, o setor de biodiesel consumiu cerca de 150 milhões de litros de óleo de fritura, evitando a contaminação de 3,8 trilhões de litros de água, cita André Lavor, CEO da Binatural
Foto: Felipe Rau/Estadão / Estadão

Atualmente, o biodiesel representa 14% da mistura do diesel no Brasil. Um incremento nessa composição pode reduzir significativamente a emissão de dióxido de carbono (CO2), de acordo com André Lavor, CEO da Binatural. "Com o potencial de aumentar a mistura de biodiesel no diesel para 25% até 2035, o Brasil pode deixar de emitir mais de 320 bilhões de toneladas de CO2 na próxima década", disse Lavor, durante o painel Soluções Inovadoras para o Futuro dos Combustíveis, no Estadão Summit ESG 2024, nesta quinta-feira, 26, em São Paulo.

Lavor comentou a importância do projeto de lei conhecido como "Combustíveis do Futuro", aprovado no Congresso e programado para ser sancionado em outubro. "O projeto busca descarbonizar a matriz de transporte do Brasil, atualmente composta em sua maioria por caminhões. A proposta inclui a ampliação do uso de biocombustíveis, como o HVO (Hydrotreated Vegetable Oil) e o SAF (Sustainable Aviation Fuel), além de fortalecer setores como o etanol e o biodiesel, que já contribuem significativamente para a redução das emissões de gases de efeito estufa", afirmou.

O HVO é um biocombustível produzido a partir de óleos vegetais ou gorduras animais que passam por um processo de hidrogenação. Já o SAF é um combustível sustentável para aviação, produzido a partir de matérias-primas renováveis, como óleos vegetais, resíduos agrícolas e resíduos sólidos urbanos.

No caso do biodiesel, que pode reduzir em até 90% essas emissões dependendo da matéria-prima utilizada, o setor tem utilizado óleos residuais, como o óleo de cozinha, para produção.

De acordo com o executivo, em 2022, o setor de biodiesel consumiu cerca de 150 milhões de litros de óleo de fritura, evitando a contaminação de 3,8 trilhões de litros de água.

Hidrogênio verde

Outra importante alternativa para os combustíveis fósseis é o hidrogênio verde. Segundo Fernanda Delgado, diretora executiva da Associação Brasileira da Indústria do Hidrogênio Verde (Abihv), a produção de hidrogênio verde tem o potencial de reduzir significativamente as emissões de carbono em diversos setores industriais, como siderurgia, química e agricultura, ao substituir combustíveis fósseis em processos produtivos.

A executiva lembrou que o Brasil já assinou Memorandos de Entendimento (MOUs) para novos projetos, especialmente no Nordeste, e se estima que o impacto dessa indústria no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro até 2050 seja de R$ 7 trilhões. "O hidrogênio verde é parte de um portfólio de soluções sustentáveis que, além de contribuir para a descarbonização, fortalece a economia nacional ao alinhar a política industrial com a política ambiental", disse.

O hidrogênio é a molécula mais abundante no universo, mas sua produção a partir da eletrólise da água utilizando energia totalmente renovável é uma inovação recente. "Esse processo, conhecido como produção de hidrogênio verde, separa o hidrogênio da água por meio de fontes como energia eólica, hidráulica e solar, o que faz do Brasil um local estratégico para esse desenvolvimento, graças à sua matriz elétrica predominantemente renovável. Além disso, o país possui condições geopolíticas favoráveis e um arcabouço legal recém-aprovado, que impulsiona a atração de investimentos em hidrogênio verde", disse Fernanda.

A produção de hidrogênio verde tem o potencial de reduzir significativamente as emissões de carbono em diversos setores industriais, diz Fernanda Delgado, diretora executiva da Abihv
A produção de hidrogênio verde tem o potencial de reduzir significativamente as emissões de carbono em diversos setores industriais, diz Fernanda Delgado, diretora executiva da Abihv
Foto: Felipe Rau/Estadão / Estadão

Eletrificação de veículos

Há dois anos, a 99 adotou uma iniciativa voltada para a eletrificação no mercado de aplicativos, com a convicção de que esse é o futuro da indústria.

"Nossa crença se baseia em três pilares. O primeiro é o impacto social para os motoristas, que podem economizar até 80% nos custos de condução, resultando em uma economia mensal de até R$ 3 mil. O segundo é o impacto ambiental, já que os carros elétricos reduzem significativamente a emissão de poluentes. E o terceiro é a governança, fundamental para estruturar essa transição", disse Thiago Hipolito, diretor sênior de Inovação na 99.

'Entendemos que sozinhos não alcançaríamos essa meta', diz Thiago Hipolito, diretor sênior de Inovação na 99
'Entendemos que sozinhos não alcançaríamos essa meta', diz Thiago Hipolito, diretor sênior de Inovação na 99
Foto: Felipe Rau/Estadão / Estadão

Em 2022, a 99 fundou a Aliança pela Mobilidade Sustentável. "Ao perceber que a eletrificação é o caminho, também entendemos que sozinhos não alcançaríamos essa meta, pois a transformação exige a colaboração de vários setores. Hoje, após dois anos e meio, a Aliança conta com 19 empresas de diferentes setores, todas empenhadas em coordenar esforços para massificar a produção e o uso de carros elétricos no país", afirmou.

Madeira para cozinhar

David Zylbersztajn, professor e coordenador do Instituto de Energia da PUC Rio, trouxe uma estatística alarmante. mais de 20% da população brasileira ainda utiliza madeira para cozinhar.

Segundo ele, essa prática, muitas vezes esquecida em discussões sobre energias renováveis e biocombustíveis avançados, reflete o atraso no uso da biomassa em muitas regiões.

'Mais de 20% da população brasileira ainda utiliza madeira para cozinhar', observa David Zylbersztajn, professor e coordenador do Instituto de Energia da PUC Rio
'Mais de 20% da população brasileira ainda utiliza madeira para cozinhar', observa David Zylbersztajn, professor e coordenador do Instituto de Energia da PUC Rio
Foto: Felipe Rau/Estadão / Estadão

"Globalmente, a situação é ainda mais grave, sendo a terceira maior causa de morte entre mulheres e crianças a inalação de fumaça proveniente da queima de madeira para cozinhar. Estima-se que 4 milhões de pessoas morram todos os anos devido a complicações respiratórias causadas por essa prática", disse Zylbersztajn.

Estadão
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