Caçadores de auroras: brasileiros chefiam expedições de observação de fenômeno raro na Islândia
Fotógrafos documentais são sócios e organizam expedições para o avistamento de auroras boreais no país insular nórdico
Dois fotógrafos brasileiros foram à Islândia para compartilhar a felicidade de seu contato com a natureza pelo mundo. Eles organizam expedições para observar auroras boreais, fenômenos naturais como cavernas de gelo e campos vulcânicos em erupção.
'A felicidade só é real quando compartilhada'. A frase do aventureiro Christopher McCandless, cuja vida inspirou a obra Na Natureza Selvagem, pauta o trabalho dos fotógrafos documentais mineiros Sabrina Chinellato e Henrique Fonseca.
Após viajarem o mundo em busca de belas paisagens, os dois se instalaram na Islândia, onde organizam expedições para 'compartilhar a felicidade' no lugar onde 'gelo e fogo convivem em harmonia'.
Aurorais boreais, cavernas de gelo, glaciares, lagos termais e campos vulcânicos em erupção são alguns dos fenômenos naturais que fazem com que a Islândia pareça 'outro planeta'. No entanto, a escolha pela ilha europeia como destino para as expedições não aconteceu por acaso, como explicam em conversa com o Terra.
Em uma viagem que durou três anos e meio e chegou a ser temporariamente interrompida pela pandemia da covid-19, Sabrina e Henrique conheceram 60 países. "A gente tinha o objetivo de experimentar esse sentido de vida e da natureza mesmo, conhecer os extremos do mundo, do Deserto do Saara ao Ártico", explicou a fotógrafa.
Segundo Sabrina, apesar da oportunidade de conhecer paisagens únicas pelo mundo, foi a Islândia que os cativou 'por uma série de fatores', como a intensa atividade vulcânica e a presença de glaciares, que rendem o apelido de 'Terra do Gelo e do Fogo' à ilha nórdica, além de um fenômeno visual muito especial.
"Nessa viagem, a gente também teve a oportunidade de ver e caçar as auroras boreais, um fenômeno muito diferente, indescritível. Poder presenciar o céu sendo tomado pelas cores, pela energia e pelo movimento é algo muito fantástico. Então, a gente escolheu a Islândia para ser a nossa segunda casa, para trabalhar, fotografar e compartilhar essa paixão com outras pessoas que gostariam de conhecer", acrescentou.
Expedições de 'caça'
Para viabilizar o desejo de compartilhar a experiência islandesa com outras pessoas, os sócios fundaram a 'Terra Adentro', um negócio para a organização de expedições com turmas fechadas pelos destinos naturais do país.
A partir da capital Reykjavik, Sabrina, Henrique e o guia local Einar Thor acompanham um grupo fechado de turistas em uma expedição de 'caça' às auroras boreais, além de outras paisagens.
'Caça' porque o avistamento de auroras boreais exige conhecimento técnico, análise das condições de clima e muito planejamento prévio, explica Henrique. Caso contrário, a observação 'à sorte' pode frustrar o turista.
"Por ser um fenômeno raro, a gente têm que fazer todo um monitoramento para identificar o dia mais adequado, os horários com mais chances de visualização. Como estamos lidando com um fenômeno da natureza, é impossível trabalhar com exatidão, mas conseguimos fazer o melhor com as probabilidades que temos", afirma o fotógrafo.
Henrique afirma ainda que os roteiros são planejados com o objetivo de otimizar as chances de visualização das auroras boreais, como cidades e hotéis mais afastados dos centros urbanos da Islândia. O planejamento também envolve estudar as condições climáticas das regiões que serão visitadas.
"Alguns lugares têm, estatisticamente, maior concentração de nebulosidade, o que dificulta a visualização. Com esse acompanhamento sendo feito dia a dia, aumentos muito as nossas taxas de sucesso na observação das auroras boreais", ressalta.
Perrengues fazem parte da experiência
Os sócios explicam também que o clima extremo da Islândia é um dos desafios na hora de planejar as expedições. Isso porque as condições climáticas podem mudar repentinamente, como no caso de um grupo que, durante a viagem, foi surpreendido por uma tempestade de ventos que chegaram a 150 km/h.
"Esse é um dos motivos pelos quais a gente aconselha as pessoas a não viajar sem um guia por aqui, é preciso experiência para lidar com esse tipo de situação. Nesse caso, tivemos que esperar a tempestade passar em um lugar seguro. É maravilhoso, mas é um clima bastante remoto", completa Sabrina.
Para Henrique, apesar do amor pelo país nórdico, a adaptação não foi fácil. Ele conta que teve a própria paixão por aventuras a seu favor quando precisou se acostumar com a Islândia. Atualmente, o fotógrafo se diz nômade e divide seus dias entre o trabalho na ilha, visitas à família no Brasil e viagens a outros destinos. Já Sabrina vive na Itália quando não está trabalhando como guia.