Capacete de moto dá piolho? Saiba curiosidades e orientações sobre a infestação
Sociedade Brasileira de Pediatria alerta para problema comum em crianças, mas adultos não estão imunes; entenda
Só de pensar, já dá aquela coceirinha na cabeça. A pediculose, conhecida popularmente como piolho, foi o ‘terror’ das crianças e dos pais por muito tempo. Ou será que ainda é? Para desmistificar o problema e acalmar a família, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) divulga uma série de orientações sobre a infestação do parasita Pediculus Humanus.
É importante saber que a pediculose é causada pela presença de ácaros parasitas no couro cabeludo, os famosos piolhos. Esses bichinhos tão pequenos se infestam rápido e causam um incômodo danado. A coceira toma conta e parece que o infectado não tem mais paz. Apesar de ser tentadora, a prática é perigosa. “O ato de coçar pode causar lesão no couro cabeludo com risco de infecção bacteriana”, alerta a SBP.
Além do ‘coça-coça’ sem fim, outros sintomas podem ser observados na pessoa que está com piolho. “Escoriações e crostas, em especial na parte de trás da orelha e nuca”, detalha a SBP. Quando a infestação chega nesse estágio, identificar o problema se torna mais fácil.
Por outro lado, em algumas pessoas, o diagnóstico não vem tão rápido assim. A organização alerta que nem sempre coçar a cabeça é indicativo de piolho. Isso porque o sintoma é comum, mas não é regra nos casos de pediculose. A orientação é a de sempre olhar com atenção para o couro cabeludo, para casos assintomáticos de infestação de piolho.
Receita caseira contra piolho funciona?
A atenção ao couro cabeludo é mais eficaz que as receitas caseiras mirabolantes que fazem as crianças ficarem com a cabeça ‘de molho’ em casa. Lavar o cabelo com água quente, passar margarina, maionese, álcool ou vaselina não mudam em nada o quadro da infestação.
Quem garante é a SBP. Segundo a organização, além de não ter comprovação científica de eficácia, as alternativas caseiras, que geralmente envolvem passar um produto tópico no couro cabeludo da criança, podem piorar a situação. “O uso de agentes oclusivos podem ocasionar irritação local, dermatite de contato entre outras doenças”, destaca o órgão.
Porém, gastar na fármacia com os remédios com indicação médica não é a única forma de erradicar o problema. A SBP recomenda a combinação entre a boa e velha toalha branca e um pente fino para a remoção da pediculose “Mais importante que qualquer medicação é a remoção mecânica das lêndeas com pente bem fino e a remoção dos piolhos realizada com meticuloso cuidado”.
Lêndea não morre
As lêndeas são os ovos que os piolhos botam no couro cabeludo da pessoa infestada. Esses ‘pontinhos’ brancos ficam tão grudados na cabeça que só o pente fino consegue remover. Geralmente, o paciente acaba não se livrando do piolho com rapidez por ter deixado passar algum resquício das lêndeas.
“Os medicamentos não eliminam os ovos. Se as lêndeas não forem retiradas, darão origem a novos piolhos”, explica a SBP.
Ou seja: não existe remédio que mate os ovos do Pediculus Humanus. A solução é ‘malhar o braço’ no pente fino até ter a certeza de que não restou nenhum ovinho.
Fique de olho para não transmitir
Ao contrário do que muitas pessoas ainda pensam, piolho não voa. A informação ajuda até a rastrear a origem da infestação e avisar aos que tiveram contato direto com o transmissor. Para os pais de crianças infectadas, a SBP considera extremamente necessário comunicar o problema à escola.
A medida ajuda a conter a transmissão da pediculose e identificar uma possível infestação mais rapidamente. “Uma vez encontrados piolhos e lêndeas na cabeça da criança, todas as pessoas que tenham contato direto com esse transmissor, devem ser avaliadas”, instrui a organização.
É indicado ainda que, mesmo sem sintomas, os familiares da pessoa infectada passem o pente fino no couro cabeludo e lavem com água quente ou a seco todas as roupas, roupas de cama, chapéus, toalhas, lenços, tiaras, pentes e escovas de uso recente. Os objetos que não puderem ser lavados, não devem ser utilizados por 2 semanas.
Todo esse cuidado, claro, é para quando o problema for diagnosticado. Para os pais com filhos em período escolar, não há outra alternativa a não ser observar o couro cabeludo da criança com atenção, já que, segundo a SBP, não há medicação preventiva ou repelentes que evitem a pediculose.
Cuidado ao compartilhar capacetes!
Com a popularização das corridas de moto por aplicativo, viralizou nas redes sociais diversas dicas para não pegar piolho no capacete emprestado pelo motorista. Infelizmente, a preocupação não é piada da internet. É real.
Vale lembrar que não são apenas as crianças que podem sofrer com o piolho. Adultos também são vítimas da infestação e nem sempre o transmissor é uma criança. Além do contato entre cabeças, a pediculose também pode ser passada por bonés, capacetes ou outras superfícies de contato com o couro cabeludo.
Isso significa que, se uma pessoa com piolho usa o capacete e, em seguida, outra sem o problema utiliza o mesmo objeto, possivelmente ela pegará piolho. A dica é investir em acessórios que criem uma barreira entre o capacete e o couro cabeludo de quem for usá-lo. Vale de tudo: bonés, toucas descartáveis e lenços.