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Chance de morrer atingido por raio como jogador peruano é inferior a 1 em 1 milhão

Efeitos indiretos contribuem mais com mortes e lesões do que a ocorrência direta; veja mitos e verdades sobre raios e saiba como se proteger

5 nov 2024 - 05h02
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Noite de tempestade em Porto Alegre, Rio Grande do Sul
Noite de tempestade em Porto Alegre, Rio Grande do Sul
Foto: Paulo Hoeper/Getty Images

Casos como o que ocorreu com o jogador peruano José Hugo de la Cruz Meza, que morreu aos 39 anos ao ser atingido por um raio durante uma partida de futebol, são bem raros, segundo o Grupo de Eletricidade Atmosférica (ELAT), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). 

A probabilidade de uma pessoa ser atingida diretamente por um raio é inferior a 1 em 1 milhão. No entanto, em áreas descampadas durante tempestades intensas, essa probabilidade pode aumentar para cerca de 1 em mil.

Não é a ocorrência direta de raios que mais contribui para mortes e lesões, como destaca o ELAT. Os riscos associam-se, na maioria das vezes, a efeitos indiretos próximos ou consequências secundárias das descargas atmosféricas. 

Jogador de futebol peruano morre ao ser atingido por raio durante a partida:

Mas o que é um raio?

Segundo o ELAT, os raios são descargas elétricas de grande intensidade que conectam o solo e as nuvens de tempestade na atmosfera. Com uma intensidade média de 30 mil Ampères, mil vezes mais forte que um chuveiro elétrico, essas descargas podem percorrer distâncias de até 5 km.

Formados por múltiplas descargas, os raios têm duração média de meio a um terço de segundo, com cada descarga durando frações de milésimos de segundo.

O que o raio pode causar?

A corrente de um raio pode causar queimaduras e outros danos ao corpo, sendo que a maioria das mortes resulta em parada cardíaca e respiratória. Sobreviventes frequentemente enfrentam sequelas duradouras, tanto psicológicas quanto físicas. Além disso, os raios provocam incêndios e interrupções nas linhas de energia.

Os raios são exclusivos da Terra?

Curiosamente, raios não são exclusivos da Terra; evidências de sua existência foram observadas em Vênus, Júpiter, Saturno e Urano.

Pesquisas também indicam um aumento visível de incidências em áreas urbanas, correlacionado ao fenômeno de aumento de temperatura e ao aumento da poluição.

Qual é a incidência de mortes no Brasil? 

Mais de 800 pessoas morreram por causa de raios no Brasil nos últimos 10 anos, segundo um levantamento feito pelo ELAT em 2023. 

O País, de acordo com os dados, lidera globalmente em incidência de raios, com cerca de 78 milhões de descargas anuais. Embora haja uma tendência de queda nas mortes, o Brasil ainda tem um número significativamente alto em comparação com outros países.

A cada 50 mortes por raios no mundo, uma ocorre no Brasil, que é o segundo país com maior mortalidade na América Latina e o sétimo no mundo.

O levantamento do Grupo de Eletricidade Atmosférica ainda mostra que a maioria das mortes ocorre na primavera, verão e outono, sendo mais comuns em áreas rurais e em residências em contato com a rede elétrica.

É possível o raio atingir o mesmo lugar mais de uma vez?

Segundo o ELAT, é possível sim. Isso ocorre frequentemente em locais com alta incidência de raios. Um exemplo é o Cristo Redentor, cartão-postal da cidade do Rio de Janeiro, que sofre cerca de seis impactos anuais de raios.

Além disso, um raio é formado por mais de uma descarga e algumas delas podem atingir o solo em locais diferentes. Em cerca de 50% dos raios negativos - que trazem cargas negativas da nuvem para o solo -, mais de um ponto é atingido.

Como se proteger de um raio?

Há algumas formas de se proteger de um raio, e o Grupo de Eletricidade Atmosférica do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais oferece orientações sobre isso, confira abaixo:

Refúgios seguros:

  • Carros não conversíveis, ônibus ou outros veículos metálicos não conversíveis;
  • Moradias ou prédios, de preferência que possuam proteção contra raios;
  • Abrigos subterrâneos, tais como metrôs ou túneis;
  • Grandes construções com estruturas metálicas, ou em barcos ou navios metálicos fechados.

Dentro de casa:

  • Evite usar telefones com fio ou celulares ligados à rede elétrica (utilize telefones sem fio);
  • Mantenha distância de tomadas, canos, janelas e portas metálicas;
  • Evite tocar em equipamentos elétricos conectados à rede elétrica.

Ao ar livre:

  • Evite segurar objetos metálicos longos (como varas de pesca e tripés), empinar pipas e aeromodelos com fio, andar a cavalo;
  • Evite áreas sem proteção adequada, como pequenas construções não protegidas (tais como celeiros, tendas ou barracos);
  • Evite veículos sem capota, tais como tratores, motocicletas ou bicicletas;
  • Evite estacionar próximo a árvores ou linhas de energia elétrica.

Locais perigosos durante tempestades:

  • Topos de morros ou cordilheiras;
  • Topos de prédios;
  • Áreas abertas, campos de futebol ou golfe;
  • Estacionamentos abertos e quadras de tênis;
  • Proximidade de cercas de arame, varais metálicos, linhas aéreas e trilhos;
  • Proximidade de árvores isoladas;
  • Estruturas altas, tais como torres, linhas telefônicas e linhas de energia elétrica.

Sinais de alerta:

  • Esteja atento aos sinais, como pelos arrepiados ou coceira na pele, indicativos da proximidade de um raio.
  • Se sentir esses sinais, ajoelhe-se, curve-se para frente, coloque as mãos nos joelhos e a cabeça entre eles, evitando permanecer deitado.
Fonte: Redação Terra
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