Chimpanzés aprenderam a usar ervas medicinais para tratar doenças; veja como humanos podem se beneficiar
Estudo pioneiro revelou que primatas são capazes de buscar plantas específicas em seu habitat para tratar enfermidades e ferimentos
O uso de plantas medicinais acompanha a evolução humana desde a pré-história. Os primeiros registros de ervas usadas para o tratamento de enfermidades e combate a insetos e fungos datam de 3.000 anos antes de Cristo. Milênios depois, pesquisadores revelaram que chimpanzés, na natureza, também fazem o uso de vegetais com propriedades curativas e anti-inflamatórias.
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Uma equipe de pesquisadores da Universidade de Oxford passou cerca de quatro meses na Reserva Florestal de Budongo em Uganda, na África. Os cientistas analisaram uma família de 51 chimpanzés e observaram atentamente cada planta e erva consumida pelos primatas.
Um caso em particular cativou os cientistas: um chimpanzé macho, que estava com uma das mãos machucada, deliberadamente procurou por folhas de samambaia para comer. Mais tarde, uma amostra da planta revelou altos níveis de compostos anti-inflamatórios, responsáveis por diminuir dor e febre local.
Outro exemplar foi um jovem primata que se alimentou das folhas de uma planta conhecida como espinho-de-gato, tradicionalmente usada para tratar casos de vermes intestinais. Em outro momento, os pesquisadores analisaram as fezes do chimpanzé e comprovaram que ele sofria, de fato, com uma infecção parasitária grave.
Responsável pela pesquisa, a especialista em Antropologia Elodie Fryemann afirmou que o conhecimento dos chimpanzés sobre as florestas podem ajudar na descoberta de compostos para a produção de novos medicamentos. Os resultados foram publicados na revista científica PLOS One.
"Estudar a auto-medicação dos chimpanzés é como um trabalho de detetive, em busca por evidências multidisciplinares. Meses de estudos comportamentais nos levaram a plantas com altos níveis de bioatividade", afirmou a especialista ao tablóide britânico Daily Mail.
Um outro passo da pesquisa é entender como os chimpanzés chegaram às plantas com potencial medicinal, afirma Fryemann: "Nesse momento, somos levados a crer que alguns comportamentos são instintivos, mas algumas ações e plantas específicas dão indícios de que os comportamentos são aprendidos entre as comunidades animais".
Algumas das ervas comidas pelos primatas, inclusive, já são usadas na medicina tradicional em regiões africanas: "Nosso estudo evidencia o conhecimento medicinal que podemos observar de outras espécies e destaca a necessidade de protegermos as florestas e esses animais para as próximas gerações", finaliza a pesquisadora.