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Cochilos de 4 segundos e 11h de sono por dia: saiba como pinguins-de-barbicha sobrevivem

Estudo publicado na revista Science revela que pinguins tem breves períodos de sono, que duram apenas alguns segundos cada

9 jan 2024 - 05h00
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Resumo
Pesquisa revelou que os pinguins-de-barbicha na Antártica adotam 'microssonos' para descansar enquanto protegem seus ninhos, acumulando 11 horas de sono por dia. O estudo ainda mostra que essas aves acumulam mais de 10 mil microssonos, com uma duração média de aproximadamente 4 segundos cada.
Pinguins-de-barbicha
Pinguins-de-barbicha
Foto: Johnny Johnson/Getty Images

Pinguins-de-barbicha na Antártica adotam uma abordagem única para o descanso, dormindo em curtos intervalos conhecidos como "microssonos", revelou um estudo publicado na revista Science. Esses breves períodos de sono, que duram apenas alguns segundos cada, somam aproximadamente 11 horas de sono por dia para as aves, oferecendo-lhes uma maneira de repousar enquanto permanecem atentas aos seus ovos e filhotes.

O estudo começou após Won Young Lee, pesquisador em ecologia comportamental no Instituto de Pesquisa Polar da Coreia, realizar uma expedição de campo na Antártica em 2014 e observar, pela primeira vez, pinguins em momentos de descanso. “Eles não dormiam por longos períodos. Eles apenas tiravam uma soneca e acordaram, cochilavam e acordavam", afirmou ele em entrevista à revista científica.

Os estudiosos já tinham conhecimento de que pinguins em cativeiro, de diversas espécies, costumavam adotar pequenos cochilhos, em vez de longos períodos de sono. No entanto, o modo como esse comportamento se manifestava em aves selvagens e seus benefícios em comparação com períodos de sono mais extensos permaneciam desconhecidos.

Após essa primeira observação, quatro anos atrás, Lee e seus colegas dirigiram-se a uma colônia de pinguins-de-barbicha que estavam construindo ninhos na Ilha Rei George, na Antártida. Os pais pinguins enfrentavam constantemente a tarefa de proteger seus ovos e filhotes contra aves marinhas predadoras e outros pinguins, enquanto seus parceiros se dedicavam à busca por alimentos, muitas vezes por dias consecutivos. “É barulhento, fedorento e lotado”, descreve Lee.

A situação também não proporcionava tranquilidade para os pesquisadores, que quase não conseguiam dormir e trabalharam por longas horas para capturar 14 pinguins e equipá-los com registradores de dados para monitorar a atividade cerebral, além de acelerômetros para registrar movimentos musculares e posições corporais.

Os cientistas conseguiram identificar comportamentos sonolentos, como olhos cerrados e cabeças inclinadas. Além disso, durante a pesquisa, os cientistas observaram que os pinguins dormiam, em média, quase metade do dia, acumulando milhares de microssonos, cada um com uma duração média de 4 segundos. Mesmo durante essas curtas sonecas, os pássaros atingiram o estágio de sono de ondas lentas, crucial para o repouso reparador.

Ao analisarem os registros dos dispositivos de monitoramento, os pesquisadores identificaram que as aves dedicavam, em média, quase metade de cada dia ao sono, acumulando mais de 10 mil microssonos, com uma duração média de aproximadamente quatro segundos cada. Em situações específicas, os pássaros até mesmo adotavam essa forma de cochilo enquanto se balançavam nas ondas durante as atividades de coleta de alimentos no mar.

Paul-Antoine Libourel, neurofisiologista do Centro de Pesquisa em Neurociências de Lyon e coautor do estudo, destaca que essa fragmentação contínua do sono é incomum em comparação com outras espécies. Mesmo durante esses breves cochilos, as aves entravam no estágio conhecido como sono de ondas lentas, conforme registrado em suas ondas cerebrais.

Esse tipo de sono é essencial para a restauração e reparo, similar ao estágio três do sono em humanos, o qual Richard Jones, neurocientista do Instituto de Pesquisa do Cérebro da Nova Zelândia, menciona como sendo o estágio mais profundo e benéfico. 

Lee e os colegas pesquisadores argumentam que os microssonos podem proporcionar benefícios semelhantes aos descansos mais prolongados, incluindo tempo para a recuperação de sinapses e a eliminação de resíduos tóxicos no cérebro.

Contudo, Cirelli e outros especialistas apontam que essas sonecas curtas podem, na realidade, ser tentativas infrutíferas de atingir um sono mais profundo em um ambiente com ruídos e estressante. Para esclarecer essa questão, Cirelli sugere que os pesquisadores também investiguem os padrões de sono das aves quando não estão envolvidas na construção de ninhos, presumivelmente em um ambiente mais sereno.

Lee e Libourel têm a intenção de continuar suas pesquisas sobre o sono em outras criaturas polares selvagens, como as focas de Weddell (Leptonychotes weddellii), cujo sono de verão enfrenta o desafio da luz do dia constante. "Há animais que provavelmente conseguem suportar alguns tipos de sono que nós, humanos, não seríamos capazes", destacou Libourel à Science

Fonte: Redação Terra
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