Como as plantas carnívoras se alimentam? São perigosas para humanos? Entenda
Diferentes das outras espécies, as plantas insetívoras se alimentam de bichos; estima-se que existem mais de 800 tipos no mundo
Você já deve ter visto a imagem de uma planta carnívora engolindo uma mosca. O vegetal em questão é a Dionaea Muscipula, mais conhecido como "apanha moscas", o tipo mais famoso da espécie.
Esse grupo de plantas desperta a curiosidade e chama atenção pela forma diferente de se alimentar. Ao contrário de outros vegetais, que sobrevivem apenas da fotossíntese, as carnívoras comem insetos e alguns bichos de pequeno porte.
Como funciona
Segundo o biólogo Henrique Abrahão, a evolução dessas plantas para predadoras se deu pela busca por mais nutrientes. Elas se reproduziram em solos pobres em proteínas e nitrogênio, e, por sobrevivência, desenvolveram uma estrutura com enzimas digestivas que conseguem capturar e digerir os alimentos.
Os nutrientes dos animais servem para compensar o que elas não encontram no solo. E a alimentação não é sustentada apenas pelos bichos. Assim como as outras plantas, elas fazem fotossíntese e se mantêm dessas duas formas.
Abrahão explica que o ambiente propício para a espécie são lugares tropicais. "No Brasil, existem entre 80 e 120 espécies de plantas carnívoras, que são encontradas em quase todos os estados, como em Goiás, Minas Gerais e Bahia".
A parte mais diferente dessa espécie é o mecanismo de captura, que varia de acordo com o grupo da planta. Segundo dados da revista Global Ecology and Conservation, existem mais de 800 tipos de plantas carnívoras no mundo, com variadas formas de presas e armadilhas.
Tipos de armadilha
As armadilhas são variadas e podem ficar na superfície, ou submersas, como no caso das aquáticas. Segundo Abrahão, essa ferramenta é focada na captura das presas: "Servem exclusivamente para a alimentação. Em alguns casos, bichos - que não são presas - podem se abrigar dentro delas e defecar, o que acaba gerando alimento, porque elas se aproveitam dos nutrientes das fezes". Vejas os tipos:
Jaula
A planta mais conhecida desta espécie é a Dionaea muscipula, conhecida como "apanha-moscas". Para atrair os insetos, ela libera néctar no ar. Os "pelinhos", que ficam na ponta da planta, detectam a presença da presa e se fecham rapidamente. No interior, as enzimas digestivas decompõem o inseto, e depois descartam a estrutura de sustentação dele.
Jarro
Como o próprio nome aponta, a armadilha que tem formato de jarro emite néctar. Plantas como a Nepenthes possuem estrutura escorregadia, fazendo o inseto deslizar para parte interna do vegetal. No fundo, o bicho fica preso a um líquido com enzimas digestivas. Os exoesqueletos dele ficam dentro do jarro e são jogados fora quando ocorre a troca de folhas. Por ter uma estrutura maior, a planta consegue predar insetos, sapos e até roedores.
Adesiva
Um exemplo de planta adesiva é a Drosera, que se alimenta de insetos pequenos. Ela possui uma estrutura longa, coberta com glândulas colantes, que prendem as presas. Os tentáculos se parecem com gotas de orvalho, que enganam os insetos e os atraem à folha. Assim que o bicho pousa na planta, ela se enrola e mucilagem pegajosa faz a digestão do inseto.
Sucção
Plantas com esse tipo de armadilha têm o visual diferente das demais, como a Utriculária. São aquáticas e parecidas com flores como a orquídea, como é o caso da Utricularia. Têm pequeno porte e formato garrafal. Elas hibernam durante o inverno para resistir ao frio. Para se alimentar, possui vesículas pequenas, que podem ser subaquáticas ou subterrâneas. Assim que a presa se aproxima, ela tenciona e a suga para dentro. As presas são insetos de solo ou de água como larvas, mosquitos ou crustáceos.
Enguia
As armadilhas dessa espécie ficam nas raízes, possuem o formato de um 'Y' invertido e podem ser subterrâneas ou subaquáticas. Os insetos são atraídos pelas raízes à procura de abrigo. Eles entram pelos pequenos buracos e são conduzidos até uma vesícula, onde é feita a digestão.
É perigosa para humanos?
O biólogo afirma que essas plantas não levam perigo às pessoas e são comumente cultivadas em casa. "Elas não possuem veneno, não possuem peçonha, não podem morder, o perigo é zero para seres humanos", afirma.
Para ter em casa, é preciso de alguns cuidados, pois as plantas gostam muito de água, e precisam ser regadas com frequência. Outro fator importante é não colocá-las em um solo rico em nutrientes. Isso não faz bem para as carnívoras, que são acostumadas com solos mais pobres e compensam seus nutrientes com os insetos.