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Como é o gelo superiônico, que resiste a temperaturas e pressões extremamente altas

É notavelmente diferente e, segundo os cientistas, pode ser uma das formas mais comuns de água no Universo

6 nov 2023 - 05h00
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Imagem ilustrativa do "Gelo Negro"
Imagem ilustrativa do "Gelo Negro"
Foto: Foto: Gettyimagens

Você já ouviu falar sobre o Gelo Super Iônico? Em formato de cristais, esse gelo --também conhecido como Gelo Negro (por causa da sua cor preta)-- não derrete fácil e resiste a temperaturas e pressões extremamente altas. Algo que não só parece de outro mundo, como de fato é, provando a complexidade da água.

É notavelmente diferente e, segundo os cientistas, pode ser uma das formas mais comuns de água no Universo. Isso porque já foi encontrado em Urano e Netuno e acredita-se que também seja prevalente em exoplanetas similares, explicando as diferenças em seus campos magnéticos.

O que explica a diferença entre o gelo iônico e superiônico?

Na Terra, geralmente vemos a água como uma molécula simples, com um átomo de oxigênio ligado a dois hidrogênios, mantendo uma estrutura fixa quando congelada. Mas a água superiônica tem uma estrutura diferente, como explica o pesquisador do Instituto de Física da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Maurice de Koning, no estudo Água sob condições extremas: as estranhas fases superiônicas.

Na água superiônica, por causa do extremo calor, as moléculas de água se separam e os íons de oxigênio se cristalizam em uma rede uniformemente espaçada, enquanto os íons de hidrogênio flutuam livremente dentro da rede de oxigênio. Isso faz com que esse tipo de água se encontre ao mesmo tempo sólida e líquida.

De acordo com o professor, o gelo superiônico exibe um comportamento semelhante ao de um sólido, com uma viscosidade muito superior à de um fluido convencional. Esse tipo de fluxo pode ser comparado a uma dinâmica lenta.

Teorias levantadas em 1988 e comprovadas em 2019

Há cinco anos, os cientistas recriaram pela primeira vez um gelo superiônico, para experiências de laboratório, e, há quatro anos, confirmaram sua existência e estrutura cristalina, que já era teorizada desde 1988.  

Estudos recentes visam compreender essa fase da água para entender a dinâmica dos núcleos dos chamados "gigantes de gelo", como Urano e Netuno. Segundo Koning, os dois planetas têm campos magnéticos excepcionalmente peculiares.

"Suas características incluem a notável distância entre o eixo magnético e o eixo de rotação, bem como um deslocamento do centro do dipolo magnético. Essas particularidades são muito diferentes daquelas observadas em outros planetas, como a Terra. Acredita-se que tais campos magnéticos incomuns possam estar relacionados à dinâmica do fluxo de gelos no interior dos planetas."

Esses planetas têm pressões extremas de 2 milhões de vezes a da atmosfera da Terra e interiores tão quentes quanto a superfície do Sol --que é onde a água fica "estranha".

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Fonte: Redação Terra
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