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Corantes descartados em rios provocam cegueira e má formação em peixes, aponta pesquisa

Estudo desenvolvido pela Universidade de São Paulo acende alerta sobre potenciais riscos de corantes químicos à vida aquática

1 jul 2024 - 05h00
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Em 2012, empresa foi multada após vazamento de corantes químicos no Rio Cachoeira, em Joiville (SC)
Em 2012, empresa foi multada após vazamento de corantes químicos no Rio Cachoeira, em Joiville (SC)
Foto: Reprodução

Um estudo desenvolvido pela Universidade de São Paulo (USP) revelou que corantes químicos, usados em grande escala pela indústria têxtil, têm provocado cegueira e outras má formações em peixes de água doce. O trabalho foi realizado em colaboração com a Universidade de Lisboa, de Portugal. 

Os efeitos nocivos de três tipos de corantes de tonalidade vermelha foram identificados pela primeira vez em laboratório. São eles o Disperse Red (DR) 60, DR 73 e DR 78, cujos efeitos foram testados em larvas e embriões de peixes-zebra, espécie ornamental também conhecida como 'paulistinha'. 

Para os testes em laboratório, foram usadas concentrações de corantes semelhantes às detectadas em amostras de água de rios que recebem descarte de indústrias. Segundo os pesquisadores da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP), os efeitos observados abrangem entre problemas de visão e alterações no comportamento de locomoção dos peixes.

Corantes descartados em rios provocam cegueira e má formação em peixes, aponta pesquisa
Corantes descartados em rios provocam cegueira e má formação em peixes, aponta pesquisa
Foto: Reprodução/Jornal da USP

“No caso particular do DR 60 a possibilidade de afetar diretamente os olhos das larvas é de grande preocupação ambiental, mas também do ponto de vista da saúde humana”, explicou Bianca de Arruda Leite, uma das pesquisadoras responsáveis pelo projeto, ao Jornal da USP

Entenda o efeito provocado por cada tipo de corante: 

  • O DR 60 causou problemas nas estruturas oculares, reduzindo a área e modificando a morfologia dos olhos, além de alterações no padrão natatório. Segundo Bianca, a dificuldade de distinguir claro e escuro sugere que as larvas estavam cegas;  
  • O DR 73 afetou o desenvolvimento geral das larvas, impedindo que a bexiga natatória inflasse. De acordo com a professora Danielle Palma de Oliveira, coordenadora da pesquisa, isso significa uma deficiência natatória e de controle da posição do peixe na coluna de água; 
  • Já o DR 78 provocou a redução da velocidade natatória e o estresse oxidativo das larvas, o que significa que os animais despenderam mais energia para o sistema de defesa desintoxicar o organismo, afirma Danielle. 

Os resultados, segundo os pesquisadores, também foram observados em testes com baixas concentrações de corantes, indicando um alerta às autoridades para a regulamentação de novas substâncias químicas, além da liberação dos compostos ao meio ambiente. 

Os corantes são amplamente utilizados em diferentes ramos industriais, entre têxteis, farmacêuticos, alimentícios e cosméticos, com algumas das substâncias já comprovadamente tóxicas à vida aquática. Segundo Danielle, mais de 15% dos corantes usados no mundo são inadvertidamente lançados como poluentes em ambientes aquáticos. 

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Fonte: Redação Terra
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