Crise climática impõe perdas sobretudo aos mais pobres, diz Lula na ONU
Presidente ainda afirmou que o planeta precisa vencer a resignação que faz aceitar a injustiça da desigualdade
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta terça-feira, em discurso na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), que a crise climática impõe perdas sobretudo aos mais pobres e que o mundo está cada vez mais desigual.
"Volto hoje para dizer que mantenho minha inabalável confiança na humanidade, reafirmando o que disse em 2003", iniciou Lula. “Naquela época, o mundo ainda não havia se dado conta da gravidade da crise climática. Hoje, ela bate às nossas portas, destroi nossas casas, nossas cidades, nossos países, mata e impõe perdas e sofrimentos a nossos irmãos, sobretudo os mais pobres", pontuou.
“A fome, tema central da minha fala neste Parlamento Mundial 20 anos atrás, atinge hoje 735 milhões de seres humanos, que vão dormir esta noite sem saber se terão o que comer amanhã. O mundo está cada vez mais desigual".
De volta à ONU, Lula ainda afirmou que o planeta precisa vencer a resignação que faz aceitar a injustiça da desigualdade e que reduzi-la envolve incluir os pobres nos orçamentos nacionais e fazer os ricos pagarem impostos proporcionais.
Lula também cobrou os países mais ricos dentro da agenda ambiental. "Agir contra as mudanças no clima implica pensar no amanhã e enfrentar desigualdades históricas. Países ricos cresceram baseados no modelo com alta taxa de emissão de gases danosos ao clima", pontuou, acrescentando que as responsabilidade "são comuns, mas diferenciadas".
"Os 10% mais ricos são responsáveis por quase metade de todo o carbono na atmosfera. Nós, países em desenvolvimento, não queremos repetir esse modelo. No Brasil, provamos uma vez e vamos provar de novo que o modelo socialmente justo e ambientalmente responsável é possível".
“Sem a mobilização de recursos financeiros e tecnológicos não há como implementar o que decidimos no Acordo de Paris e no Marco Global da Biodiversidade. A promessa de destinar 100 bilhões de dólares para os países em desenvolvimento permanece apenas isso, uma promessa. Hoje esse valor seria insuficiente para uma demanda que já chega à casa dos trilhões de dólares", acrescentou.