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Cúpula da Amazônia é chance de o Brasil se posicionar na bioeconomia global, dizem especialistas

Representantes de entidades destacam que bioeconomia já é tendência mundial, mas que País ainda não participa de setor que movimenta US$ 7,7 trilhões

8 ago 2023 - 09h13
(atualizado às 11h50)
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Presidente Lula ao lado das ministras Marina Silva e Sonia Guajajara
Presidente Lula ao lado das ministras Marina Silva e Sonia Guajajara
Foto: Ricardo Stuckert

As discussões sobre o desenvolvimento de uma economia sustentável e agregadora com a floresta devem estar entre as principais pautas abordadas na Cúpula da Amazônia, que começa oficialmente em Belém, no Pará, nesta terça-feira, 8, com a presença de oito chefes de Estado de países da região.

Para especialistas ouvidos pelo Estadão, o evento também será uma oportunidade de ouvir todos os players do Brasil nas atividades necessárias para o desenvolvimento de uma bioeconomia que vá no caminho das necessidades e prioridades da região e dos povos originários.

"A pauta ambiental no Brasil tem ganhado um viés econômico", afirma a ex-secretária do governo do Estado de São Paulo e cofundadora da AYA Earth Partners, Patricia Ellen, destacando que o Brasil está seguindo uma tendência que já está ganhando peso em outras partes do mundo.

"Se o Brasil adotar opções baseadas na economia verde, cerca de R$ 2,8 trilhões podem ser adicionados ao PIB nacional. Além disso, há expectativa de acréscimo líquido de 2 milhões de empregos na economia brasileira. Esse, aliás, é um modelo que pode ser aplicado a todos os países amazônicos", afirma.

A especialista da instituição destaca que hoje já existem negócios bem-sucedidos na Amazônia, mas é preciso ganhar escala para, de fato, gerar uma nova economia amazônica.

O presidente do Instituto Capitalismo Consciente Brasil, Hugo Bethlem, é de uma opinião similar. Ele destaca que um dos grandes diferenciais do evento é reunir os países com presença na Amazônia.

"Não vamos resolver os problemas de desmatamento e degradação florestal sem envolver todos os que possuem responsabilidade sobre a Amazônia, mesmo que o Brasil seja o principal responsável por esse cuidado", afirma.

Para ele, no entanto, é preciso mudar a percepção sobre os produtos já presentes na região, como o açaí e o guaraná. Bethlem afirma que a partir do momento que estes produtos ganharem escala, será possível não só proteger os ecossistemas amazônicos, mas também atender aos interesses das populações locais.

Hoje, o principal desafio enfrentado pelo Brasil para o desenvolvimento de uma economia sustentável, segundo o presidente do Instituto Capitalismo Consciente, é o crime organizado. "A ameaça é o crime organizado no Brasil, Colômbia e Peru, mas devem ser um foco de todos. Caso contrário, a promessa do presidente Lula de zerar esse desmatamento em 2030 não será realizada".

A diretora-executiva e gestora da Rede Origens do Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora), Patricia Cota Gomes, diz que durante o fórum Diálogos Amazônicos, evento que começou na última sexta-feira, 4, como um "esquenta" para a Cúpula, foi dado um destaque à bioeconomia como uma pauta está se tornando intrínseca à discussão na Amazônia, mostrando o peso da discussão econômica na pauta de meio ambiente.

Ela afirma que, embora a discussão tenha sido relevante durante estes primeiros dias, é preciso haver investimentos, de fato, neste novo modelo econômico para que ele se desenvolva e se torne uma realidade. "É essencial olharmos para essa pauta como olhamos para as commodities 40 anos atrás. Hoje é parte estratégica da nossa economia e somos um player relevante, mas pela importância que damos para a pauta desde o início."

Estadão
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