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Em SP, rios Pinheiros e Jaguaré têm qualidade de água ‘péssima’, aponta relatório

Dos 145 pontos de coleta na Mata Atlântica, referentes a 14 estados, 5 estão classificados como ‘péssimos’ – sendo 4 na cidade de SP

24 mar 2025 - 20h09
(atualizado às 22h09)
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Os três pontos de coleta para análise da qualidade de água do Rio Pinheiros, na capital paulista, foram classificados como "péssimos"
Os três pontos de coleta para análise da qualidade de água do Rio Pinheiros, na capital paulista, foram classificados como "péssimos"
Foto: Reprodução/Semil/GovSP

Dois dos rios da cidade de São Paulo estão com a qualidade de água péssima, aponta relatório do programa Observando os Rios, do SOS Mata Atlântica, divulgado na sexta, 21. O estudo analisou 145 pontos de coleta em rios do bioma, distribuídos em 67 municípios de 14 estados. No total, 5 pontos foram classificados como ‘péssimos’ – sendo três referentes ao rio Pinheiros e um referente ao rio Jaguaré, ambos na capital paulista.

Com base no Índice de Qualidade de Água (IQA), a outra amostra analisada como ‘péssima’ é do Ribeirão dos Meninos, em São Caetano do Sul. Esses cinco pontos do estado de São Paulo já haviam obtido a pior classificação do índice – que passa pelas qualidades ótima, boa, regular, ruim ou péssima – no ‘Retrato da Qualidade da Água nas Bacias Hidrográficas da Mata Atlântica’ do ano anterior. 

“É uma água que não serve para nada”, aponta o coordenador da causa Água Limpa da Fundação SOS Mata Atlântica, Gustavo Veronesi, ao Terra.

“O rio classificado como péssimo significa que ele não pode ter nenhum tipo de vida, a não ser os microorganismos que realizam a decomposição da matéria orgânica, e tão pouco pode ser utilizado para algum fim do ser humano”, complementa Veronesi.

Dos 145 pontos de coleta, analisados entre janeiro e dezembro de 2024, em 20 a água foi considerada ruim. Já em 11 pontos a qualidade foi boa e, na maior parte dos casos, 109, predominou a qualidade regular. Além disso, assim como no ano passado, nenhum ponto analisado atingiu a classificação de qualidade ótima. Para o especialista, a estagnação dos índices e o aumento de pontos classificados como ruins mostram que não há avanço real quanto a melhorias nos rios da Mata Atlântica.

E o Rio Tietê? Tanto o rio Tietê como o Pinheiros são foco de desassoreamento – processo de limpeza com remoção de sedimentos – em projeto tocado pelo Governo de SP. Mas, diferente do Pinheiros, o Tietê não apareceu como ‘péssimo’ no relatório. 

O rio Tietê, que passa por 62 municípios paulistas, foi avaliado em oito pontos. Em cinco se mostrou regular (Mogi das Cruzes, Itu, Laranjal Paulista, Guarulhos e Barra Bonita), em dois apresentou qualidade ruim (Mogi das Cruzes e Itaquaquecetuba) e em um foi classificado como bom (Botucatu).

Entre ações eficazes que podem mudar esse cenário, Veronesi aponta que o que ainda falta é coleta e tratamento de esgoto da forma adequada, e garantir a universalização do saneamento básico, meta do Novo Marco Legal do Saneamento Básico prevista para ser cumprida até 2033.

Além disso, ele explica ser necessário cuidar das nascentes, das matas ciliares – “de preferência, principalmente em áreas urbanas, criando parques lineares para proteger as margens dos rios” –, diminuir o uso de agrotóxicos na agricultura e conter o desmatamento da mata atlântica. Outro ponto que ele cita é a necessidade de fazer um manejo adequado dos resíduos sólidos urbanos, “chamando as responsabilidades das empresas para aplicar a logística reversa, que consta na lei de resíduos sólidos de 2010”. 

Como o relatório enfatiza, “Índices de Qualidade da Água precários afetam diretamente a saúde da população, o equilíbrio ambiental e a sustentabilidade do país”. A partir disso, deixam um alerta: “Nossos rios estão por um triz e agir agora é a única opção.”

Tabela mostra o comparativo entre os 127 pontos de análise que foram analisados tanto em 2023 quanto em 2024 pelo Observando os Rios
Tabela mostra o comparativo entre os 127 pontos de análise que foram analisados tanto em 2023 quanto em 2024 pelo Observando os Rios
Foto: Reprodução/SOS Mata Atlântica

Pioras por São Paulo

São Paulo é o estado onde se concentra a maioria dos pontos de análise do Observando os Rios e também foi o estado com maior quantidade de rios com piora na qualidade da água. Confira algumas das cidades com pioras nos resultados e as análises apresentadas pelo estudo do SOS Mata Atlântica:

  • Atibaia, com o córrego Onofre saindo da média regular para ruim: “Essa alteração pode ter sido consequência do longo período de estiagem no ano passado - as primeiras chuvas da estação úmida não conseguiram diluir a concentração de poluentes”;
  • Ilhabela, com os córregos Feiticeira e Ribeirão que estavam enquadrados com uma condição boa, passando para a média regular: “A piora na qualidade das águas desses córregos pode estar relacionada às obras de alargamento da via principal que passa sobre eles, afetando diretamente suas condições”. Já o córrego Itaguaçu/Itaquanduba foi de regular para ruim, podendo ter sofrido essa deterioração devido ao “crescimento de construções irregulares e proximidade com o emissário de efluentes em operação do município”.
  • Salto, com o rio Jundiaí tendo sua média de resultados caindo de boa para regular: “Apesar de ter um coletor tronco de esgoto próximo ao ponto de coleta, a suspeita é de que deve haver despejos irregulares de esgotos domésticos”;
  • Santo André, com o rio Comprido caindo de regular para ruim: “Lá existe uma grande pressão imobiliária, com muitas obras em andamento, o que gera aumento populacional e consequentemente maior geração de esgoto, que, não sendo devidamente encaminhado para estação de tratamento, acaba despejado no rio”;
  • São Paulo, capital, com o córrego do Sapateiro passando de qualidade boa para regular: “É um corpo d’água formador do lago do Parque Ibirapuera, o mais conhecido da cidade, que sempre tem oscilação nas médias de resultado, variando entre boa e regular”.

O que dizem as prefeituras e o Governo de SP

Ao Terra, a Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (Semil) do Estado de São Paulo informou que foram retirados mais de 600 mil metros cúbicos de sedimentos nos últimos dois anos do rio Pinheiros, com um investimento superior a R$ 93 milhões. Nesse período também já foram retiradas 83,4 mil toneladas de lixo do rio, trabalho que custou R$ 148 milhões aos cofres públicos, segundo a pasta.

O Estado também informou que é realizada continuamente no rio Pinheiros a retirada do lixo flutuante, que chega ao curso d'água por meio das chuvas ou é jogado diretamente no rio pela população, assim como serão plantadas 100 mil árvores em sua margem a partir da quinta-feira, dia 27, “formando um corredor verde, em parceria com a Empresa Metropolitana de Águas e Energia (Emae)”.

“De acordo com a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), em 2023, nos quatro pontos de monitoramento da Companhia no Rio Pinheiros, houve registro de um ponto com qualidade regular, dois com qualidade ruim e um com qualidade péssima. Em 2024 os dados apontam melhora no IQA anual, com um ponto regular e três ruins. Não houve nenhum ponto classificado como péssimo na média anual”, complementou a Semil.

Ainda segundo a Cetesb, foi informado que desde 2019 “já foram conectados mais de 650 mil imóveis ao sistema de coleta e tratamento de esgoto na bacia do rio Pinheiros – superando em 22% a meta inicial de 533 mil. No total, aproximadamente 2 milhões de pessoas passaram a ser atendidas com o ciclo completo do saneamento. O investimento da Sabesp foi de cerca de R$ 1,7 bilhão”.

Com relação ao Estado como um todo, o governo conta já ter revitalizado 225 rios em 143 cidades por meio do Programa Rios Vivos, com investimento de R$ 139,7 milhões. Um novo ciclo do programa foi iniciado na sexta, dia 21, visando atender 150 cidades com investimento de R$ 250 milhões.

A Cetesb também anunciou na sexta um reforço no monitoramento da qualidade da água do estado, com investimento de R$ 8,6 milhões em 6 novas estações automáticas. Já pela SP Águas, agência reguladora de recursos hídricos, serão investidos R$ 41 milhões na ampliação da fiscalização do uso da água e barragens, em sistemas de monitoramento hídrico e radares de prevenção contra desastres.

O reportagem também acionou as prefeituras de São Paulo, São Caetano do Sul, Atibaia, Ilhabela, Salto e Santo André, citadas na matéria, em busca de pronunciamentos sobre as questões e não obteve retorno até a publicação desta matéria. O espaço segue aberto e o texto será atualizado em caso de resposta.

Fonte: Redação Terra
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