Amazônia Brasileira: Um Panorama para as próximas décadas
Nos últimos anos a questão climática está sendo debatida no âmbito político a nível global, muito por conta das projeções e estudos científicos desenvolvidos.
Reprodução: Agência Brasil
Nos últimos anos a questão climática está sendo debatida no âmbito político a nível global, muito por conta das projeções e estudos científicos desenvolvidos. Em virtude dos impactos ocasionados, principalmente em comunidades que vivem sob vulnerabilidade social, estudos vêm indicando a necessidade da implementação de meios que venham a mitigar os impactos das mudanças climáticas.
Em 2009, a Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável (FBDS) realizou, em parceria com alguns setores acadêmico e empresarial, um compilado de estudos sobre o impacto das mudanças climáticas no Brasil. Em uma das publicações, intitulada Mudanças Climáticas e Eventos Extremos no Brasil, temos diversos pontos abordados com foco em três pilares ligados à economia do país: as condições meteorológicas extremas, os sistemas de energia elétrica e a adaptação do setor agrícola.
Neste ponto há um fator em comum, que nos leva ao nosso ponto central desse texto, a Amazônia. A floresta amazônica tem estimulado o interesse internacional, tanto científico quanto político, por conta da sua imensa biodiversidade e seus recursos naturais. Mas os cientistas estão tentando entender a forma de conexão entre esse ecossistema e as catástrofes climáticas a nível global.
Por meio das projeções geradas pelo Coupled Model Intercomparison Project (CMIP), analisamos o cenário futuro do clima sobre a região da Amazônia Legal brasileira durante o solstício de verão baseando-se nas principais variáveis: precipitação pluviométrica e temperatura do ar. O CMIP é um projeto que está vinculado ao Programa Mundial de Pesquisas Climáticas (WCRP), buscando compreender da melhor forma as mudanças e variabilidades. Desde 1995, o CMIP coordena modelos climáticos que envolvem vários pesquisados da linha de modelagem do mundo todo, e atualmente o projeto encontra-se na sexta fase, o CMIP 6.
Dentre os quatro cenários apresentados (SSP1-2.6, SSP2-4.5, SSP3-7.0 e SSP4-8.5) analisaremos o projeto do SSP3-7.0, que mostra um cenário dito como intermediário. No qual, a modelagem gerada é de um planeta onde o aquecimento segue aumentando e a política climática não é implementada eficientemente.
Créditos: Reinaldo Matheus Reis Ribeiro
Temos a climatologia da precipitação (1984-2014) espacializada, onde o Sudeste com acumulado acima de 1000 mm, abrange parte da área do arco de desmatamento. Enquanto o Norte e Noroeste acumulam números menos expressivos, abaixo de 400 mm. Quando analisamos o campo de anomalia de precipitação fica mais evidente os possíveis impactos que a mudança climática ocasionará. Esta anomalia é gerada a partir da diferença entre a precipitação do cenário futuro (2030-2059) e o cenário presente (1984-2014), ficando perceptível a redução dos acumulados na Região Nordeste e central da Amazônia, principalmente sobre o norte do Amapá.
De maneira geral, mais da metade da região que compõe a Amazônia Legal tende para a redução nos acumulados pluviométricos. Com exceção do setor leste e sudeste. Os reflexos dessa redução são observados na temperatura do ar, onde o aumento de 1,7 °C acima da média sobre o setor norte da Amazônia mostra a sensibilidade das mudanças climáticas.
Conclui-se que a ausência ou ineficiência da política climática afetará em um alto grau de relevância à região amazônica. Por isso, a importância desta temática, pois alterações no clima irão ocasionar outros impactos em cadeia, como alteração no regime de precipitação em outras regiões, afetando negativamente a geração hídrica, agricultura e pecuária.