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Riscos climáticos e o Impacto no Setor Elétrico

O ano de 2022 foi marcado pela ocorrência de diversos eventos climáticos extremos que causaram grandes impactos.

26 set 2022 - 08h41
(atualizado às 11h46)
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O ano de 2022 foi marcado pela ocorrência de diversos eventos climáticos extremos que causaram grandes impactos não só a população em geral, mas também a diversos setores, como o de energia elétrica, por exemplo. Como alguns destes eventos, pode-se citar os altos acumulados de chuva em Petrópolis (RJ), Angra dos Reis (RJ), região metropolitana de Recife (PE), entre diversos outros. Em termos de impacto, todos os eventos citados causaram o aumento das ocorrências de desligamento de energia e exigiram uma ação rápida por parte das distribuidoras de energia de cada localidade. A maior ocorrência destes eventos climáticos extremos é evidenciado pelos relatórios do IPCC (Intergovernmental Panel on Climate Change) como uma das causas do aquecimento global e das mudanças climáticas. Desta forma, é evidente que os riscos climáticos precisam ser considerados no dia a dia das empresas, de forma que as mesmas possam realizar ações e investimentos para se tornarem mais resiliente frente a tais riscos. 

Quando se fala de riscos climáticos, especialmente relacionado as mudanças climáticas, pode-se dividir em riscos físicos ou de transição. Os riscos de transição estão relacionados aos riscos financeiros e de reputação relacionados a mudança da sociedade para uma economia mais sustentável e de baixo carbono, enquanto os riscos físicos podem ser classificados como riscos crônicos e os riscos agudos, onde:

  • Risco Crônico: os riscos crônicos são relacionados a mudanças nos padrões climáticos, como aumento da temperatura média global, aumento do nível do mar, entre outros;
  • Risco Agudo: os riscos agudos estão relacionados aos eventos extremos, como ciclones, tempestades intensas, tornados, entre outros.

Portanto, é importante que as empresas tenham mapeado quais são os principais riscos que afetam as suas operações. Se pensarmos, por exemplo, no segmento de transmissão de energia, os principais impactos climáticos são referentes aos riscos agudos relacionados ao aumento da frequência de tempestades intensas, que provocam raios e ventos fortes, ou ainda eventos extremos de precipitação que podem provocar a erosão do solo e afetar as torres. Elencados os riscos, é importante quantificar estas variáveis, de forma que se possa entender com qual frequência e intensidade determinados riscos podem acontecer. Um exemplo da quantificação destes riscos pode ser observado na figura 1 para chuva e rajadas de vento. É possível perceber, por exemplo, que o noroeste do Ceará é a região que mais tem sido impactada pelas chuvas, possuindo de 100 a 150 dias na década com chuva forte e com possibilidade de causar algum tipo de dano na região.

Foto: Climatempo
Foto: Climatempo

Figura 1 - Número de dias com chuva e rajadas de vento acima do percentil 90 entre 2011 e 2020 para o Ceará.

Essas informações são baseadas no histórico de dados passados, no entanto, ainda é possível verificar uma tendência dos riscos para o futuro. Neste contexto, pode-se utilizar os modelos de projeções climáticas. Atualmente, o Coupled Model Intercomparison Project na sua fase 6 (CMIP6) é o conjunto de modelos de projeções climáticas mais recente para avaliar as mudanças climáticas a nível global. Os cenários do CMIP6 são organizados com base no Scenario Model Intercomparison Project (ScenarioMIP), que é a principal atividade dentro do CMIP6 para prover projeções climáticas de múltiplos modelos baseadas em cenários alternativos diretamente relacionados aos desafios que a sociedade atualmente já enfrenta e que enfrentará no futuro, como por exemplo mitigação, adaptação e impactos das mudanças climáticas. A utilização destes modelos permite que possamos verificar se há de fato uma tendência de aumento dos eventos climáticos extremos em determinadas regiões. 

Uma vez mapeada a exposição do negócio aos riscos climáticos, pode-se começar a incluir em suas operações algumas ações para mapear a sensibilidade dos ativos com relação a tais riscos, ou seja, a que determinado limiar de chuva ou temperatura, por exemplo, os ativos começam a sofrer mais impacto? A partir disso, pode-se também avaliar a capacidade de adaptação da rede e também possíveis novas tecnologias que podem ser utilizadas com foco na resiliência dos ativos. Um exemplo simples relacionado a distribuição de energia é na identificação de uma região onde ocorrem muitos dias com ventos fortes e nestas regiões a rede possui muitos postes de madeira, possuindo uma resistência mais baixa. Desta forma, uma opção é a substituição destes postes de madeira por postes de concreto que, por possuírem uma maior durabilidade, também aumentam a resiliência da rede frente a estes dias de vento forte que foram mapeados. 

A identificação e quantificação dos riscos desta maneira não se restringe apenas a investimentos estruturais, mas também para logística das equipes e da operação e manutenção da empresa. Em posse de uma inteligência de riscos climáticos adequada, a alocação de equipes se torna mais eficiente, o que permite uma resposta mais rápida a períodos de contingência e consequentemente uma melhora nos indicadores de duração e frequência das interrupções de energia.

A Climatempo possui um ecossistema de dados e tecnologias para quantificação de riscos climáticos, que ao correlacionar com as falhas da rede, temos um produto muito eficiente nas mãos para verificar a sensibilidade da rede frente a tais riscos mapeados. Podem ser feitos estudos de caracterização climática, mapeamento de riscos ao negócio, avaliação das projeções futuras, entre outros estudos totalmente personalizados de acordo com as operações da empresa, para conhecer esta ferramenta.

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