'Eu mesmo peguei enxada e comecei a cavar', diz sobrinho de vítima de deslizamento no RJ
Paulo reclamou da demora da chegada de equipes de socorro; tia dele foi atingida por um deslizamento no Morro da Pedreira devido às chuvas
O sobrinho de uma das vítimas do forte temporal que atingiu o Rio de Janeiro reclamou da demora da chegada de equipes de socorro e disse que ele mesmo pegou uma enxada e começou a cavar para tentar encontrar a tia, que foi soterrada em um deslizamento.
Paulo Leonardo, sobrinho de Therezinha do Carmo Cassimiro, de 55 anos, uma das vítimas do forte temporal que atingiu o Rio de Janeiro, reclamou da demora da chegada de equipes de socorro e disse que ele mesmo pegou uma enxada e começou a cavar para tentar encontrar a tia.
"Eu cheguei, meu pai falou que tinha caído a barreira, aí quando fomos verificar a casa da minha tia não estava mais lá. Tinha muita lama... Eu, meu genro, com meios próprios, pegamos enxada e começamos a cavar. Aí, um vizinho disse que ouviu um grito bem sucinto, de madrugada. Fomos até o local, de madrugada e achamos o corpo só de manhã", disse em entrevista à GloboNews.
"A sensação que dá é que fazem isso de propósito, se todo ano acontece a mesma coisa, por que não fazem nada? Se for pobre e preto, dane-se? O Estado só serve para cobrar imposto", questionou ainda Paulo.
Therezinha morava no Morro da Pedreira, na Zona Norte do Rio de Janeiro. O local teve um deslizamento na noite de sábado, 13.
Segundo Edneide Cassimiro, filha da vítima, não foi possível salvar a mãe por causa da quantidade de horas que ela ficou soterrada. "Das 22h até 8h da manhã que ela ficou lá. A sensação é de impunidade. Eu perdi minha mãe, outras pessoas perderam entes queridos, algumas perderam móveis, e é isso", relatou.
Segundo os bombeiros, as equipes atenderam a mais de 200 ocorrências no estado em decorrência das chuvas. Nesta segunda-feira, 15, as buscas por desaparecidos continuam.
Chuvas no Rio de Janeiro
Ao menos 11 pessoas morreram depois do forte temporal que atingiu o estado e a cidade do Rio de Janeiro na madrugada de domingo, 14. As mortes foram provocadas por afogamento, descarga elétrica e soterramento em diferentes partes do estado, principalmente na Baixada Fluminense e na Zona Norte da capital, conforme o Corpo de Bombeiros.
De acordo com autoridades, há ainda dois desaparecidos. Em Belford Roxo, o veículo em que uma mulher estava foi arrastado para dentro do Rio Botas, na altura do bairro Andrade Araújo. O marido, que também estava no carro, conseguiu escapar. A mulher ainda não foi encontrada.
Além disso, vias importantes, como a Avenida Brasil, foram alagadas e o Hospital Ronaldo Gazolla, em Niterói, passou a madrugada sem energia elétrica. A situação foi normalizada no final da manhã de domingo.
O prefeito Eduardo Paes (PSD) pediu que as pessoas evitem percorrer vias alagadas. Em postagem realizada no X, antigo Twitter, a prefeitura informou que foi atingido recorde histórico de chuvas em uma hora: 120,2 mm.
De acordo com comunicado, o município entrou no estágio 4, em uma escala de 5, devido à alta quantidade de água acumulada nas vias. "Não se desloque pela cidade e fique em local seguro", diz o texto emitido pela prefeitura, segundo o qual a principal região afetada pelo temporal foi a Zona Norte.
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