Figurinhas e memes ‘fofos’ de macacos escondem exploração e violência contra animais, segundo relatório
De acordo com ONGs, o que parece algo inocente mascara, na verdade, casos de maus-tratos
Vemos constantemente, seja em uma conversa no Whatsapp ou circulando nas redes sociais, figurinhas ou memes de bebês macacos que exalam fofura. Nessas imagens, os animais estão sorrindo, agindo de forma engraçada e até parecem quase humanos. Porém, de acordo com entidades, essas atitudes mascaram casos de maus-tratos.
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Segundo a Coalizão de Crueldade Animal nas Redes Sociais (Social Media Animal Cruelty Coalition - SMACC, em inglês), o abuso de macacos como animais de estimação nas redes sociais é um dos problemas mais comuns e preocupantes enfrentados pela entidade.
Os animais, ainda bebês, são retirados de suas mães com apenas um dia de vida, enfrentam anos de privação materna e isolamento social, conforme aponta o relatório, divulgado em setembro de 2023, A crueldade que você não vê: o sofrimento dos macacos de estimação para conteúdo de mídia social, feito pela entidade.
“Esses macacos são feitos para se apresentar para as câmeras na esperança de popularidade viral e ganho financeiro. [...] Grande parte deste conteúdo retrata macacos com roupas ou se alimentando de mamadeiras, mas, como descobrimos, as perspectivas dessa exploração aparentemente inócua degenerar em formas mais flagrantes e extremas de crueldade são altas”, afirma a entidade no relatório.
Foram analisados mais de 1,2 mil links entre setembro de 2021 e março de 2023, onde os bichos eram mostrados como animais de estimação. Os conteúdos somavam mais de 12 bilhões de visualizações. A partir deste número, foram registrados mais de 2,8 incidentes de crueldade, variando de crueldade sutil e possivelmente não intencional à crueldade deliberada e óbvia.
Os resultados são chocantes. Há registros de ódio aos macacos (89 casos), animal drogado (58 casos), abuso sexual (53 casos), causar ou prolongar a morte (31 casos), desmembramento (7 casos). Porém, os mais comuns, segundo o relatório, são tortura psicológica, tortura física e entretenimento. Cerca de 60% de todos os abusos constituem algum tipo de abuso físico aos primatas.
A entidade ressalta que esse tipo de crime prejudica profundamente o animal, além de causar danos em populações inteiras da espécie, reduzindo os seus números.
“Especialistas concordam que manter primatas como animais de estimação é inerentemente cruel e resulta em uma multidão de problemas que comprometem severamente seu bem-estar. Sua popularidade nas mídias sociais tem consequências devastadoras tanto para animais individuais quanto para populações selvagens”, defende o relatório.