Formigas do Período Cretáceo já tinham comunicação sofisticada e complexa, diz pesquisa
Método utilizado para descoberta abre caminhos para estudar comunicação em outras espécies
Uma pesquisa publicada na revista científica Science Advances apontou que formigas que habitavam o planeta há 100 milhões de anos, no Período Cretáceo, assim como seus descendentes atuais, já tinham formas complexas de agir e se comunicar.
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A descoberta foi viabilizada por uma nova técnica que permite identificar estruturas microscópicas de comunicação nesses insetos. Extintos, muitas vezes eles são encontrados em estruturas preservadas de âmbar, um tipo de resina amarela e fossilizada.
A partir de análise, cientistas descobriram que formigas, da extinta espécie Gerontoformica gracilis, possuíam sensilas antenais bem parecidas às das formigas atuais, ou seja, órgãos sensoriais próximos dos das formigas de hoje. Para além de uma estrutura similar, o fato de todas serem fossilizadas perto uma da outra também sugeria comportamento social.
A comunidade científica já acreditava que a espécie se comunicava de forma semelhante, mas apenas confirmou com este estudo. A comprovação, por muito tempo, foi algo inviável, pois as tradicionais técnicas de imagem não permitem capturar microestruturas por causa da dispersão da luz sobre o âmbar.
"Tradicionalmente, a evolução inicial da socialidade em formigas tem sido discutida principalmente com base em fósseis em 'grupos' preservados. No entanto, esses registros não revelam diretamente se essas formigas estavam realmente se comunicando e interagindo entre si como membros de uma colônia", explicou Ryo Taniguchi ao g1, ele faz PhD na Universidade de Hokkaido, no Japão, e é autor da pesquisa.
"Neste estudo, descobrimos e analisamos as ferramentas microscópicas de comunicação das primeiras formigas pela primeira vez, usando um método recém-desenvolvido, e revelamos características comuns com as formigas modernas. Conseguimos fornecer evidências robustas para o comportamento social das formigas extintas, que antes eram apenas imaginadas", complementou.
A técnica desenvolvida é uma microscopia inovadora chamada de confocal a laser rotativa (CLSM, em inglês). O método se baseia em cortar as antenas e cabeças das formigas extintas, polir o âmbar até aproximadamente 100 μm [micrômetro] de espessura e rotacionar os espécimes para registrar as imagens.
“Este estudo revela que microsensores que sustentam a comunicação em insetos sociais, como as formigas, estão fossilizados e podem ser utilizados em pesquisas. E o método desenvolvido nessa pesquisa abrirá novos caminhos para abordarmos temas evolutivos complexos e fascinantes, como a socialidade, com base no registro fóssil direto”.