'Geleira do Juízo Final' está mais exposta ao derretimento do que cientistas previram, diz estudo
Nova pesquisa revelou que água quente está passando por baixo da 'Thwaites', a maior geleira do mundo
A ‘Thwaites’, a maior geleira do mundo, pode estar correndo perigo. É o que aponta uma nova pesquisa feita por glaciologistas da Universidade da Califórnia em Irvine, Universidade de Waterloo e do Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa. De acordo com o estudo, o glaciar está muito mais exposto à ação da água quente do oceano do que se acreditava.
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A pesquisa foi publicada na segunda-feira, 20, na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences. Segundo o cientista Eric Rignot, da Universidade da Califórnia em Irvine e do Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa, que liderou a equipe, os especialistas da área estão preocupados com a capacidade da água em penetrar o gelo.
Ela sobe e desce nas marés diárias e, à medida em que se movimenta, a água quente do mar avança no gelo até seis quilômetros, de acordo com dados de satélite. O que aumenta substancialmente a área onde a geleira já possui tendência a derreter.
E a preocupação é devido à capacidade da geleira de aumentar o nível global do mar caso derreta. Segundo os estudiosos, deve subir 60 centímetros, e por esse motivo, ela é apelidada de ‘Geleira do Juízo Final’. Apesar do tamanho, ela é bastante vulnerável e instável.
“É como se uma onda de choque descesse pela nossa espinha ver aquela água se movendo por quilômetros”, disse Eric em entrevista ao Washington Post.
O especialista afirma ainda que, com os resultados descritos no artigo, irá acelerar os modelos que os cientistas usam para prever os níveis futuros do mar. Atualmente, ela está presa no fundo do oceano por dois dorsais oceânicos, mas quando a maré a movimenta, a água passa por cima ou ao redor de uma delas.
A nova pesquisa "confirma que este processo de empurrar água para baixo da geleira está acontecendo, o que foi observado com algumas outras técnicas, mas nunca com esta resolução dinâmica”, disse Britney Schmidt, cientista da Universidade Cornell que estudou uma região submarina e sob o gelo igualmente profunda de 'Thwaites' por meio de um robô submersível, chamado “Icefin” .
Segundo o jornal, apesar do estudo levantar preocupações, não se sabe exatamente em quanto tempo o ‘Thwaites’ irá derreter. Mathieu Morlighem, especialista do Dartmouth College, afirmou ao jornal que o processo da penetração da água pode ser tanto rápido quanto devagar.