Greenwashing: entenda o que é e saiba como não ser enganado na hora das compras
Muitas marcas se dizem ‘ecofriendly’, mas não são; saiba como decifrar pelos rótulos
Cada vez mais as pessoas têm procurado consumir produtos e marcas que estejam, de alguma forma, em acordo com os seus valores. Por conta disso, tem aumentado a procura por mercadorias tidas como ecofriendly, zero carbono ou sustentáveis.
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No entanto, por mais que alguns produtos se intitulem ecológicos nos rótulos, é preciso ficar atento para não cair no greenwashing. Na literatura, o conceito surgiu em 1986, quando o ambientalista Jay Westervelt, ao se hospedar em grandes hotéis, reparou que muitos incentivavam o reuso de toalhas para ajudar o meio ambiente. Em contrapartida, os mesmo hotéis não tinham nenhuma ação prática para amenizar a crise climática. Ou seja, se tratava mais de uma estratégia para economizar dinheiro do que recursos naturais.
A expressão greenwashing nasce da junção de duas terminologias: green, no caso, a cor verde, em inglês, para simbolizar a ecologia, e whitewashing, que significa esconder falhas, enganar ou maquiar a verdade. No bom e popular português, podemos traduzir para ‘mentira verde’.
“Infelizmente essa é uma prática comum, visto que cada vez mais pessoas têm se interessado por empresas e produtos com essas características”, explica o professor Edson Grandisoli, embaixador e coordenador pedagógico do Movimento Circular, mestre em Ecologia e doutor em Educação e Sustentabilidade pela Universidade de São Paulo (USP), em exclusiva ao Terra.
Como saber se as informações no rótulo são verdadeiras?
Para não ser enganado na hora das compras, o especialista indica atenção. Por mais que um produto tenha selos e se diga ecológico, não necessariamente significa que seja. É importante reparar o quão transparente a marca é sobre seu processo produtivo e quantas explicações há no rótulo. Segundo ele, isso ajudará a fazer melhores escolhas.
“Procure por explicações específicas no rótulo. Há detalhes sobre por que o produto é sustentável? Como foi produzido? Quais seus componentes? Eles podem ser facilmente reaproveitados ou reciclados? As certificações [sérias] também ajudam nas escolhas. Certificações internacionalmente reconhecidas como a FSC, USDA Organic, IBD e as ISSO, com destaque, por exemplo, para as normas ISO 59000, com destaque para a ISO 59004, que fornecem um cenário amplo para adoção de práticas de economia circular nas empresas, ajudam a compreendermos melhor o nível de compromisso das empresas com a sustentabilidade. O foco exagerado em aspectos positivos, pode esconder aspectos negativos, o que também configura greenwashing”.
O professor Edson Grandisoli também chama atenção para produtos contraditórios. A exemplo dos que se consideram ecológicos, sustentáveis, mas possuem embalagem feita com base plástica.
“Essa contradição entre alegações de sustentabilidade e o uso de materiais como plástico nas embalagens é um sinal clássico de greenwashing. Ser biodegradável, feito de plástico reciclado, e o estímulo à reciclagem são clichês bastante comuns, pois, apesar de serem avanços, não deixam claros os impactos que esses materiais ainda causam aos ambientes”.
No Brasil, o Código de Defesa do Consumidor (CDC) prevê punição para propagandas enganosas ou abusivas. Apesar disso, muitas marcas se valem do título de ecofriendly, apresentando informações incompletas ou exageradas, não necessariamente inverdades, mas que, do mesmo jeito, levam o consumidor a crer que uma marca é ‘verde’ quando não é.
Aos interessados em se aprofundar no greenwashing e encontrar marcas genuinamente responsáveis, o especialista indica uma iniciativa focada nessa e outras questões que envolvem a crise climática. “[Para não cair no greenwashing] É importante conhecer empresas que estão verdadeiramente inovando. Aconselho visitar a plataforma do Movimento Circular [movimentocircular.io] para saber mais sobre como diferentes empresas já estão fazendo a diferença e sem greenwashing”.