'Há indicativos' de ações coordenadas em queimadas de SP, diz diretor de Meio Ambiente da PF
O delegado Humberto Freire diz que ação da PF pode ser justificada em áreas da União
O delegado Humberto Freire, da diretoria da Amazônia e Meio Ambiente (Damaz) da Polícia Federal, não descarta a hipótese de que ações coordenadas possam ter causado as queimadas no interior de São Paulo na última semana, que tiveram um resultado devastador, e provocaram uma série de problemas ambientais.
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A PF não tinha o costume de investigar incêndios florestais fora de áreas da União, mas a prática mudou com a nova gestão do diretor-geral, Andrei Rodrigues. Ele anunciou a instauração de 34 inquéritos para apurar as queimadas no Pantanal, Amazônia e interior de São Paulo e Goiás entre 2023 e 2024.
Humberto Freire foi escolhido por Andrei Rodrigues para a diretoria da Damaz. Em entrevista ao jornal O Globo, o diretor disse que a hipótese do fogo ter sido causado em ação coordenada se dá pela rapidez com que o incêndio se alastrou em diferentes pontos, de forma simultânea. Isso justificaria a entrada da PF no caso.
A fumaça provocada pelas queimadas afetou também o funcionamento de aeroportos, que são áreas da União, segundo ele explicou.
Ao O Globo, Humberto declarou que ainda é preciso determinar se a causa das queimadas foi por ação humana ou não, e caso positivo, se o crime foi doloso ou não. "Os dois vieses são puníveis pela legislação, mas mais que isso: a gente precisa saber se houve algum dolo específico e ação coordenada. A legislação, infelizmente, ainda trata o crime ambiental de forma muito branda. Não só no Brasil, mas no mundo. Então, procuramos sempre aprofundar com vistas a verificar se tem ação coordenada de grupos criminosos."
"Há indicativos de que algumas dessas ações podem, sim, ter sido coordenadas. Agora a investigação aprofundada é que vai realmente trazer o elemento de comprovação", completou. Para o diretor, os indícios existem e nenhuma hipótese está descartada. Ele salienta que um dos suspeitos presos disse ter relação com uma facção criminosa, e outro disse ter recebido dinheiro para atear fogo em uma das áreas.
Segundo Freire, ainda já existem investigações mais antigas em que a Polícia Federal busca medidas judiciais para ter operações contra ações coordenadas.