Incêndios florestais deixam dezenas de mortos no Chile; presidente decreta luto nacional
Autoridades já consideram esta a maior emergência natural desde o terremoto de 2010, que deixou 525 mortos e milhares de feridos
Mais de 60 pessoas já perderam a vida em decorrência dos incêndios florestais que devastaram a região turística de Valparaíso, na região central do Chile, desde sexta-feira, 2, na tragédia mais mortal que atingiu o Chile em uma década, segundo as autoridades.
O presidente do Chile, Gabriel Boric, anunciou que o número de mortos subiu para 64 na tarde deste domingo, 4, e decretou dois dias de luto nacional pela tragédia. "Eu sei que é um número provisório e que as mortes são maiores", lamentou. As autoridades já consideram esta a maior emergência natural desde o terremoto de 2010, que deixou 525 mortos e milhares de feridos no sul do país.
Em um discurso transmitido pela televisão nacional, Boric alertou que o número de mortos pode piorar, já que quatro grandes incêndios estão ocorrendo na região de Valparaíso, onde os bombeiros têm lutado para chegar aos bairros mais ameaçados.
O presidente chileno pediu aos chilenos que cooperassem com as equipes de resgate. "Se você for orientado a evacuar, não hesite em fazê-lo", disse ele. "Os incêndios estão avançando rapidamente e as condições climáticas dificultaram o controle. Há altas temperaturas, ventos fortes e baixa umidade."
A ministra do Interior, Carolina Tohá, disse no sábado que 92 incêndios florestais estavam queimando no centro e no sul do país, onde as temperaturas têm sido excepcionalmente altas nesta semana. Os incêndios mais mortais ocorreram na região de Valparaíso, onde as autoridades pediram a milhares de pessoas que evacuassem suas casas.
Enquanto isso, em áreas mais distantes dos incêndios, os moradores foram orientados a ficar em casa para que os carros de bombeiros, ambulâncias e outros veículos de emergência pudessem se deslocar pelas estradas com mais facilidade.
Três abrigos foram montados na região de Valparaíso, e 19 helicópteros e mais de 450 bombeiros foram levados para a área para combater as chamas, disse a ministra do Interior. Os incêndios queimam em montanhas de difícil acesso, como os bairros construídos precariamente na orla de Viña del Mar.
As autoridades informaram que houve falta de energia elétrica em decorrência do incêndio, e Tohá disse que, na região de Valparaíso, quatro hospitais e três casas de repouso para idosos tiveram que ser evacuados. O incêndio também destruiu dois terminais de ônibus, informou o ministro do Interior.
O padrão climático El Niño causou secas e temperaturas mais altas do que o normal no oeste da América do Sul este ano, aumentando o risco de incêndios florestais. Em janeiro, mais de 17.000 hectares de florestas foram destruídos na Colômbia por incêndios que se seguiram a várias semanas de clima seco.
* Com informações de Ansa, Estadão, AP, AFP e EFE