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Árvore mais antiga do País está em SP e é possível visitá-la

Conheça o Patriarca, um jequitibá-rosa de 42 metros de altura que é atração turística no interior paulista

26 out 2021 - 17h04
(atualizado às 17h37)
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O Patriarca, um jequitibá-rosa de mais de 600 anos, se destaca na paisagem do Parque Estadual do Vassununga, em Santa Rita do Passa Quatro, interior paulista
O Patriarca, um jequitibá-rosa de mais de 600 anos, se destaca na paisagem do Parque Estadual do Vassununga, em Santa Rita do Passa Quatro, interior paulista
Foto: TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO CONTEÚDO

O Parque Estadual Vassununga comemora nesta terça-feira (26) 51 anos de história e para celebrar está sendo reaberto depois de três anos fechado, inicialmente por uma invasão de javalis e depois por causa da pandemia de covid-19. E lá está um sobrevivente da natureza, o Patriarca, árvore anterior à chegada dos portugueses por aqui e considerada por estudiosos ligados à USP a mais antiga do Brasil.

"Só de eu falar dela eu me emociono. Tenho uma convivência de 27 anos com ela", conta Waldonésio Borges Nascimento, auxiliar de apoio à pesquisa científica no parque e uma espécie de faz-tudo por lá. "Quando cheguei aqui os pesquisadores falaram que essa árvore tinha 3 mil anos. Depois vieram outros pesquisadores, fizeram teste de carbono, e estimaram entre 600 e 900 anos. Para mim, ela tem 3.027 anos", diz.

Com 42 metros de altura e 4 metros de diâmetro (são necessárias 13 pessoas para "abraçar" a árvore), é o maior jequitibá-rosa de São Paulo, segundo a Fundação Florestal - é um pouco mais baixo que uma árvore da mesma espécie em Camacã, na Bahia. A mais alta conhecida é um angelim vermelho gigante da Amazônia, de 88 metros. Mas a principal diferença é que o Patriarca pode ser visitado em Santa Rita do Passa Quatro, a cerca de 245 km de São Paulo, em uma larga trilha (passa até carro) de cerca de mil metros. Ou seja, enquanto as grandes árvores da Amazônia ficam a 220 km de qualquer concentração humana, com acesso muito complicado, o Patriarca está quase na beira da Rodovia Anhanguera.

Outros jequitibás enormes se foram com o tempo. Dois famosos, em Campinas (o Seo Rosa) e em Carangola (MG), não aguentaram o peso do tempo em seus troncos. Mas o Patriarca está firme e forte e virou uma grande atração turística, até pelo cuidado com ele nos últimos anos e também porque, de tão grande, não existia equipamento décadas atrás para cortá-lo. Então ele foi deixado de lado e sobreviveu. "Antigamente as pessoas vinham e entravam com o carro aqui dentro, e faziam rituais religiosos por causa da 'energia' da árvore. Jogavam restos mortais em torno dela, acendiam velas", relata Waldonésio.

Com o tempo, o parque foi ficando cada vez mais organizado e além de trilhas e sinalizações de diversas árvores, é possível chegar bem perto da árvore. E só assim dá para sentir a "escala" em relação ao tamanho da árvore, o equivalente a um prédio de 14 andares. Em uma foto dela inteira, é preciso dar um grande zoom para reparar em uma pessoa perto do tronco.

"As pessoas se emocionam muito quando estão aqui. Inclusive turistas de fora, que chegam a chorar. Cada vez que eu venho aqui eu me surpreendo, mesmo vindo todo dia. Às vezes chego perto dela e rezo. Peço força, paciência e sabedoria", diz ele.

Para cuidar do Patriarca e evitar a lixiviação do solo, que levava embora a matéria orgânica, foi necessária uma quantidade enorme de terra nas raízes, que veio em dez caminhões. Agora, um outro problema está em um dos troncos no alto, que foi atingido por um raio. Waldonésio espera que cheguem recursos para tratar desse problema e não deixar que a situação se agrave. "O parque tem de 300 a 400 jequitibás de grande porte. Tem ainda um cerrado de 2 mil hectares e existem onças pardas, tamanduás-bandeira e lobo-guará, entre outros animais."

Nesse período que ficou fechado, Waldonésio ajudou a monitorar os javalis. Um drone com câmera térmica ajudava a rastrear os animais na mata e o funcionário posicionava armadilhas estrategicamente. Aos poucos foram retomando o controle da situação, até porque os javalis marcam os troncos das árvores para afiar os dentes e pisoteiam as nascentes, prejudicando o solo.

Ele também é brigadista no parque e ajuda a apagar focos de incêndio. Pouco tempo atrás salvou um início de queimada na região que ele chama de Pé de Gigante, evitando que o fogo se espalhasse por 2 mil hectares. "Foram três anos duros, sem visita, tentando lidar com os javalis. Mas agora estamos reabrindo", comemora, lembrando que alguns porcos selvagens ainda estão por lá, mas que não devem oferecer perigo para os visitantes. "Eles preferem ficar longe de onde tem movimento, assim como outros animais."

O Parque Estadual Vassununga vai funcionar em um primeiro momento com visitas monitoradas e agendadas. "Já estamos fazendo eventos na cidade e com uma expectativa muito grande", conclui Waldonésio. Ele espera que a fama do Patriarca ajude a mobilizar a preservação ambiental de outras árvores, especialmente o jequitibá, que está na lista de espécies vulneráveis.

Estadão
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